Eu não conseguia sentir culpa por trair Otávio. Mesmo olhando nos olhos dele, mesmo transado com ele, vivendo com ele, eu não sinto culpa.
Não me importo e faria outra vez, mas fico pensando em que tipo de ser humano eu sou pra não sentir nada.Um mês depois da festa, eu já tinha saído 3 vezes com o Maurício. Ele me deu um colar de joias escolhido por mim. E me disse "o seu próximo presente será nossa aliança de noivado"
Ele estava velho e por isso queria casar o mais rápido possível. Eu não pensei que seria tão fácil. Parece que ele não se importa em saber de onde eu vim, quais as minhas intenções. Ele não procurou saber nada disso e apenas um mês e meio depois de nos conhecermos, já está falando em casar.
Quando paro pra pensar eu percebo que ele está tão caduca, tão na cova, que deixou de se importar com o próprio património.
—Cice...- Otávio me tirou dos meus pensamentos.— Meu pai vai fazer um jantar em comemoração aos 70 anos da empresa e colocou seu nome na lista, então se eu fosse você, eu arrumava logo uma roupa.
—. quando?
— daqui 3 dias.
—então vai a merda! Tenho muito tempo ainda.
Fomos fazer arrumação no meu apartamento. Dias sem arrumar.
—Quando você vai morar sozinho?—perguntei enquanto pegava a vassoura.
—Você já recebeu toda a parte na empresa do meu tio nas costas. Eu não!- disse indignado.— sem contar o Maurício na sua vida.
—Eu já morava sozinha antes disso...—alfinetei.
—Clarice!— chamou minha atenção como se dissesse "chega!".
— só estava falando!
—Me chupa ao invés de abrir a boca pra encher o saco!
—Agora não! — sorri fraco.
Fizemos tudo que tínhamos pra fazer e nos deitamos pra ver filme.
—O velho quer me ver hoje.— comentei.— será que me pede em casamento?
—Se não for hoje, será na próxima saída, amor! Mas não vai demora muito!
—Eu fico um pouco nervosa com isso, sabe.— me sentei em seu colo, de frente para ele, com uma perna em cada lado.
—Com o que?— pôs a mão em meu rosto, em forma de conforto.
—Casar!
—É apenas um casamento!
— O problema nao é o casamento, mas sim o casamento com ele! Eu nem conheço ele.— meus olhos encheram de lágrimas.— eu não sei como vai ser ter que morar com ele, viver com ele. Eu sinto nojo de transar com ele! Imagina fazer isso sempre e tendo a obrigação! Mesmo que eu saiba que não é obrigação transar com ele, ele vai pensar isso e eu, por estar com ele pelo dinheiro, não vou poder negar suas vontades. Não vou correr risco de perder o que consegui.
—Eu to planejando uma coisa pra resolver essa parte, amor!— falou suave.
—Que coisa?— perguntei sem entender.
—Lá nós vamos conversar isso, mas até lá, é só um plano meu!
Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto ele acariciava meus cabelos, respirei fundo,e engoli as lágrimas que ainda nem tinham caído.
Eu precisava fazer isso! Aguentei tanto até aqui! Preciso ser forte!
Aguentei suas palavras nojentas, seus atos nojentos, aguentei o sexo nojento, o beijo nojento, e agora não posso jogar tudo isso fora!
—Se arruma, fica linda pra ele, maravilhosa!— encostou sua testa na minha.— Aguenta só mais uns meses e tudo isso acaba! Eu prometo a você!
____________________________________________Cap pequeno só pra não ficarem sem nesse domingo de Páscoa.
Não basta a parte do pai na empresa, nem a parte da Nicole que algum dia será do Otávio, ela quer mais!
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Tudo para Clarice
RandomApós ser deserdada, Clarice decide que é a hora de pedir ajuda a seu pai, preso pelo estupro que gerou a mesma. A menina sempre soube a verdade sobre seu nascimento, o que de alguma forma a tornou uma mulher fria. Para ela, toda a vida girava...