Alguns dias depois, eu e Elias estávamos guardando as novas roupas do bebê nas gavetas e cabides.
Foi difícil escolher quais roupas seriam pra ficar em casa, porque todas eram lindas, então decidimos guardar nas gavetas e armário as roupas menores, já que ele usaria de acordo com o seu tamanho.Esse garoto custou muito caro pros meus cartões! Em menos de uma semana montamos o quarto dele. Nunca gastei tanto em tão pouco tempo.
Maya estava fora, comprando as coisas menores. Ela era mãe e trabalhava cuidando de criança, sabia do que bebês precisavam. Eu nunca imaginaria que um bebê fosse precisar de um cortador de unha só pra ele. Maya ainda me disse que isso era o básico, mas eu não sabia, então pedi a ela que se encarregasse de ver todas essas coisinhas.
O estoque de fraldas já estava pronto. Metade do closet era só fraldas de vários tamanhos. Eu acho que essa criança vai ter fralda até os seis meses.
Eu chutaria um ano, mas Maya falou que eu não faço ideia de quantas fraldas um bebê usa.As vezes eu parava pra pensar em como eu me sinto em relação a esse bebê. Não consigo amar, ter carinho ou qualquer coisa boa que deveria existir dentro de mim.
A única coisa que faz eu querer ele é saber que o pai dele é o Otávio. Eu só quero ter ele porque é fruto do amor que existe entre eu e o pai dele. Não é por ele, e sim por Otávio.— Eu quero uma babá... não sei se vou saber ou até mesmo conseguir cuidar dele.— Falei para Elias.
Elias olhou para mim com olhar de compreensão e tristeza ao mesmo tempo e balançou a cabeça positivamente.
— Você está estranho... há dias...— Falei baixo.
— Ver fotos de vocês foi difícil. Ele vai estar pra sempre nessa família. Uma hora você vai encontrar eles de novo e vai estar carregando nos braços o filho dele. Mesmo que ele não saiba, é dele. E eu to com você, então, eu vou estar lá vendo tudo... — Falou sem enrolar e sem me olhar, ainda dobrando as pequenas roupas.
— Eu sei que vai ser estranho!— Pausei, suspirei e continuei.— Mas você sabe que teremos tempo pra se acostumar com essa ideia.
— Tempo? Acha que alguns meses vai ser suficiente?
—Daqui 3 meses o bebê nasce. Não posso ficar 5 meses aqui e voltar com ele nos braços. Otávio saberia de cara que eu cheguei aqui grávida. Vamos esperar um ou dois anos depois dele nascer pra só aí pensarmos em ver minha família.
— Você fala com tanta tranquilidade... queria que estivesse no meu lugar!— Riu forçadamente.
— Olha, você escolheu se meter nisso! Você escolheu ficar com uma grávida e assumir o filho dela! Então não se faça de vítima, por favor. Você assumiu o risco de ter que lidar com tudo isso!— Falei sem paciência.
Ouvi seu suspiro pesado. Parou o que estava fazendo e apoiou as mãos na cômoda. Segundos depois, se virou para mim com a expressão mais calma.
— É... você tem razão! Eu me enfiei nisso sabendo dos riscos.— Senti o deboche em sua palavras.— Agora eu tenho que aguentar não é? Agora eu tenho que engolir e aguentar...
Se virou para a cômoda novamente e continuou o que estava fazendo.
— Eu vou comer alguma coisa. Vai querer?— Tentei mudar de assunto.
— Não.
Por alguns segundos esperei que ele fosse se virar e se desculpar de verdade, mas não aconteceu.
Saí do quarto e desci as escadas indo para a cozinha.
Precisava dar uma volta pra relaxar. Fazer compras pra mim, ir no salão, fazer as unhas, pegar um celular novo, sei lá! Qualquer coisa que não envolvesse Elias ou o bebê.
Me lembrei da Alex. Estava devendo uma saída pra ela. Havia prometido, então lá vamos!
— Ellie, quer sair?— Perguntei a ela, que estava sentada na bancada.
— Pra onde?— Perguntou.
— Sei lá... shopping.— Falei abrindo a geladeira pra pegar algo.
— Okay!
— Então vai se arrumar.
Peguei um pedaço de torta de limão, pus o prato na bancada e mandei mensagem para Alex.
"Me passa seu endereço, vamos sair hoje e agora!"
"Meu filho está comigo. Tem problema ele ir junto?"
"Claro que não! Vou levar uma companhia também. Agora me passa o endereço!"
Comi o pedaço de torta e subi pra me arrumar.
Apenas troquei de roupa, pus brincos mais bonitos, um sapato confortável e peguei meu sobretudo, já que estava fazendo frio.
— Onde você vai?— Elias perguntou entrando no quarto.
— Vou sair com a Ellie e a Alex.
— Quem é Alex?— Perguntou curioso.
— Uma moça que conheci na lanchonete no dia que você achou que eu tinha morrido.
— Ve se não some dessa vez!— Falou e me deu um beijo.
— Vou ver e te aviso!— Brinquei.
Quando estava quase saindo pela porta, ele segurou meu braço, me fazendo parar e olhar pra trás.
— Me desculpa, tá?
— Tudo bem...— Respondi carinhosamente.
— Está saindo porque está chateada comigo?
— Eu vou sair porque quero um tempo pra mim... Quero sair com amigas e me divertir um pouco.
Ele me puxou para um abraço e me deu um beijo no topo da cabeça.
Alguns segundos depois, me soltou e saí do quarto.
Desci rápido e Ellie já estava me esperando na sala.— Vamos?— Perguntei.
—Vamos!
Saímos de casa, entramos no carro e começamos a seguir para o endereço que Alex me mandou.
Era longe, mas não o suficiente pra me fazer desistir.
O gps calculou o tempo até lá e demoraria 28 minutos. Longe, mas nem tanto assim.— Quais são os planos?— Ellie perguntou?
— Fazer compras, fofocar, ir no salão... essas coisas.
— Minhas condições financeiras só me permitem fofocar!— Riu.
— Se eu te convidei, é porque vou pagar né!? Ou você acha que eu não tenho ciência de que você não é rica?
— Sei lá! Gente rica costuma não ter senso!
— E você costuma ser ridícula e sem filtro!— Falei a fazendo rir.
Um tempo depois, uma notificação apareceu na tela do meu celular, tampando parte do trajeto que eu estava seguindo.
Era minha mãe. Abri a mensagem e gelei ao ler."Eu estou com muita saudade de você e sei que não vai voltar nem tão cedo. Seu tio Dylan precisa falar com você pessoalmente. Precisa te ver. Ele ainda não engoliu toda essa história, esta atordoado. Quero saber se podemos te visitar. É importante pra mim e mais ainda para o Dylan, que não consegue engolir tudo isso."
Parei no acostamento. Com as mãos trêmulas, peguei o celular e pensei na resposta.
Eu moro com Elias! Meu tio vai chegar furioso, vamos ter que conversar na presença dele. Se apenas ver fotos minhas com Otávio já deixou ele estranho, imagina ter que presenciar uma confusão dessas na própria casa?
Mas como eu diria "não" a eles?"Claro..."
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Tudo para Clarice
RandomApós ser deserdada, Clarice decide que é a hora de pedir ajuda a seu pai, preso pelo estupro que gerou a mesma. A menina sempre soube a verdade sobre seu nascimento, o que de alguma forma a tornou uma mulher fria. Para ela, toda a vida girava...