Capítulo 41

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Eliot Rollins
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Era um sábado chuvoso e nós estávamos trancados dentro de casa. Eu sentia que iria enlouquecer por ouvir Mary tocar a mesma canção toda hora e estava quase chorando.

Dramático, eu sei.

Miguel chegara a pouco, meio mau humorado por ter sido dispensado por Danika já que ela estava estudando e se eu não estivesse tão frustrado e querendo dar uns tapas no velho Mcdonalds eu estaria rindo e debochado dele por não está com a namorada.

Mas no momento eu também estava sem a minha já que Celine foi visitar a irmã e a sobrinha. Ela não estava muito animada com isso, já que de acordo com ela sua irmã era muito chata e provavelmente iria fazê-la trocar de roupa para segurar o neném.

Dei umas boas risadas de suas mensagens afirmando que a irmã fez ela realmente trocar de roupa e agora estava explorando ela pra arrumar o apartamento. Coisas como; foi ela quem fez e sou eu que arruma me fez rir, assim como sua reclamação do cunhado que conhecendo a figura acabou arranjando outra coisa pra fazer e fugiu deixando ela lidar com a fera.

- Velho! - Miguel entrou no meu escritório e olhei para cima - Faz ela parar. Ela está há duas horas tocando a mesma música.

- É a única que ela conhece.

- Velho...

- Ok. Vamos arranjar algo para fazermos com ela. - proponho ganhando um aceno animado e aliviado.

- Vamos velho. - afastei a cadeira e me levantei seguindo um Miguel feliz pela música parar.

Ao entrarmos na sala pude ver Rose com uma expressão bem parecida com a de Miguel. Nos aproximamos e paramos ao seu lado.

- Me digam que vocês pensaram em algo para tirá-la do piano. - pediu dando uma rápida olhada para mim.

- Achei que você tivesse pensado em algo. - ela suspirou e nos mandou segui-la - O que vamos fazer?

- Que tal cozinharmos? - sugeriu já pegando os utensílios de cozinha.

- É sério? - Miguel perguntou meio animado e abismado.

- Sim, Mary gosta de me ajudar às vezes na cozinha. Querem ver? - nós assentimos - Mary, vamos fazer uns muffins? - a música não parou e Miguel bufou - Vamos começar e você não ouse rir, eu sei o que falo. - ela repreendeu e cinco minutos depois a música parou e Mary apareceu na cozinha.

Sem dizer nada ela pegou a vasilha que Rose havia separado para ela e em silêncio começou a misturar os ingredientes que Rose havia colocado ali.

- Eu te disse. - ela falou de forma convencida para Miguel que encarava Mary boquiaberto.

- Ela sabe cozinhar? - perguntou abismado.

- Sabe sim, era eu quem cuidava dela quando o Robbie estava trabalhando. Mary fica mais relaxada e gosta de cozinhar, assim como gosta de tocar piano. - explicou dando uma olhada na minha sobrinha - Mary se expressa mais fazendo algumas coisas do que falando.

- Nós sabemos.

- Então sem mais enrolação vamos continuar.

Eu não tinha ideia do que estava fazendo, não sou muito bom na cozinha, no entanto estava me divertindo e o melhor Mary também. Sempre que eu a olhava ela estava concentrada preparando sua massa. Em seus olhos eu via determinação e cautela.

Para ela era como estivéssemos em um laboratório e ela estivesse trabalhando em uma descoberta ou em uma experiência.

Miguel parecia saber mais ou menos o que fazia, até piada fez da minha cara por eu estar tão perdido com os preparos.

- Eu sou péssimo nisso Rose. - me lamento já desistindo da minha massa.

- Cara ainda bem que você não dependeu do estomago para conquistar a Celine. - Miguel como sempre debochou de mim, mas ele não estava. Só que eu nunca diria isso a ele.

- É a sua primeira vez fazendo isso Eliot, ninguém nasce aprendendo. - Rose falou de forma gentil.

- O talento ajuda, mas na cozinha ele não tem. - Miguel comentou ganhando um tapa na cabeça e resmungou que doeu.

- Assim você o desanima.

- O quê? Ele é ruim mesmo. Por que acha que ele tem uma gaveta cheia de números de restaurantes?

- Ele está certo Rose, eu sou péssimo na cozinha. Já aceitei isso. 

- Ajudo você. - aquela vozinha infantil que era raramente ouvida falou pegando o pote da minha mão e o colocou no balcão - É assim. - Mary fez todo o processo sempre dizendo é assim. Não sei se eu fiquei mais emocionado ou orgulhoso por vê-la me ensinando a cozinhar. 

Foi algo doce e maravilhoso, aquela garotinha linda e autista me ensinando a fazer muffins.

- Viu?

- Sim. - digo de forma suave e a vejo sorrir e descobri naquele momento que sim, existia um sorriso mais lindo do que o da Celine e era o da Mary, um sorriso que me encantou e me fez querer vê-lo sempre.


N/A: Capítulo pequeno, eu sei. Prometo que no decorrer dessa semana eu solto o próximo. Quem sabe na véspera do natal? Então isso é tudo pessoal, espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima!!!

Um Presente Chamado Mary ✔ Onde histórias criam vida. Descubra agora