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Acordei com o celular tocando. Era minha mãe.

fala...

seu irmão está muito doente. Teve uma crise pulmonar e está internado. Esta todo entubado! Preciso de você aqui, minha filha...ouvi Alina aos prantos.

tudo bem. Me manda o endereço por mensagem.pedi ainda meio zonza.

vem rápido!Disse e desligou.

Ele costumava ter essas crises pulmonares quando era menor, mas a muito tempo não tinha uma.
Eu estava tranquila, porque isso era bastante comum na vida dele e na nossa.
Minha mãe sempre chorava quando ele tinha que ir pro hospital, então isso era mais do que comum pra mim.

Eu era a única que sempre ficava tranquila, até porque, eu entendia que ele sairia vivo de uma simples crise pulmonar.

Percebi que Otávio não estava na cama comigo. O procurei pelo apartamento e não o achei.
Deve ter ido para casa, até porque já são 12 horas.

Tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma camiseta slim e um salto médio.
Peguei a bolsa, e sem nem tomar café, fui para o hospital que minha mãe havia dito, e que por sinal, era o mesmo que ele sempre ia quando ficava assim.

No caminho eu só pensava no bendito casamento. Teria que escolher o vestido hoje! E eu ainda nem tinha avisado a minha família sobre isso. Como eles vão ficar, sabendo que vou me casar com um homem que eles nem conhecem e que nunca ouviram falar? Eu não me importava muito, mas algo me dizia que a minha mãe seria a primeira se revoltar profundamente.

Uma ótima ideia seria não contar nada a ninguém, já que pelo que Otávio me disse, isso não duraria muito. Mas com isso, tudo seria pior, porque Maurício é muito importante, então claramente esses empresários vão ficar sabendo e logo minha mãe também saberá.

Esta tudo tão confuso! Me meti na melhor coisa da minha vida, mas ao mesmo tempo, a pior!

Mas para quem disse tantas coisas horrendas para a própria mãe, não contar sobre um simples casamento não é nada!

Demorou uns 20 minutos até chegar no hospital. Me identifiquei e logo Alina apareceu para me dar permissão de entrada.

Vi meu irmão em um estado pior do que o que eu esperava. Nunca o tinha visto assim.

Mais tubos do que eu esperava, mais medicamentos na veia do que aqueles que eu estava acostumada a vê-lo tomando, ele não estava acordado. Provavelmente havia algum sedativo no soro dele.

—Ele esta sedado? — perguntei.

—Sim. Ele está sentindo muita dor no pulmão. Ainda não saíram o resultado dos exames para sabermos o que ele está tendo dessa vez.— Ali disse secando as lágrimas.

—Ele já passou coisa pior quando ainda era um bebê! Vai sair dessa como também saiu das outras.— falei o que achava que ela queria ouvir naquele momento.

—Quer ficar um tempo sozinha com ele?— me perguntou.

Eu nunca tive muito carinho com ele. Não sei porque me oferece isso. Mas respondi que sim, já que achei que seria feio para mim, que sou irmã, dizer "não".

Ela saiu com um pequeno sorriso.

—Esta pior do que eu pensei..— falei baixo para mim mesma.

Cheguei perto dele e passei a mão pelos seus cabelos escuros que se não fosse pela Alina, estariam sempre bagunçados.

Eu não conseguia sentir por ele aquele amor de irmão. Era mais como se ele fosse uma criança qualquer que morou comigo.

Nunca o peguei no colo. Nunca pus para dormir. E não sentia falta ou remorso algum.

Vendo ele naquele estado, era só eu apertar um de seus tubos, evitando que o ar chegasse até seus pulmões, que seria o fim para ele, mas o começo para mim.
Quem diria que fui eu? Tudo estaria no lugar. Não havia câmera nenhuma naquele quarto para registrar o momento de sua morte.

Passei minhas mãos pelo tubo e segui até a máquina que fornecia o ar.

Se eu apenas apertar o tubo, eles não saberiam a causa da morte, então fariam a autópsia. Na autópsia iria constrar que ele morreu por falta de oxigênio, e como os equipamentos estariam funcionando perfeitamente, eu seria suspeita de ter feito algo, por ser a única presente no local.

—Merda!— disse irritada. Mas feliz por ter pensado mais a frente.

Não havia como desprender o tubo direto da máquina. Estava bem preso. Se não estivesse, poderia ser constatado como erro médico ou no equipamento.

—Hoje é seu dia de sorte! Mas você vai morrer!—praguejei e saí rápido do quarto.
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O menino corre um risco seríssimo perto dessa mulher!

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