Capítulo 36

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Eu já estava dentro. E a sensação que eu tinha era a mesma sensação de sempre, a mesma ansiedade que eu tinha todas as vezes que eu sabia que ia vê-la, e era tão incrível saber que nada disso havia mudado. Bom, pelo menos para mim.  Dereck estava ao meu lado, e eu sabia que você não ia gostar de vê-lo junto a mim.  Ou não se importaria, pois você sempre pareceu uma mulher tão decidida em relação a tudo, que acho que foi bem mais fácil me arrancar dai de dentro, do que eu arrancar você daqui. 

E eu sei que eu nem deveria estar junto a ele, e que na verdade vocês dois erraram quando tomaram decisões por mim. Mas ele não tinha nada a perder, nós não tínhamos algo. Já você, Natalie, era a minha paixão avassaladora, então foi bem mais doloroso tomar uma atitude com você do que com ele. Eu me afastei dele, claro. Mas, ele estava sempre presente nas inúmeras crises que tive por você, por todas as vezes que eu ficava nervosa em desfilar. E por mais que eu odiasse dizer isso a você, ele era o único que estava comigo.  Benjamin também sempre esteve, mas ele estava tão longe, e eu precisava de alguém perto. E ele estava. Eu estava frágil, Hamilton. E pessoas frágeis fazem besteira as vezes. 

Eu fui bem recepcionada por varias pessoas, empresários de todos os ramos. Mas ainda nem sinal de você. Onde você estava? E será que eu realmente queria saber? Eu havia convidado Benjamin, mas não sabia ao certo se ele chegaria a tempo de me tirar dali. 

—Fica tranquila. Eu estou aqui—Dereck me trazia uma taça de champanhe e me lançava um olhar confortante. 

—Você está aqui?—sorri irônica. — Nossa, isso ajudou muito. 

—Ana, Ana—cantarolou meu nome— não seja má agradecida. 

—Eu estou uma pilha, Dierden—bebi em um gole o liquido que estava na taça. 

—Eu posso resolver isso— ele se aproximou e me fez sentir seu perfume forte e amadeirado, e sussurrou em meu ouvido. —igual como eu resolvi naquela noite em Dubai. 

—Não seja idiota.—o empurrei levemente—estávamos bêbados, não vai acontecer de novo. 

—Olha, se não é o meu casal preferido — Lorenzo se aproximava sorridente, nos cumprimentado, eu com um beijo no rosto e Dereck com um aperto forte de mão. 

—Você ainda insiste em que somos um casal?—perguntei sem jeito. 

—Claro. Todos dizem. Eu até shippo, sabia? Derana, ou Bellereck? — brincou 

—Que horrível— disse sorridente, e mais calma. 

—Eu amei os dois— Dereck disse me lançando um olhar desafiador. 

—Ana, depois eu preciso que a gente se reúna bem rápido. Eu preciso que você dê uma entrevista. Tudo bem para você? 

—Claro. Quando quiser. 

—Eu só não acho a jornalista. —disse procurando entre o aglomerado de pessoas que estavam no salão— um segundo. 

—Ok. —respondi curta.

Ele se afastou e fiquei a sós com Dereck novamente. 

—Viu? Formamos um belo casal.

—Não seja patético. Você sabe que isso não vai acontecer. 

—Por que não? — insistia— Você é linda, e merece alguém a sua altura.— disse ajeitando o paletó fazendo cena. 

—Por que a Olivia me mataria. 

—Ah!—bufou— não se preocupe com ela. 

—Imagina— falei irônica.— primeiro ela perde a Natalie para mim, e depois perde você. Serio, eu tenho amor a minha vida. 

—Encontrei! — ouvi a voz de Lorenzo atrás de mim, e me virei espontaneamente e sorridente. 

Mas meu sorriso desapareceu. E meu coração bateu tão forte, que talvez eu tenha ficado tão perto de um infarto. Era ela. Natalie estava tão incrível, o vestido cor de vinho, a boca marcada por um batom vermelho leve, e os cabelos estavam soltos, um pouco maiores do que estavam na ultima vez que a vi. Minha boca secou, e eu tentei ao máximo me manter discreta. Mas aqueles olhos negros me invadiram. 

—Anabelle—disse Enzo ainda sorridente. — essa aqui é a jornalista Elizabeth Jones. 

Porra!

Elizabeth? A mesma Elizabeth que está com um possível romance com a Natalie?Eu fiquei tão balançada por ter encontrado Hamilton, que não me atentei a moça que estava ao seu lado. Os cabelos castanhos ondulados eram bem longos, possuía um belo par de olhos verdes, tinha traços forte em todo o rosto, a boca carnuda e bem alinhada, me faziam achar que ela não era o tipo de Natalie. 

—Olá— eu disse receptiva dando as mãos — é um prazer, Elizabeth. 

—O prazer é todo meu, Ana—ela disse sorridente— eu vou entrevistar a maior modelo de sucesso. Acredite, é muito mais prazer meu. 

Eu apenas sorri, eu não conseguia me movimentar e nem olhar novamente para Natalie, pois só a sua presença me deixava paralisada. 

—Olá, Natalie— disse Dereck serio. 

—Que bom revê-lo, Dereck— disse Natalie.— Nem parece que trabalhamos na mesma empresa. 

—Eu sei—sorriu— você sabe com o sucesso da LST, muitas parcerias estão procurando a NH. E além do mais a Ana precisou de mim, e eu tive que me ausentar. 

"Cala a boca, seu idiota!"

Eu não conseguia encara-la, eu não conseguia! Mas vi quando seu braço entrelaçou a cintura de Elisabeth e puxou o corpo dela para perto do seu. Reergui minha cabeça novamente e a encarei. Ela estava com alguém! 

E parecia tão decidida a mostrar isso para mim e para quem fosse. E eu não podia atrapalhar isso. Eu também não podia me maltratar e ficar vendo seu corpo tocar o corpo de outra pessoa. E naquele momento nossos olhares travavam uma batalha silenciosa. 

—Você sempre com bom gosto, Natalie. — Senti os braços firmes de Dereck passaram pela minha cintura e também me puxarem suavemente para a lateral de seu corpo musculoso. — fico feliz por você. 

—Eu também fico contente por você, Dierden—a fala de Natalie era sempre muito seria e pesada, era com se os dois se desafiassem internamente e eu só queria sair daquele campo de batalha infantil. —E pela a Anabelle. Pelo sucesso em sua carreira. 

—Eu preciso de um ar!— disse me afastando de Dereck

—Quer que eu vá com você? — perguntou ele. 

Mas, não respondi. Eu caminhei rapidamente para bem longe dali, para bem longe de Natalie. Encostei-me na primeira árvore que vi, assim que sai da casa. E um choro guardado me tomou, um choro que eu não aparecia já faz algum tempo. Mas que sempre esteve ali. Sempre me acompanhou, mas agora a sensação essa se como meu coração estivesse se partindo aos poucos, e cada minuto um pedaço dele morria. E vê-la com outra pessoa, me destruiu. Ver você com outra pessoa acabou com um pouco de recomeço que eu cultivava dentro de mim. E então, Natalie. Eu voltei para o começo. 

—Ei, o que houve?— Benjamin chegou e me abraçou. 

—Benjamin— disse o abraçando com todas as minhas forças. 

—O que houve, Ana?  — perguntou preocupado. 

—Me tira daqui, por favor! 





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