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Almoçamos e andamos por partes desconhecidas para mim na cidade. Não eram lugares perigosos.

—Aqui é o Lucius Bar. Isso é que é lugar pra beber, mas não vamos porque você está grávida.—Sorriu e me puxou para que continuássemos andando.

—Eu talvez esteja grávida, Elias.—O corrigi.

—Tá bom, senhorita. "Talvez"!

—Obrigada.

—Porque não fez um teste? Assim poderia saber.

—Eu até comprei ontem, mas ainda não tive coragem. Eu não quero um filho.

—Problema com o pai do bebê? Desculpa a pergunta.

—Também. Ele já tem um filho pra nascer com uma outra mulher...

—Então você foi amante?

—Ela é quem foi a amante, mas ela descobriu a gravidez primeiro, então é com ela que ele está.

—Ele largou você?—Tentou ser suave.

—Eu larguei ele. Ou pensa que eu suportaria ficar com um homem que me traiu e engravidou a amante?

—Justo.

—Eu estou falando coisa demais da minha vida. Fala um pouco da sua.

—Bom, tenho 27 anos, nasci e morei até os 25 nos Estados Unidos, meus pais foram assassinados pela polícia quando viram meu pai com um guarda chuva na mão e "confundiram" com uma pistola, atiraram nos dois. Eu fui adotado por uma boa família, já que a minha não quis a responsabilidade. Herdei o dinheiro e os bens da família por ser o único filho, e depois da morte deles, há dois anos, eu comando a sede da empresa deles aqui.—Falou com normalidade.

—Wow! Eu não suportaria!—A bebida ainda estava fazendo efeito, o que não permitiu que eu pensasse numa resposta mais sentimental.

—Agora me conta sobre os podres da sua família.

—Vamos começar falando que eu fui fruto de um estupro.

—Então os boatos são reais...

—É, são!

—Vai, fala mais.

—O pai do meu talvez bebê é meu primo.

—Que? Meu Deus... ahm, desculpa, é que eu não sou acostumado com coisas assim.. Nossa, isso me deixou surpreso. Sua família não desaprova?

—Ninguém sabe. Apenas minha mãe, mas ela não pretende expor isso.

Eu me arrependeria profundamente por contar tanta coisa a ele.

—Nossa, estou confiando numa pessoa que acabei de conhecer.—Ri nervosa.

—Pode ficar tranquila. Eu não contaria a ninguém!

—Todo mundo fala isso, e todo mundo sempre conta a alguém.

—Eu não sou todo mundo..

—Que bom. Se não todos do planeta já saberiam.

—Você está pálida.

Nesse momento notei que meu estômago estava péssimo.

—Eu acho que vou vomitar!

Mal terminei de falar e tudo que bebi e comi durante o dia já estava na calçada de outro bar.

—Eu estou mole..

—Onde você está ficando?—Elias perguntou nervoso enquanto tentava me segurar.

—Hotel Mari Anthony...—Consegui dizer antes de apagar.

Acordei com Elias sentado em uma das poltronas.

—Santo Deus! Você está no meu quarto? Eu não conheço você!

—Da próxima vez deixo você na rua.—Me olhou sarcástico.

—Nos conhecemos hoje e você está no meu quarto!

—De nada por ter trazido você.

—Ahm... obrigada?

—Você fala como se não soubesse se deve agradecer.

—Obrigada!

—Melhor. Bem melhor.—Sorriu.

—Como deixaram você entrar aqui?

—Eu achei o cartão do quarto no seu bolso e como você estava desacordada não tinham outra opção. Eu tive que dar meus dados caso algo acontecesse.

—Não sabia que podia isso.

—Algum desconhecido já precisou levar você desmaiada de volta pro seu quarto?

—Não.

—Por isso então.

—Se você tiver feito alguma coisa comigo...

—Eu percebi no bar que você estava interessada. Porque eu faria algo com você dormindo se você me quer acordada?

Faz sentido.

—Cala a boca!—Fiquei sem graça.

—Eu menti em algum momento?

—Infelizmente não!—Respondi.

Ele apenas sorriu orgulhoso.

—O ego masculino é tão... tão merda...

—Eu vou pra minha casa!—Se levantou.—Faça o teste.

—Quando eu tiver coragem, eu juro que faço!

—Me dá seu número?—Pediu com o celular em mãos.

—xx xxxx-xxxx

—Mando mensagem quando chegar em casa.

—Por favor! Quero te ver de novo, certamente.—Sorri.

—Vamos nos ver de novo! Pode ter certeza.—Abriu a porta do quarto e saiu, mas não sem antes me lançar um sorriso safado.

Fiquei um tempo pensando nele. Era bonito, legal, me atraiu, foi gentil e é muito gostoso.

Infelizmente tenho a certeza de que nem ele fará Otávio sair da minha mente.

Larguei esses pensamentos e fui para o closet buscar alguma roupa pra vestir depois do banho.

Encarei a sacola jogada no canto da estante.
Senti todos aqueles sintomas outra vez.

—Agora não!—Falei a mim mesma.—Apenas quando estiver pronta!

Mas quando estarei pronta?
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