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—Não foi dessa vez!— falei logo após por o primeiro pé dentro de casa.

—Que cara é essa Clarice?— Otávio perguntou logo ao me ver.

—Hoje foi o pior dia da minha vida!— deixei as lágrimas caírem.

Eu precisava aguentar! Precisava! Na próxima vez que me encontrasse com ele, diria que só faria sexo outra vez quando estivéssemos casados.

—O que ele fez, Cice?— Otávio começou a ficar nervoso.

—Ele me deixou roxa!— gritei.

—Como assim? Ele bateu em você?— procurou em meu corpo as marcas.

—Ele foi extremamente agressivo na cama, hoje!— Respondi.— Ele perguntou se eu gostava de alguns tapas e como percebi que ele gostava, disse que sim. E agora eu To com o corpo marcado. Até soco eu levei!

—Esquece isso! Esquece isso!!— me envolveu em um abraço forte.— Cice, podemos achar outro. Um que seja mais gentil.

—Cheguei até aqui e estou quase lá!—engoli o choro.

Já levei as porradas! Não adianta acabar tudo agora que já estou mais perto do que nunca do meu objetivo.

Otávio tirou minha roupa com carinho para tomar banho.
Eu podia ver sua expressão enfurecida ao ver as marcas roxas em minha bunda, costas, braços.

Entrei na banheira e relaxei todo o meu corpo ao encostar na água morna.

Otávio massageou cada um dos meus pés. Ele era muito bom nisso. Demorou bastante em cada um, do jeito que eu gostava.

—fica de costas pra mim.— disse suavemente ao terminar em meus pés.

Ele apenas fez um carinho, já que não podia apertar na massagem por estar totalmente dolorido.

Depois passou a buxa de forma suave por todo meu corpo até que eu estivesse limpa.

Depois de me secar e por uma roupa, me deitei devagar.

—Cice... Se der um filho a ele, não tem como não conseguir o que queremos!—Otávio soltou.

Ele só podia estar drogado! Como ele me vem com essa de engravidar daquele nojento?

—Tá louco?— perguntei extremamente revoltada.— Se não quero filho seu, imagina se vou querer de um velho que sinto nojo até de olhar!

—Primeiro, eu disse "dar um filho pra ele", não disse de quem era o filho, que no caso seria meu, mas já que se nega a ter filho dos dois, fica nessa vida de apenas esperar por um milagre de casamento.

—Eu não preciso disso, já estou quase conseguindo!

—Quase não é lá! Lembre-se disso!

De fato, seria muito mais fácil casar com ele e conseguir todo o dinheiro porque se tivéssemos um filho, ele seria o herdeiro direto do velho, logo, eu seria a dona do dinheiro todo.

Não! Não posso nem pensar nisso! Não vou ter um filho de ninguém!

Senti o calor do corpo de Otávio envolvendo meu corpo e relaxei até dormir.

No dia seguinte, me lembrei de um pequeno detalhe:

Meu pai!

Me importo com ele tendo sido um idiota? Não, mas gostei da nossa última conversa, então decidi que iria lá outra vez.

Sentada na mesma mesa de antes, vi um Christian furioso vindo em minha direção.

—Você me enganou! Levou tudo que eu tinha! Eu confiei em você!— falou logo que chegou, sem ao menos se sentar.

—Eu estava muito ocupada com a minha vida, mas o tempo todo pensava em vir outra vez te ver, pai!

—Me fala porque Alina deserdou você!— exigiu.- e me fale a verdade! Se é que ela deserdou mesmo.

Estava decidido a conhecer o motivo que eu dei para tal atitude.

Respirei fundo e decidi contar a verdade.

—Sim, ela deserdou!— comecei.— e fez isso porque eu falava de você.

—Não foi só por isso! Eu tenho certeza.

- Eu falava coisas como "você merecia um homem como meu pai" ou " Me sentiria muito melhor estando com meu pai do que com você", e eu disse também que ela não era digna de continuar viva depois de se apaixonar pelo próprio estuprador. E ai o Marcos envenenou mais um pouco e puf, deserdada!— falei com tranquilidade.

— porque você fez isso com ela?— perguntou em baixíssimo tom com as lágrimas escorrendo.—Ela sempre amou tanto você! Seria capaz de morrer só para que você pudesse dar mais um suspiro! Ela aguentou uma gravidez indesejada, os traumas de um estupro. Aguentou saber que estava grávida de um monstro pra hoje você estar aqui!

Sim, eu sei de tudo isso, mas mesmo a amando, essas coisas não me afetam, é passado.

—Você não é nada do que eu achei que você fosse! Se tornou digna de vergonha!

—Você está preso! E por qual motivo?— o perguntei retoricamente de forma indignada.— É mais digno de vergonha do que eu!

Me levantei e saí rápido de la. Estava decidida a não voltar mais por um bom tempo.
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Digo é nada dessa daí

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