Capítulo 4

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Nora Miller

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Passaram-se quatro semanas e eu ajudava Miguel com a mudança.

Quando contei a Eliot que ele iria se mudar ele não teve uma reação momentânea. Depois de alguns segundos sorriu e bateu palmas, mas no fundo, no fundo eu sei que ele ficou triste.

- Essa é a última caixa. - Miguel falou ao passar por mim - Finalmente estarei longe do frango do seu namorado. - normalmente eu o repreenderia, mas ultimamente eu não me sentia bem para responder a essas implicâncias. 

Desde que o médico me dissera que eu era estéril eu não fui mais a mesma. Estava constantemente triste e tentava esconder isso a todo instante. Colocava um sorriso nos lábios e fingia estar bem, mas lá no fundo eu não estava e Danna era a única que via isso e insistia que eu dissesse a Eliot e pusesse essa dor para fora.

- Vamos colocar essas caixas no carro e vamos lá. - digo ao pegar uma das caixas.

- Está animada para se livrar de mim. - Miguel concluiu meio ofendido. Viro-me para ele e o olho incrédula.

- É claro que não! Como pode dizer algo assim?

- Desculpa Nora, é que você anda estranha ultimamente. - olho-o de forma carinhosa e coloco a caixa sobre a mesa e caminho até ele.

- Desculpa Miguel, é que eu ando muito estressada ultimamente. Mas eu vou sentir muito a sua falta. Se o seu colega de quarto não quiser mais morar com você, me liga que eu vou correndo ficar com você. - ele sorrir de forma galante e me olha de um jeito convencido.

- Eu sabia que você não poderia viver sem mim. - reviro os olhos e ele rir - Mas não leve o chato do Eliot com você. - ele pediu.

- Pode deixar. - a última coisa que eu queria agora era pensar em Eliot.

Nas últimas semanas acabei me distanciando dele, eu não queria prendê-lo a mim e já havia me decidido em deixá-lo. E aos poucos eu vinha fazendo isso, passei a dormir mais na casa dos meus irmãos com a desculpa de que estava muito tarde para voltar para casa e ele engolia essa mentira.

Isso me doía bastante, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Desde que eu disse que queria um filho, Eliot se animou dizendo que já sentia-se pronto para dar esse grande passo e ficava decepcionado toda vez que eu dizia que não foi dessa vez, então não fazia sentindo prendê-lo a mim. Eu nunca poderia dar filhos a ele e toda vez que eu o via sentia o meu coração doer.

Por isso achei melhor não continuar com ele.

- Terra para Nora! - Miguel falou acenando com a mão frente do meu rosto.

- Oi. - digo sem graça.

- Onde você estava?

- Pensando que sentirei saudades de te levar até a estação.

- Nossa como você é dramática. - ele diz revirando os olhos. Lanço um olhar feio para ele que sorrir de forma presunçosa - Vamos Nora. - ele me chamou ao pegar uma das caixa. Coloco outra em cima da caixa e pego outra do chão.

Saímos do apartamento e nos dirigimos até a garagem. Colocamos algumas caixas no banco traseiro e as malas dele na mala.

Um Presente Chamado Mary ✔ Onde histórias criam vida. Descubra agora