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Acordei na manhã seguinte com o barulho de Otávio arrumando suas coisas. Ele aparentava estar tão bravo que não se importou em fazer barulho.

—O que houve agora?—Perguntei me levantando e indo até ele.

—Aquela vagabunda deu um jeito de quase perder o meu filho só pra fazer eu voltar!—Respondeu quase que aos berros com sua voz grave.

—Que? Ela é doente?—Perguntei sem acreditar.

—Ela foi fazer um escândalo na casa da minha mãe pelo fato de eu estar aqui. Pequeno detalhe: minha mãe não sabia! E aí ela deu um soco na própria barriga!

Meus olhos se arregalaram.

—Como ela teve força pra conseguir fazer isso consigo?

—Não sei! Só sei que agora ela está internada e pra evitar mais merda eu estou voltando.—Se colocou de pé em minha frente.

O que eu menos queria era que ele fosse em bora. Ainda precisava dele aqui me confortando. Ainda mais agora com essa possível gravidez, mesmo que eu não tenha a intenção de contar, caso seja comprovado.

—Eu juro que volto em pouco tempo.—Disse envolvendo os braços pelo meu corpo.

—Isso se eu não voltar pra lá antes...—Retribuí o abraço.

Ele apenas respirou fundo e soltou lentamente.

—Vou levar você no aeroporto.

—Está muito frio hoje! Fique aqui dentro pelo resto do dia se for possível. Fui lá fora por alguns minutos e quase congelei.

Me soltou do abraço apertado e segurou meu rosto, me fazendo olhar no fundo de seus olhos.
Parecia pensativo.

Por uns instantes ficou apenas observando os fios do meu cabelo que estavam colados no meu rosto amassado.

—Se esse bebê morresse... você voltaria comigo?—Perguntou baixo, parecendo com medo da resposta.

—Depois de abrir mão de me casar por não haver mais sentido? Não.—Respondi sem ao menos pensar numa resposta mais leve.

—Então para você esse é o problema? O dinheiro de um velho como tantos outros que podemos encontrar de novo?

—Não podemos, porque não vamos ficar juntos de novo.—Retirei delicadamente suas mãos quentes do meu rosto.

—Pode me dar pelo menos um último beijo antes de eu ir?—Perguntou.

—Não estamos mais juntos, Otávio. Por favor, não piore as coisas.

Me virei, dando as costas para ele, mas fui puxada de volta.

Me tomou em um beijo rápido e quente. Mesmo tendo dito para que não piorasse as coisas , eu não conseguiria afastá-lo de mim.
Eu queria tanto quanto ele ou até mais!

Demorou para que isso acontecesse, já que nossa vida íntima era regada de sexo.

Em poucos minutos já estávamos na cama, nos amando como era para ter acontecido logo assim que ele chegou.

Sua mão passando pelo meu corpo, seus beijos no meu pescoço, sua mão apertando meu seio, não me permitiam pensar em outra coisa a não ser perdoa-lo e voltar a ter todo esse amor apenas para mim.

Matamos a saudade de pouco tempo. Senti falta desse Otávio, e como senti!

Terminamos aos beijos e carícias.

—Cice, não deixa tudo acabar assim. Eu preciso de você!—Falou baixo acariciando minha cabeça deitada em seu peito.

—Eu não consigo lidar com tudo isso. Pense pelo meu lado também! Se soubesse que estou grávida de um amante, o que faria no meu lugar?—Me sentei e olhei para ele.

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