— O que você fez? Onde você me meteu?— Tentei manter a calma.
— Eu não sabia o que fazer e nem pra quem pedir ajuda!— Ela chorava.
— Me explica do início!— Eu já começava a ficar nervosa.
— Ele estava me ameaçando há meses!
— ME EXPLICA, PORRA!
— O pai do meu filho..
— O que tem ele?
— Ele não é boa gente e está querendo tirar ele de mim!— Deu uma pausa.— Ele não gosta do filho, só quer ele pra ter o prazer de tirar de mim! Eu não sei o que ele vai fazer com o meu menino!
— Como assim não é boa gente?
— Clarice, ele é um traficante! Eu fui idiota e me envolvi com ele por uma única noite, mas deu merda!
— Achei que o pai do seu filho fosse, sei lá, um cara normal...
— Eu sei.. mas a história é bem longa!
— E o que você tá pensando em fazer pra se livrar dele?
— Aí que tá.. eu não faço ideia! Só quero meu filho bem e comigo!
— Mas que merda!
— Você mais do que qualquer pessoa próxima a mim entende o meu medo de ver meu filho correndo perigo!
Sinceramente, no momento eu só desejava estar no meu apartamento, transando com alguém que eu conheci em alguma boate onde eu com certeza teria bebido muito. Com esse bebê, isso é impossível! Um pequeno fardo nas costas. Mas eu precisava reconforta-la.
— Sim, entendo...— Respondi o menos seca possível.
— Eu sei...
— Pra onde você vai agora?
— Preciso ir em casa buscar ele com uma colega e depois vou pra algum hotel. Ficar com ele em casa vai ser muito perigoso!— Tentava secar as lágrimas e se recompor.
— Pode ficar lá em casa. Tem algumas pessoas a mais, mas tem lugar pra você também!— Sorri tentando descontrair.
— Obrigada, Clarice! Obrigada!
Pronto! A digníssima Alex me fez voltar a pensar nesse bebê...
Mas olha, eu realmente não gostaria de sentir essa preocupação que as mães sentem. Minha maior preocupação é como eu vou ser putona com esse bebê!Porque estou pensando nisso? Eu estou com o Elias!
Pra falar a verdade, eu trocaria Elias pela minha vida antiga. Sinceramente eu trocaria o Elias até por um dia na minha vida antiga! Ele pode ser a pessoa mais incrível do mundo pra mim, mas eu amo mais a vida que eu tinha, se é que eu amo o Elias!Eu sinto que nunca vou entender o amor de mãe, nunca vou sentir essa magia toda. Cacete, é só um ser humano que saiu de você! Cachorros não se apegam, gatos não se apegam, tubarões não se apegam, então porque caralhos eu vou dar minha vida por alguém? Se nem um dos animais mais fortes do mundo se meteria numa briga por um filhote, porque eu teria que fazer isso?
Sim, estou falando isso sem ter o mínimo de estudo sobre. Talvez esses animais até defendam seus filhos, mas eu não tô nem aí!
Chegamos ao apartamento da Alex e rapidamente saímos do carro e entramos.
Passando pelo corredor, tudo estava normal, até abrir a porta do apartamento.
A casa estava escura. Todas as luzes, sem exceção de nenhuma, estavam apagadas.
A luz que entrava pela porta iluminou parte da sala e foi possível ver o menino sentado no sofá sozinho.
— Querido onde está a Heather?— Alex perguntou indo até ele.
— Foi pra casa.— Ele respondeu.
— Porque?— Ela se desesperou.
— Porque nós mandamos!— Um homem falou e logo depois, outros dois apareceram.
Alex olhou assustada pra ele enquanto pegava o filho no colo.
— Só vim te deixar um aviso, querida...
— Por favor, deixa meu filho em paz! Se quer me machucar, não use ele!
— Por qual caminho vieram? Chegamos aqui bem mais rápido que vocês! Ou vocês pararam pra comer algo?— Ele ignorou o que Alex disse e andava pela sala fingindo se interessar pelos objetos que lá estavam.
— Por favor...— Ela continuou.
— Que amiga linda você nos trouxe...— Disse olhando pra mim e se aproximando.
—Não encoste em mim! Nem ouse!— Falei sem expressar medo.
Ele me deu um tapa forte no rosto.
Me abaixei com a pancada e logo pus a mão no local onde foi o tapa.— Rodric por favor, ela não tem nada a ver com isso!— Alex começou a chorar novamente.
Antes que ele pudesse se distanciar, soquei suas bolas. Foi a cena mais linda ver ele caindo de dor, mas quando levantei o olhar, as duas armas dos outros dois homens estavam viradas para mim.
— O caralho abaixa isso aí, eu nem soquei tão forte!— Falei a primeira coisa que minha mente formulou.
Um dos homens rapidamente enrolou um de seus braços no pescoço da Alex e apontou uma arma pra cabeça dela.
Ela, obviamente se desesperou.O tal de Rodric se levantou, ainda com dor.
— Eu não vou levar o moleque hoje. Eu vou voltar! Eu só vim pra colocar esse medo na sua cabeça!— Olhou para Alex.— Quero que durma com medo, porque a qualquer momento eu vou voltar!
Ele andou se voltou à mim.
— Você se meteu com gente errada. Foi ajudar a pessoa errada. Se meteu num problema fudido, e eu te garanto, você não vai sair ilesa dessa! Eu gravei o seu rosto na mente e daqui você não sai! Eu vou atrás de você!
— Ata! Tá dizendo por aí que se eu passar vai me pegar?
— Você dúvida de mim?— Segurou meu queixo.— Eu vou preparar uma surpresa especial pra você!
Ele chamou seus comparsas e saíram do apartamento.
— Clarice me perdoa! Eu não queria meter você nisso! Me perdoa!— Chorava incessantemente.
— Tá, tá! Chega! Já meteu né?! Fazer o que! Agora pega logo o que vai levar!
Ela catou tudo que precisava levar, como roupas, alguns sapatos, seus itens básicos, colocamos no carro e partimos pra minha casa.
Olhei pelo retrovisor e minha cara estava quase roxa pelo tapa tão forte.
— Você trouxe alguma maquiagem?— Perguntei antes de sair do carro.
— Sim, e acho melhor você passar mesmo!
Tentei esconder ao máximo a marca na bochecha e maçã do rosto. Por sorte o tom da base dela era o mesmo tom da minha!
— Podemos entrar?— perguntei.
— Eu é quem pergunto!
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Não, eu não abandonei a história! Ainda tô aquiiiii!!!
Perdoem a demora. Quarentena tá deixando todo mundo louco!
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Tudo para Clarice
RandomApós ser deserdada, Clarice decide que é a hora de pedir ajuda a seu pai, preso pelo estupro que gerou a mesma. A menina sempre soube a verdade sobre seu nascimento, o que de alguma forma a tornou uma mulher fria. Para ela, toda a vida girava...