As Crônicas da Ordem e do Caos - A batalha pelo universo (Livro Um) [COMPLETO]

SOKA II

Soka acordou com o som de um ranger de metais. Tentou ignorar no primeiro momento, mas o barulho irritante continuava e isso aliado a curiosidade que começava a crescer no garoto fez com que ele decidisse se levantar. Ao descer do beliche de cima observou que a irmã que sempre acordava tarde já não estava mais na cama. – "O que será que fez Suki levantar tão cedo hoje? Seria o barulho? " – Pensou o garoto.

Saiu pela porta e ao observar o quarto dos pais viu que também estava vazio. Caminhou pela nave seguindo em direção ao barulho irritante que o acordara. Seguiu até o fim do corredor e observou que o barulho vinha do andar de baixo. Desceu as escadas e continuou ouvindo o barulho vindo do chão. Mais um andar e o mesmo acontecia, o barulho vinha de mais embaixo. – "Abaixo daqui só tem o motor da nave, será que..." – O garoto interrompeu o pensamento quando se deu conta do que estava acontecendo. Desceu correndo o último lance de escadas e deu direto na sala de máquinas encontrando a porta aberta.

Ao adentrar na sala descobriu o motivo de tanto barulho. Lídia, sua mãe, serrava alguma parte metálica do motor. João, seu pai, a auxiliava passando uma ou outra ferramenta quando era solicitado. Suki, sua irmã, estava em frente ao terminal de programação da nave digitando freneticamente enquanto uma porção de códigos em inglês apareciam na tela.

– O que estão fazendo? – Perguntou Soka. Ninguém o respondeu. Ele repetiu a pergunta desta vez gritando, a irmã olhou para ele por um instante e apenas o ignorou, voltando a fazer seja lá o que ela estava fazendo. Soka se irritou e entrou na sala. Cutucou o pai no ombro e repetiu a pergunta. – O que vocês estão fazendo?

– Concertando a nave – respondeu o pai aos gritos, tentando vencer o som da serra.

– O que? Achei que a nave não tinha concerto...

– Tem sim, só preciso concertar o gerador de energia e Suki reprogramar o computador de bordo para outro roteiro de viagem. – Interrompeu a mãe ao desligar a serra e sair a procura de uma máquina de solda.

– Mas você sempre disse que a nave não tinha concerto e agora do nada...

– Eu menti. – Interrompeu a mãe mais uma vez.

– Mentiu? Como assim mentiu?

– Ela disse algo que não era verdade. É isso que significa mentir. – Disse Suki em tom de deboche. – Não é porquê você só se importa em lutar e destruir as coisas que você precisa ser burro Soka, aprender o idioma da sua espécie é importante. – Completou a irmã. Desde a tal puberdade a garota as vezes ficava extremamente nervosa e estúpida sem nenhum motivo aparente, ao passo que em outros momentos virava um doce de pessoa deixando Soka furioso e confuso.

– Eu sei o que significa a palavra mentira, só quero saber o motivo da mamãe ter mentido sobre isso.

– Não queria ter de voltar para a terra. – Respondeu Lídia enquanto soldava uma peça do motor da nave.

– Só por isso? Você decidiu sozinha que a família inteira não iria sair desse planeta por que você não queria voltar para a terra? Você estava de acordo com isso pai?

– Eu não sabia. – Completou João enquanto entregava um ferro de solda para a esposa.

– Não sabia? Ela decidiu sozinha? Por que só eu estou puto com isso? – Gritou Soka.

– Porque você é infantil e mimado. – Interrompeu Suki, e Soka concluiu que ela estava nos dias em que ficava estúpida sem motivo.

– Você não tinha o direito de nos prender nesse planeta só porquê você não queria voltar para a Terra.

– Filho você nunca teve interesse na terra... – tentou apaziguar o pai até ser interrompido por Soka.

– A terra não é o único planeta do universo pai. – Poderíamos ir para qualquer outro lugar. Eu poderia ter treinado em outro planeta, eu poderia....