Jonas abriu lentamente os olhos e se não estivesse atado dezenas de vezes saltaria da cama ao ver Guilherme sentado à frente dele. Um gemido esforçado era o máximo que podia fazer ao ter a boca inchada e o nariz quebrado de modo que era preciso mais uma amarra ali, formando uma máscara. Guilherme não tinha certeza se o ato de não sentir pela dele era mau, mas também não se preocupou com isso.
— Oi, Jonas.
O garoto gemeu novamente.
— Bela máscara. — Guilherme brincou — Você parece um verdadeiro ninja, agora.
Jonas fez mais um barulho irritante.
— Olha, cala essa boca e me ouve, tá bem? — Guilherme apertou o botão correspondente no controle e a cama se moveu para deixar Jonas mais ereto — Eu não tô aqui pra matar você. Eu tô aqui pra te contar uma coisa.
Guilherme alongou os ombros e continuou:
— Essa habilidade bizarra que eu tenho, eu herdei de minha mãe. Só que até o momento em que se manifestou em mim eu não fazia ideia de que minha linhagem materna aprisionava um deus psicopata. A noite em que estávamos naquela festa foi a mesma noite em que minha mãe morreu. Kelly e eu conversávamos e Ítalo puxou uma briga por causa disso. Quando eu fiquei bravo e revidei o soco um raio saiu da minha mão. Ele matou Ítalo e sua irmã de uma vez só. Desde então não há um dia que eu não pense sobre isso. — Guilherme inspirou e concluiu — Foi um acidente.
Jonas Antunes tinha os olhos fixos nele. Guilherme não sabia o que ele estava pensando.
— Mas, se não acredita em mim — ele continuou — eu não tenho que provar nada a você mesmo. Só quero que entenda uma coisa: você não vai ameaçar a mim nem a ninguém da minha família. Você também não vai contar nada do que aconteceu entre nós e muito menos o que sabe sobre os deuses, porque no mesmo dia em que fizer isso a minha caçada pela sua vida e a vida das pessoas que ama vai começar. — Guilherme se levantou da cadeira e aproximou o rosto do dele — E a minha caçada vai ser bem mais curta que a sua.
Guilherme saiu do quarto e deixou o garoto sem fala sozinho. Jonas estava imóvel e não emitiu nenhum som.
Guilherme chegou na casa destruída pela batalha e Ester estava girando um vestido curto azul escuro com molduras interessantes da borda inferior. Ela sorriu sem graça quando o viu chegar. Ele se recostou na entrada destruída.
— Então — Guilherme perguntou —, aonde você vai?
Ester parou. Pôs a mão sobre a boca ao perceber algo.
— Guilherme — introduziu —, eu preciso confessar uma coisa... Umas coisas.
— Não se preocupe. — ele a interrompeu — Minha casa em São Paulo tem lugares de sobra e pra sua vida não ser um inferno você só precisa se dar bem com a Vana. É difícil, mas...
— É sério? — ela perguntou sorridente.
— Sim — ele afirmou —, é.
Ester correu, abraçou e beijou Guilherme. Não era bem esse o seu objetivo, mas aceitou, por enquanto.
— A gente só precisa de dinheiro, um carro, documentos... — ele disse com pessimismo.
— Bem, deve ter sido por isso que eu tinha que voltar. — a voz de Escobar falou na entrada da vila. Guilherme não acreditou por um segundo. Mas sim, era mesmo Escobar Borges! A barba volumosa de seu pai esquisito se ergueu num sorriso e Guilherme retribuiu o gesto.
— Tô indo fazer uma visita à família. — Escobar apontou contente para a caminhonete — Vamos nessa?
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Prisões de Guarani - versão gratuita
Fantasia🏆Terceiro lugar no concurso PAX 🏆Prêmio de melhor vilão (Deusa Jaci) A vida pouco comum de Maya Nindberg, herdeira de um verdadeiro império e com os sonhos na palma da mão, passa a ser ameaçada por forças super-humanas ao descobrir que sua falecid...