PATY I

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- Por favor senhor, piedade. - Suplicou o rei antes de Paki atravessar o braço em seu peito e arrancar-lhe o coração. O corpo inerte e sem vida do monarca amoleceu nos braços do Makali que o jogou de lado virando-se para a multidão que assistia à execução.

- Todos vocês agora pertencem ao império Makali. Reivindico toda vida inteligente, bem como todos os recursos deste planeta em nome de Kahau, rei dos Makalis. - Respirou fundo e cuspiu as palavras seguintes com desprezo. - Vida longa ao rei.

Maruá já era o terceiro planeta que Paki conquistava desde que o irmão subira ao trono. Tinha escolhido manter-se focado no seu trabalho para não remoer o ódio de ter de servir ao irmão que tanto o desprezara. Quando saqueava e conquistava em nome do pai, Paki sentia orgulho e fazia de bom grado. Agora, porém, tudo parecia não passar de obrigação.

- Reservamos oito fêmeas majub senhor. A estrutura reprodutiva das nativas é compatível para o seu prazer. Irei mandar que elas se apresentem para que o senhor escolha as que mais lhe agradarem e...

- Não tenho interesse em nenhuma delas. - Disse o General interrompendo Patty, a Comandante que servia em seu exército. - Entregue-as aos soldados e que eles façam proveito dessas também.

- Algum problema senhor? - Perguntou a Comandante.

- Estou indisposto, voltarei para Inquisidora. Ordene para que coloquem os escravos a bordo, exterminem o resto e informe ao conselho sobre nossa nova conquista. Avise também ao mestre da conquista para que retire os recursos o mais rápido possível. Pretendo sair antes que as tropas da Polícia Universal cheguem, não estou com humor para uma batalha. - Disse o General enquanto se dirigia para sua nave.

Patty caminhou até os líderes dos exércitos e transmitiu a mensagem que lhe fora passada. Encarregou-se de enviar as informações para o reino e saiu em direção à nave Inquisidora. Caminhou pelos corredores extensos da gigantesca embarcação em direção aos aposentos de Paki e encontrou a porta fechada. Parou e refletiu por alguns segundos se esta era a forma mais correta de agir. Por fim, decidiu que precisava fazer isso e bateu à porta. De início não obteve resposta. Bateu novamente e desta vez o General a respondeu.

- Achei que você estaria ocupada cumprindo ordens Comandante. - Disse Paki através da porta fechada.

- Já deleguei as funções senhor, tudo será aprontado.

- Não sabia que sua função era dar ordens, sempre acreditei que tivesse o dever de cumpri-las.

Patty respirou fundo mais uma vez e abriu a porta. Paki estava de costas, observando pela janela.

- Consigo sentir o cheiro de morte daqui. - Exclamou o General.

- Foi uma conquista grandiosa, será uma grande adição ao reino e... - Patty o encorajava até ser interrompida.

- Não precisa me bajular Patty. Nem eu mesmo acredito mais nessas palavras. - Disse Paki suspirando.

- Não entendi. - Patty estava confusa.

- Olhe para você Patty. Olhe para mim, olhe para todos aqueles soldos Makalis lá embaixo. Temos força e potencial para governar o universo. No entanto, estamos apenas saqueando, matando e estuprando. Somos deuses nos comportando como meros mortais soberbos e pecadores. - Dizia Paki quase que para sí mesmo.

- Temo que o rei não concorde com o senhor. - Argumentou a Comandante.

- E por isso tenho que me submeter a práticas de menor nível. - Paki suspirou.

- O senhor deveria conversar com o rei, tentar convencê-lo. -Sugeriu Patty mesmo sem acreditar que fosse possível.

- O rei não pode ser convencido de nada. Apesar de sua posição privilegiada ele não passa de um acéfalo com mania de grandeza. - Concluiu o General. Patty ficou espantada ao ver a maneira como Paki se referia ao irmão e rei. Ela sabia da falta de apreço que ele sentia por ele, mas expressar-se de forma tão sincera em voz alta poderia fazer com que outros o interpretassem como traidor e o fizesse perder a vida.

As Crônicas da Ordem e do Caos - A batalha pelo universo (Livro Um) [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora