PAKI V

14 7 0
                                    

– Você vai morrer em breve – Disse a criaturinha cor de rosa que pilotava a nave.

Paki permaneceu calado e a ignorando. A nave em que se encontrava parecia ter saído de algum museu aeroespacial qualquer. Todos os comandos pareciam arcaicos e voava de maneira lenta se comparada às naves de última geração de Maki. O General além de ferido estava ansioso para se distanciar o máximo que poderia de Torki afim de se recuperar e pensar no que fazer em seguida.

– Está ferido. Se tinha a intenção de viver, deveria ter se entregado em Torki. – Disse a garota.

– Cala a boca criatura irritante. – Praguejou Paki. – Não pretendo ser um maldito prisioneiro da Polícia Universal. Prefiro a morte.

– Se continuar a sangrar desta forma, é isto que vai acontecer. – Resmungou a criaturinha insolente.

Paki estava segurando o braço direito que estava encharcado de sangue. A ferida que o monstro reptiliano lhe causou estava latejando de dor. Fora a situação do seu braço, o general ainda tinha diversos ferimentos pelo corpo. Estava extremamente fraco devido à grande quantidade de sangue que já perdera.

Pior do que está ferido era o fato de não fazer a menor ideia do que fazer. Não tinha planejado como agir caso perdesse a batalha. Nunca tinha sido derrotado antes. Tinha tanta certeza que venceria em Torki, que em nenhum momento cogitou um plano B para caso algo desse errado.

O general sabia que não podia voltar para Maki, não como um derrotado. Seu irmão com toda certeza utilizaria isso para humilhá-lo perante todo o seu povo. Jamais seria respeitado novamente.

Ele sabia também que não tinha mais exército. Provavelmente todos haviam morrido em batalha e, se tinha algum sobrevivente, estava em uma cela da Polícia naquele momento.

Paki chegou a desejar ter morrido em batalha para não ter de lidar com aquela situação. Roubou aquela nave e fez aquela garota Majub de refém para poder fugir de Torki. Estavam vagando pelo espaço a duas horas e ele ainda não sabia para qual destino levar aquela nave. Paki estava pela primeira vez se sentindo impotente, sem força para resolver o problema que tinha nas mãos.

– "Talvez eu devesse fugir para um planeta bem distante. Matar os líderes e dominar o povo local e me tornar o rei deles" – pensava ele enquanto tentava tampar a ferida que não parava de sangrar – "Poderia dominar uma galáxia, construir um novo império" – continuava a pensar enquanto seu sangue escorria e sua visão embaçava lentamente.

– Vai morrer em no máximo uma hora se continuar a sangrar assim – Disse a garota que o observava de longe.

– Cala-te sua maldita. Sua criaturinha inferior e.... – o general esbravejava, pouco antes de cair da cadeira de cara no chão e não ter mais forças para se colocar de pé.

Se humilhação pudesse ser representada em um quadro, com certeza teria aquela imagem. Aquele que antes fora um grande general, imponente e poderoso, agora era apenas uma criatura fraca que morria agonizando aos poucos no chão de uma nave desconhecida no meio do vazio do espaço sem nenhuma ideia do que fazer a seguir.

Tentou formar algumas palavras para ofender a garota que assistia à sua morte, mas nem para isso tinha força. Sua mão que tapava a ferida do braço direito amoleceu e a ferida soltou um jato de sangue, sujando o chão da nave.

Sentia a visão ir apagando e a vida deixando a sua matéria. Paki sentiu vontade de cair na gargalhada, rir de sua própria desgraça. Mas seu corpo não tinha forças suficientes para isso.

– Irei voltar com a nave para Torki. – Começou a dizer a garota – Temos pouca bateria e se continuarmos vagando sem rumo pelo espaço vamos ficar sem energia e não chegaremos a lugar algum.

As Crônicas da Ordem e do Caos - A batalha pelo universo (Livro Um) [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora