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Parece que minha mãe e meu tio já planejavam há um tempo vir pra cá, porque apenas quatro dias depois do aviso, aqui estavam eles!

Eu e Elias preparamos tudo pra chegada horas antes deles chegarem. Não por falta de aviso, porque mesmo que tenham vindo rápido, eles avisaram que estavam vindo muito rápido.

Quando ouvi a campainha tocar, meu corpo inteiro se arrepiou. Eu sabia que o olhar deles iria julgar até meu décimo sucessor.

Caminhei até a porta e a abri rápido, como quem tira um band-aid de um machucado pra evitar pensar muito.

Meu tio olhou no fundo dos meus olhos e logo depois desceu o olhar até minha barriga.
Seus olhos transbordavam desgosto. Eu podia sentir a raiva misturada com desgosto. Eu sabia que ele certamente imaginava como dois primos transavam debaixo dos olhos dele. Eu sei que ele se torturava com isso. No lugar dele eu sentiria exatamente a mesma coisa, mas veja pelo lado bom, não estou no lugar dele!

Minha mãe ignorou meu tio e me deu um abraço forte, enquanto ele apenas entrou na sala puxando sua mala e olhou a casa.

— Elias!— Chamei.

Rapidamente ele desceu as escadas com um sorriso no rosto e cumprimentou os dois. Ele sabia como cativar alguém. Meu tio que estava com cara de enterro até deu um sorriso.

— Não posso imaginar o quão cansados estão! Eu posso levar vocês até os quartos pra descansarem um pouco e mais tarde jantamos todos juntos.— Elias falou gentil.

— Ótimo! Eu já estava esperando chegar, sentar na sala e ainda ter que conversar...— Dylan falou rindo.

— Eu não seria tão cruel!— Elias ironizou também rindo.

— Você é divertido.— Alina comentou sorrindo.— Clarice, você não nos disse que ele era divertido.

— Pouparia você da surpresa.— Comentei tentando parecer interessada.

Elias levou eles pros quartos enquanto eu fui até a cozinha pedir pra nova moça que contratamos fazer algo para eles comerem.

— Aylin, minha mãe e meu tio chegaram, prepara duas bandejas de qualquer coisa que encha os estômagos deles e leva pra eles, por favor.

— Sim, senhora!

— Eu já disse que não quero que me chame de senhora, meu Deus.

Aylin era jovem e bonita. Tinha seus 24 anos, trabalhadora, estudiosa e inteligente. Tinha acabado de terminar a faculdade, e enquanto não arrumava emprego na sua área, que era bem difícil pra se conseguir trabalho, ela trabalhava de doméstica.

Uma mulher de estatura mediana, o padrão de beleza europeu, branca, traços finos, loira, olhos verde azulados, magra e gostosa. Era tão padrão que os olhos doíam só de olhar, mas eu olharia o tempo que fosse!

Quando ela entrou por essa porta, eu imaginei o trabalho que ela me daria com Elias, mas em questão de segundos o jogo virou e eu a estava desejando.

Era tinha trejeitos que mostravam inocência. A forma de olhar, a calma ao falar, a voz doce, o modo calmo como ela fazia suas tarefas... tudo nela me chamou atenção. E eu percebi que essa mulher iria causar muita confusão entre eu e Elias. Se ele não ficasse com ela, certamente eu ficaria, mas ilesa de uma bela confusão essa casa não sairia.

Eu não sabia como tratá-la. Eu tinha ciúmes dela, mas ao mesmo tempo, queria tê-la. Não sabia se tratava com indiferença por causa do ciúme, ou se tratava bem por causa do interesse.

— Me desculpa...— Aylin se desculpou.

— Não precisa se desculpar, Aylin. Está tudo bem. Eu não quis parecer rude... mas com o tempo você vai se acostumar e vai perceber que faz parte do meu senso de humor.— Sorri.

Ela sorriu de volta e começou a preparar as comidas.

— Seu cabelo é liso natural?— Me sentei na bancada e tentei puxar assunto.

— Sim, mas ele não é assim tão escorrido, eu uso xampus e cremes próprios pra esse tipo de cabelo que fazem ele ficar mais lambido.— Riu da própria forma de falar.

— O meu cabelo é meio lambido, mas no meu caso, uso produtos pra cabelo ondulado/cacheado pra deixar ele com ondulações.— Falei a olhando fixamente.

— Posso entrar na cozinha ou atrapalharia o papo de mulheres?— Elias perguntou brincando.

— Atrapalharia! Fora!— Brinquei.

Aylin sorriu fechado e mantendo os olhos no que estava fazendo.

— Está fazendo pras visitas?— Elias perguntou à Aylin enquanto ele abria a geladeira e pegava a jarra de suco.

— Sim.— Ela o olhou rápido e logo desviou o olhar.

Ela parecia ter um certo medo de olhar pra ele. Já havia percebido que ela se retraia e tentava não ter nenhum tipo de contato mais estendido com ele, como diálogo longo, estar perto por muito tempo, olhar mais duradouro. Mas eu também percebi que ela só agia assim quando via que eu estava presente. Quando eu chegada silenciosamente sem que ela percebesse, ela não era retraída com ele. Parecia que tinha medo que eu achasse alguma coisa errada.

— E tá fazendo o que?— Ao meu ver, Elias fazia perguntas de maneira simples.

— To fazendo duas mini tortas rápidas.— Respondeu baixo e ainda retraída enquanto batia com um garfo a pouca massa dentro de um pote médio.

— Aylin, não precisa ter medo de falar com o meu marido quando eu estiver perto!— Falei um tanto irritada com a situação.

— Eu, eu não tenho...— Tentou falar.

— Eu já percebi, querida, e não precisa disso!

— Clarice, não a deixe sem graça...— Elias pediu.

— Que seja! Eu só queria que ela agisse normalmente tanto na minha frente como pelas costas.— Me levantei e segui em direção às escadas.

— Claro...— Ouvi sua voz desapontada.

Entrei no quarto e me joguei na cama, minutos depois, Elias entrou também.

— Você não podia ter deixado ela sem graça daquele jeito. Ela acabou de começar aqui e você já vai criar problemas?

— Eu só comentei! Se ela ficou envergonhada, problema dela!

— Você não pode fazer mais isso! Foi uma ceninha desnecessária.

— Me diz uma coisa. Porque escolheu ela? Dentre tantas outras empregadas, porque ela? Porque justo a mais bonita, gostosa... Porque ela?— Perguntei sem enrolar e com ir nervos a flor da pele.

— Eu escolhi ela porque era a que mais precisava! Ela estava passando por dificuldades em casa e precisava de um emprego!

— Ou você escolheu ela porque a mulher que você tem em casa já tá gorda e cheia de estrias e você precisava de uma gostosa pra saciar seus desejos?— Falei irritada.

— Clarice, não começa com isso! Você é a única mulher que eu preciso, ok? A única que eu quero olhar todas as noites e a única e eu tenho desejos! Não preciso de nenhuma outra porque tenho você, amor.— Se sentou na cama.

— Eu não acredito!

— Mas tem que acreditar porque é a verdade! Ser gorda e ter estrias não é um problema...

— Então você concorda que eu to gorda?

— Não, amor!— Riu enquanto falava.— Estou dizendo que mesmo que estivesse, não seria problema!

Elias mandou mensagem pra Maya nos avisar quando fosse a hora do jantar e se deitou comigo.
Fez carinho no meu cabelo até eu amolecer e dormir.

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