Capítulo 5.

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Não posso dormir
Continuo acordado
...
A culpa está queimando
Estou ferido por dentro
Não consigo suportar esse sentimento.

( Calvin Harris. - Blame. / Culpa.)

Ao me sentar na mesa sou acompanhada por Erick. Ele se senta ao meu lado e fica me olhando.

- O que? - Pergunto.

- Não sei. Parece que você me odeia e eu não sei o motivo. - Ele fala.

- Não é que eu te odeio, só não consigo ser educada com você. - Rio de minhas próprias palavras. - Gosto de ser assim com você. Mas odeio pessoas que fazem o que você fez.

- O que eu fiz?

- Você me beijou. - Digo. Ao lembrar do beijo sinto minhas pernas ficarem banbas e dou graças a Deus que estou sentada no exato momento.

- Você fala como se nunca tivesse beijado um homem. - Ele diz e ri de suas palavras.

- Eu só tinha beijado um homem em toda a minha vida e isso foi ontem na faculdade. mas você tinha que aparecer e se tornar o segundo. - Digo e rio de servosa.

- Então quer dizer que eu fui o segundo. - Ele sorri. Mas seu sorriso some em segundos. - E quem foi o primeiro?

- Um professor meu.- Rio e vejo seus olhos se fecharem. - Até que ele beija bem.

- Como um professor beija uma aluna? Que profissional é esse? - Perguntou indignado.

- Ele beija com a boca. - Rio.

Depois que Clarinha termina de colocar a mesa, ela se retira.

Pego uma torrada e passo requeijão.

O ambiente está silencioso, eu e Erick comemos sem dizer nada.

- Hoje tem festa. - Digo lembrando que marquei para ir a outra baladinha esses dias.

- Nem pensar.

- E quem vai me impedir? - Pergunto ao me levantar e encarar Erick que faz o mesmo após se levantar.

- Eu. - Ele diz e eu rio.

- Você é meu marido? - Pergunto. - Não. Então cala a boca.

- Eu posso não ser seu marido. - Ele diz. - Mas você ainda vai ser minha. Eu vou me casar com você. - Fala certo de suas palavras.

- Ha.ha.ha - Rio ironicamente. - Nunca me casarei com você.

- Então vamos ver. - Ele diz saindo da sala de estar.

- Filho da puta. - Resmungo.

Ele conseguiu me irrita desde quando eu o vi pela primeira vez.

Ele é um idiota.

Um idiota lindo. Argh.

AO TERMINAR de tomar meu café, me levanto e subo para meu quarto.

Entro em meu closet e pego um vestido jeans, curto.

Ouço duas batidas na porta do quarto e saio do closet indo abri-lá.

- Oi. - Digo ao abrir e ver que é a governanta. - Diga.

- Seu pai esta te chamando. - Diz Patrícia.

- Onde ele está? - Pergunto.

- No escritório. - Diz e sai.

- Ok então. - Digo fechando a porta e descendo as escadas e indo em direção ao escritório.

Não bato na porta e já a abro entrando e vendo meu pai com um copo de bebida em mãos. A sua frente Erick está sentado e a outra cadeira está vazia.

Fecho a porta chamando e chamo a atenção dos dois que me olham rapidamente.

- O que o senhor queria? - Pergunto.

- Sentisse Flávia . - Diz papai.

Vish. La vem bomba.

Caminho até a frente da mesa e me cento na cadeira vazia.

- Vamos direto ao assunto. - Digo ríspida.

- Você vai se casar. - Papai joga a bomba.

- O quê? - Sussuro para mim mesmo. - Eu não vou casar. - Rio nervasa. - Não brinca com essas coisas. - Rio novamente.

- Você vai se casar e não é brincadeira. - Ele diz seco.

- Com quem? Quem vai ser o louco que quer se casar com uma mulher que não conhece? - Rio e me levanto e começo a andar pela sala de um lado para o outro.

- O Erick. - Ele diz. Arregalo os olhos. - Vocês vão se casar.

- Não. - Rio. - Vocês esqueceram que não mandam em mim e que sou maior de idade?

- Eu te obrigo. - Ele diz e se levata da cadeira.

- Você não manda em. - Rio vitoriosa. - Você não pode me obrigar.

- Eu posso e vou te obrigar. - Ele diz.

- Como? Me comprando? - Rio ao saber o que meu pai faz por dinheiro. - Pode tirando o cavalo da chuva, isso não vai acontecer.

- Erick pode nos dar licença? - Pedi papai.

Ele assente e se levanta saindo da sala. Mas antes de sair ele me olha e joga uma piscadinha e sai fechando a porta.

- Você vai se casar com o Erick. - Ele diz firme.

- Você não vai me obrigar. - Digo virando de costa para ele.

- Se você não se casar com ele irei conto seu segredo. - Ele diz chamando minha atenção. Eu o olho sem intender. - Eu descobri seu segredo minha filha.

- Que segredo? - Pergunto sentindo meu estômago embrulhar. - Eu não tenho segredo. - Minto.

- A você tem. - Ele diz rindo um pouco maléfico. - Eu sei o que aconteceu de verdade com o Julyan. - Diz e eu Arregalo os olhos. - Se você não se casar com o Erick eu conto tudo para a polícia.

O olho com os olhos arregalado e deixo uma lágrima cair dos meus olhos.

Vou até a porta e a abro saindo de sua sala e correndo até a entrada de casa e saindo dela. Caminho sem saber por onde.

Olho para o chão e penso em tudo o que está acontecendo comigo. Logo agora que eu finalmente tinha esquecido o ocorrido.

Olho para Julyan e seu corpo está no chão. Ele morreu. O amor da minha vida, a unica pessoa que eu realmente me importei.

Olho novamente para seu corpo, seu cabelo castanho e seus olhos da mesma cor. Uma boca rocha.

Coloco a mão em seu cabelo e faço carinho. Ouço batidas na porta. mas estou tão triste e com lágrimas nos olhos que não aguento levantar.

Ouço o barulho da porta ser arrebentada e um monte de homens vestidos de policiais entrarem com armas em suas mãos.

Essa lembrança não sai da minha cabeça. Por quê aquilo aconteceu?

Meus pensamentos não saiem daquele dia, e pelo visto não vão sair tão sedo. Percebo que meus olhos estão marejados, lágrimas caiem.

Todos os pingos de água salgada que saiem de meus olhos estão carregando algo como dor, sofrimento, tristeza, solidão e arrependimento. Mas nenhumas delas querem mudar para felicidade ou amor.

Eu não estou, nunca estive e nunca vão saber quando vou estar.

Continua.

Entre o desejo e a obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora