Capítulo 21

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Eliot Rollins
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Eu sabia que não iria ser fácil cuidar de uma criança autista, mas também não sabia o quão difícil seria.

Depois do episódio desastroso das boas vindas eu consegui levar Mary para dentro, mas aquele monte de gente a deixara ainda mais agitada, o jeito foi levá-la para o quarto e assim que ela o viu a agitação se esvaiu.

Ela ficou tão submersa olhando a parede e o teto que relaxou e pareceu muito mais calma. Voltei para sala e olhei para meus amigos e sobrinhos.

- Eu disse a eles que era uma péssima ideia. - Adam comentou desviando a atenção brevemente do celular - Crianças autistas não gostam de aglomeração.

- E como você sabe? - Miguel perguntou me entregando um copo.

- Eu estudei ao contrário da maioria aqui.

- Eu também fui contra isso, só vim porque o Thomas me arrastou. - justificou Elisa olhando para o marido com uma cara de eu te avisei - Ela parecia muito agitada.

- A Rochelle comentou que isso poderia acontecer por causa da mudança de ambiente. Eu não achei que seria assim.

- Vai dar tudo certo. - Summer prometeu colocando a mão no meu ombro e eu torci para que ela estivesse certa.

Depois daquilo eles foram embora e Miguel ficou por mais algum tempo conosco. Só saiu quando recebeu uma mensagem do colega de apartamento pedindo ajuda porque perdeu a chave então ele teve que ir.

Ficamos só nós dois. Mary ainda parecia muito absorvida com as pinturas das nuvens e ficou olhando para ela por horas. Só foi quando a levei para jantar que a agitação voltou. Ela ficou nervosa enquanto olhava ao redor desesperada.

- Casa. - o pedido viera várias e várias vezes.

- Você está em casa.

- Casa! Eu quero minha casa! - e ela começou a chorar e andar de um lado para o outro. Ela foi ate a porta e tentou sair como fez mais cedo, mas dessa vez a porta estava trancada.

Toda aquela agitação estava me agitando e desesperando. Eu não tinha ideia do que fazer e em como poderia fazê-la parar de chorar e acalmá-la.

- Mary está tudo bem. Por favor. - peço aflito sem saber o que fazer. A campainha tocou me trazendo certo alívio com o pensamento de que seria o Miguel que voltou para me ajudar.

- Oi. - Celine me saudou com o seu belo sorriso que aos poucos se desfez ao ver a minha expressão de pânico e provavelmente o incessante choro da Mary.

Eu queria dizer que aquele não era o melhor momento e foi para isso que eu abri a boca, no entanto saiu outra coisa.

- Por favor me ajude. Eu não sei mais o que fazer.

Ela passou por mim e foi até a sala onde encontrou Mary andando de um lado para o outro aos prantos. Ficou alguns segundos observando como se estivesse presa em uma lembrança distante e se virou.

- Eu já volto. - com isso ela saiu correndo e eu sinceramente achei que ela não voltaria, então mais uma vez respirei fundo e tentei remediar a situação.

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