Uma semana se passou desde que Elias e eu saímos. Ele tem vindo todos os dias me ver e ficar comigo, e logo logo ele estará chegando para ficar comigo hoje.
Me levantei às 9h e fui para o banheiro fazer minhas higienes. Em frente ao espelho, com aquela cara amassada, soltei um suspiro e apoiei as mãos na pia enquanto olhava para mim mesma.
Prendi os cabelos em um coque e peguei a escova de dentes.Eu olhei para o meu corpo e já era inegável. Eu engordei, minha barriga está estufada, e todos os outros sintomas que deixam claro que estou grávida.
Meus olhos encheram d'água. Finalmente a ficha havia caído, eu estou grávida! Não olhar os testes não fez com que eu não estivesse com um feto dentro de mim.
Neguei o serviço de quarto por toda a semana, então os testes ainda estão lá.
Virei toda a lixeira no chão enquanto tentava parar de chorar. Achei os três testes e vendo eles, eu confirmei a certeza que acabei de aceitar. Eu realmente estou grávida! +3 semanas nos três testes.
Fechei os olhos e continuei deixando as lágrimas caírem. Limpei devagar e pensativa o lixo do chão.
Ao terminar, lavei minhas mãos olhando para o meu rosto coberto por lágrimas que não paravam de cair.
Eu não consigo pensar no que eu vou fazer. Definitivamente Otávio não pode saber nunca!
Meu coração começou a bater mais rápido e um desespero tomou conta do meu corpo.
Logo lembrei dos remédios.— Comprei com uma única finalidade, então preciso usá-los para tal!
Corri para o closet e comecei a procurar. Rodaram por lá durante algum tempo e agora não sei onde está.
Eu estava desesperada tirando todas as roupas de cima das prateleiras a fim de encontrar os benditos remédios.
Depois de minutos ainda procurando, desisti e pensei em sair para comprar outros.
Ouvi baterem na porta. Sequei o rosto, respirei fundo e fui atender. Era Elias.
— O que aconteceu?— perguntou ao olhar minha cara inchada.
— Olhei os testes..— falei tentando segurar o choro que já estava querendo voltar.
Elias me prendeu num abraço forte.
— Preciso ir na farmácia. Eu perdi os remédios.— falei sem conseguir continuar segurando as lágrimas.
— Pensa melhor, Cice. Dependendo do tempo de gravidez, um aborto por medicamentos pode colocar a sua vida em risco.
— Eu não quero saber! Não posso ter esse bebê! Algum dia vou ter que voltar para casa. Como vou voltar e aparecer com um filho do meu primo?— dizia palavras quase inaudíveis.
— Se acalma! Vamos primeiro fazer um exame pra descobrir de quantas semanas você está. Pode ser? E depois resolvemos o resto.— segurou meu rosto e acariciou com os dedões.
Concordei com a cabeça.
— Se arruma e vamos numa clínica.— deu um beijo na minha testa.
Às vezes eu me espantava com a capacidade que Elias tinha de me convencer a fazer algo em poucas palavras.
Pus uma roupa bem quente e partimos rumo à clínica mais próxima que meu seguro cobria.
•••
— Prontinho.— a enfermeira disse ao retirar a agulha do meu braço.— Daqui uma hora vai poder pegar o resultado.
— Eu optei pelo expresso, deveria sair mais rápido.
— Cice, o tempo normal é 3 dias.— Elias comentou.
Revirei os olhos e me levantei da cadeira.
— Quer fazer o que na uma hora restante?
— Quero pensar logo no que eu vou fazer..— apoie a cabeça nas mãos.
— Caramba! Já disse, vamos pensar nisso depois do resultado.
— Eu não consigo! Meu Deus, se coloca no meu lugar! Eu to grávida do meu primo. Como você quer que eu relaxe e pense depois? É um bebê dentro de mim!
Do lado de fora da clínica, andei até uma cafeteria e comprei um café gelado. Elias, logicamente, não desgrudou de mim.
— Me disse que amava donnuts, não é?— puxou assunto.
— Sim, eu amo.
— Quer pedir uma caixa hoje à noite?
— Eu não acredito que esta tentando "fazer as pazes" com isso?— sorri.
— Me diga se funcionou.
— Talvez!— disse ainda sorrindo.
Bebemos nossos cafés e ficamos conversando sentados numa das mesinhas da calçada.
— Eu nem sei como falar pra minha família.. Minha mãe não vai saber esconder do meu tio e ele vai ficar louco. Logo Otávio vai saber e pronto, minha vida vai ser um inferno!
— Você não vai abortar?— Me perguntou confuso.
— Eu to pensando na hipótese de não poder abortar... E na verdade esse é o meu maior medo.
— Tudo vai acontecer como tiver que acontecer...
— Ou... como eu quiser que aconteça... não é?
— Na verdade... Não!
— É, por isso estamos agora esperando um exame mostrar se eu posso abortar ou não.
— O exame é pra saber de quanto tempo você tá, não se você ainda pode abortar..— Falou rindo.
— Eu pareço tão horrível!— Ri com ele.
— Você não é horrível por decidir o que fica no SEU corpo e o que sai do SEU corpo.
— E se eu não quiser interromper uma gravidez de sete meses por não querer um hospedeiro em mim?— perguntei de forma irônica.
— Nesse caso você vai ser horrível sim...— me arrancou uma risada.
Ficamos mais alguns minutos conversando e deixando o tempo que ainda restava passar.
Eu falo sobre aborto, mas dentro de mim eu não sei se conseguiria. Na hora de fazer o que tem que fazer, não sei se teria coragem de colocar a minha vida em risco. Eu tenho muita coisa pra viver, pra conquistar, pra gastar... Sou nova e não posso correr risco de morrer por causa de um filho. O problema é que além de eu não querer estragar a minha vida com uma criança, não posso criar um filho do Otávio.
É tudo muito difícil.
Penso que me relacionar com Otávio foi o pior erro da minha vida, mas também penso em todos os momentos maravilhosos que ele me proporcionou e sei que só ele seria capaz de me fazer tão feliz quanto fez, mas agora estou aqui, grávida dele, não podendo voltar pra casa, antes por ele estar com outra e com um filho e agora porque eu estou grávida dele. Sem contar que tudo isso só está acontecendo porque ele me traiu... É olhando pra esses últimos acontecimentos que penso que ele foi o erro mais grave que cometi.
— Clarice?— Elias me acordou dos meus pensamentos.— já está na hora. Vamos?
______________________________________Depois de fazer a merda q ela decide que esse foi o pior erro
Deixem estrelinha pra ajudar a história e comentem 💙💙💙💙💙
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Tudo para Clarice
RandomApós ser deserdada, Clarice decide que é a hora de pedir ajuda a seu pai, preso pelo estupro que gerou a mesma. A menina sempre soube a verdade sobre seu nascimento, o que de alguma forma a tornou uma mulher fria. Para ela, toda a vida girava...