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Acordamos com batidas na porta. Era Maya nos chamando pra jantar.

Elias abriu a porta e a avisou que já estávamos descendo.

Me levantei, joguei uma água no rosto, penteei o cabelo desgrenhado, escovei os dentes pra não me apresentar com bafo e sentei na cama pra esperar o Elias.

Depois de uns minutos ele ficou apresentável e nós descemos.

Minha mãe e meu tio já estavam a mesa, acompanhados de Maya e Ellie.

Dylan não quis fazer a gentileza de me olhar, recebeu com um sorriso apenas Elias.

Nos sentamos junto a eles e Maya sentiu o clima estranho, porque rapidamente tratou de puxar um assunto.

— Como foi a viajem?

— Bem cansativa!— Alina respondeu.

— Mas valeu a pena não é? Depois de meses sem sua filha, estamos aqui em um jantar de "família".— Elias falou.

— No último jantar de família, Clarice enfureceu a todos... inclusive, se embebedou no jardim com Otávio antes disso, e no fim da noite desmaiou, hoje finalmente vejo bem o porque daquele desmaio...— Dylan falou e dava pra sentir a alfinetada.

— Não nos embebedamos. Bebemos um pouco, mas continuamos apresentáveis para aquele jantar!— Falei tentando amenizar o assunto delicado.

— Você terminou desmaiada! Foi por causa da bebida ou por causa da gravidez?— Continuou liberando veneno.

— Dylan, não é hora para isso e não foi para isso que viemos.— Alina tentou acalma-lo.

— Você tá tentando me atacar por algo que eu não fiz sozinha! Eu sei que fiz merda, mas seu filho fez junto!

— Eu não posso chegar pra ele e tirar satisfação por isso, porque ele não pode sonhar que esse filho é dele, mas acredite, eu adoraria!

— Chega!— Alina deu um basta.— O jantar nem começou e vocês já estão discutindo! Não se pode ter um jantar decente nessa família.

Pus os cotovelos na mesa e apoiei a cabeça nas mãos. Suspirei fundo e senti a mão de Elias acariciando minhas costas.

— Tudo bem! Tudo bem! Me desculpem. Eu me alterei, mas não acontecerá de novo... pelo menos essa noite.— Dylan se desculpou.

As comidas estavam à mesa e começamos a nos servir.

Essa pequena discussão me deixou nervosa e eu estava com um sentimento estranho no corpo.

A comida custou a descer.
Foi um jantar silencioso. Poucas palavras eram trocadas brevemente.

Terminamos de jantar, comemos a sobremesa, e continuamos sentados na mesa tentando fazer o clima amenizar.

— Clarice, você se lembra de quando caiu na piscina e disse que foi porque ventou muito forte e não te alimentavam direito e por isso o vento te levou?— Alina falou rindo.

— Eu tinha pedido pra comer um bolo grande de chocolate e não deixaram porque estava perto do almoço e eu pulei na piscina e disse isso.— Ri junto.

— Foi mais divertido quando chamamos ela pra ver a imagem das câmeras e dava pra ver nitidamente ela pulando. Ela ficou imóvel e com cara de tacho!— Dylan falou segurando a risada.

Todos na mesa riram enquanto minha mãe e meu tio contavam as merdas que eu fazia na infância, minhas brigas na escola, minhas artes e pirraças públicas.

Eu não gostava de jantares em família, as vezes gostava, mas na maioria das vezes eu tentava fugir deles. Só comparecia quando eram datas importantes.

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