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Com apenas um mês de uma alimentação extremamente saudável e nutritiva, minha barriga tomou forma, agora parecia que eu tinha o tanto de tempo que realmente tinha. O bebê estava saudável, mas eu não. Mentalmente não.

Não estava gostando do que estava vendo no espelho. Meu corpo estava horrível. Estrias pela barriga, quadril, bunda.. Meu cabelo não parecia estar bonito como era, minhas unhas quebradiças. A gravidez está me deixando depressiva. Penso que se eu tivesse tirado isso a tempo, hoje não estaria insatisfeita com que vejo quando acordo. Tudo isso por um bebê que eu não quero! Ele vai para a adoção, essa decisão eu já tomei, mas ate lá, tudo que eu sou vai ser destruído. Um bebê é como um parasita que suga tudo do corpo de uma mulher.

Elias continua o mesmo, ainda sente o mesmo desejo, ainda me beija com paixão, ainda fazemos sexo como antes, quando eu não era uma aberração. Cada dia me trata com mais carinho e fala em casar.

Casamento... esse era o meu plano para viver feliz com Otávio, casar com Maurício para vivermos bem pelo resto da vida.

Elias mal me conhece e já fala em casar. Isso não seria de todo o mal para mim. Um homem bonito, rico, com uma empresa milionária nas costas. Casamento com Elias seria como um passaporte para uma vida perfeita! Não que toda a minha fortuna já não me desse uma vida de rainha, mas mais uma pra mim não seria ruim!

— Já arrumou tudo?— Sua voz me tirou dos pensamentos.

— Já... A gente só precisa levar tudo lá pra baixo agora.— respondi.

Foram necessários 4 funcionários pra nos ajudar a descer tudo que era meu para a recepção.

Depois de mais ou menos 20 minutos, tudo já estava dentro do carro. Haviam malas e sacolas até no banco de trás.

— Vai ter espaço pra tudo isso lá?— Sorri.

— Se não tiver nos arrumamos, mas acho que o espaço que preparei é suficiente.

Entrei no carro e partimos para sua casa.

— Ce não acha que é cedo demais? A gente se conhece a tão pouco tempo...— comentei.

— Eu acho que a conexão entre duas pessoas é algo que vai muito mais além do que o tempo.

A conexão que vem apenas dele.
Eu não consigo sentir o mesmo. Não consigo fazer ser recíproco de jeito nenhum. Parece que eu sempre vou estar presa a Otávio e nada nem ninguém vai me fazer esquecer ele.
E o pior de tudo é que não consigo ao menos sentir pena do Elias ser tão apaixonado. Eu vejo isso como um problema dele que ele escolheu se meter. Sei o quanto isso é ruim, mas não consigo fazer nada.

— Tudo bem então...— O respondi com um falso sorriso.

Ao chegarmos, primeiro ele quis que eu conhecesse a casa. Preferiu pegar as minhas coisas depois.

Por fora a casa era perfeita, era uma casa digna do meu estilo de vida. Digna de Clarice Kovalenko.
Design moderno, grande, bonita, extremamente charmosa.

Entramos e ela era ainda mais linda por dentro. Parecia que eu estava no futuro de tão moderna que era a casa e a mobília.

— Eu contrato diaristas pra limpar tudo, mas pensei que seria melhor contratar uma governanta sabe, pra você não ficar sozinha e ter alguém fixo pra ver todos os dias e chamar quando precisar.

— Não, Elias, não precisa!— Tentei ser educada.

— Tarde demais! A Maya chega daqui a dois dias. Era a governanta da casa dos meus pais então confio muito nela.

— Porque "era"?

— Uns problemas, mas nada que tenha sido culpa dela.

Subimos para o segundo andar e ele quis me mostrar um quarto ainda vazio.

— Esse quarto pode ser o quarto do bebê se decidir ficar com ele.— tentou ser calmo e descontraído.

— Você está me induzindo a não o colocar pra adoção!— Ri descontraída.

— Eu só ofereci a opção!— Sorriu e me puxou pra fora do quarto.

Me mostrou os quartos necessários, como os de hóspedes e o da futura governanta, e depois o que seria o nosso.

— A casa tem muitos outros quartos vazios mas esses você explora depois.— Disse enquanto abria a porta.— Esse é o nosso.

Era grande e bem arrumado. Cama enorme e aparentemente confortável. Era trabalhado nos tons de branco e cinza, era possível ver por todos os cantos.

— Vem ver o closet!

Tinha quase o tamanho do próprio quarto, metade da metade dele era mais do que suficiente.

— Essa parte vazia é a sua..

— Metade dessa parte já seria suficiente!— Falei.— Onde pôs as roupa que ocupavam essas prateleiras?

— Digamos que nem eu consegui ocupar tudo isso...— Riu enquanto coçava a cabeça.

— Você vai ver que eu vou encher tudo isso e ainda vou roubar mais da sua parte. Aí você vai ver onde se meteu querendo relacionamento com uma gastadora.— Rimos juntos.

— Vou pegar suas coisas, fica aí!

— Não, eu vou também!

— Com essa barriga? Esses pés doendo? Não querida!

De fato, meus pés estavam me matando e minha coluna ajudando no abate.

— Eu só vou deixar porque minha coluna e meus pés me deram um combo perfeito de dor!

Ele desceu e eu me deitei na cama. Realmente era muito confortável.

Devagar, o sono foi tomando conta e Elias passando pra lá e pra cá já não me despertava mais.
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Demorei? Demorei! Mas voltei. Fé

Estrelinha e comenta em

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