Eu mal conseguia pedir o que eu queria comer. Estávamos sentadas em um restaurante longe do quarteirão do trabalho, e a unica coisa que eu pensava em o que mais ainda tinha por vim. O que mais eu precisava saber sobre Natalie e com quem ela convivia.
Ela passeava os olhos pelo cardápio fino, e eu mal podia engolir a minha própria saliva. Como ela ainda teria estomago para comer alguma coisa depois do que houve naquela sala?
— Acho que já estamos calmas o suficiente para você me falar a fofoca da vez—pressionei ironicamente.
—Fofoca da vez?—sorriu sem tirar os olhos do cardápio— gostei.
—Natalie!—elevei a voz— você está me matando de curiosidade.
—Ótimo.
Bufei, e então um garçom se aproximou a chamado dela, fazendo seu pedido. Peguei o celular do bolso, e fiz com que minha cara ficasse fechada. Passei por minhas redes sociais, e finalmente uma palavra saiu de sua boca, tomando minha atenção, para aqueles olhos escuros e aquela boca desenhada com um tom vermelho natural.
—Dereck Jordan Dierden. —disse.
—Os pais não foram felizes ao escolher o nome. —comentei.
—Shhh—pediu silencio, então calei.—Dereck foi alguém especial para mim.
Prestei atenção no que ela dizia, tentando entender ao máximo o que havia entre os dois.
—Quando descobrir que queria levar esse estilo de vida, ele foi a primeira pessoa para quem contei. Conheço ele desde a minha primeira infância. A mãe dele cuidou de mim, quando a minha faleceu, e o meu pai sumiu mundo a fora.
Ela mantinha o olhar o tempo todo baixo, olhando para os talheres na mesa.
—Ele foi meu melhor amigo—continuou—meu confidente, um irmão que eu não tive. Contei a ele da pratica, contei o que o BDSM significava na minha vida, e ele me acolheu, e entrou nisso junto comigo. Contei que as praticas convencionais de sexo não me excitavam. E então, comecei com ele.
O garçom nos serviu uma taça de vinho e ela finalmente saiu do transe de olhar para os talheres, tomou um gole do vinho e me fitou.
—No começo, eu gostava. Eu adorava mandar e ele obedecia como um cachorrinho sem dono. E ele adorava isso.—um sorriso sarcástico surgiu de seus lábios— Mas a pratica BDSM, nem sempre é acompanhada com sexo, as vezes é apenas uma relação de dominância. Eu mando e você obedece. Mas tudo estava indo muito além do que parecia. E ele queria partir para o ato sexual.
Por um instante eu imaginei aquela mulher na cama com outro homem. Era um pensamento inútil, pois era algo que não dava para imaginar. Ela era tão dona de si, dona de tudo, dominava tudo. Como ela podia ser dominada?
—E então, eu cedi. E foi a pior coisa que eu já fiz na minha vida. Misturei uma pratica ocasional, com uma relação sexual, e um sentimento que só crescia do lado dele.
—Espera.—disse—vocês transaram?
—Sim. Uma unica vez.
—E então?
—E então, que ele queria mais e mais. Misturou amor, misturou dominância, misturou tudo.
—Amor?
—Em um dia, durante as nossas sessões no quarto. Ele disse que me amava.
—Puta merda!— disse involuntariame—Desculpa, é que eu não imaginava isso entre vocês dois.
—Ouvir um eu te amo, era tudo o que eu não imaginava ouvir.
—Mas ele se apaixonou. Não tem como evitar isso.
—Ele sabia do risco. Eu disse a ele, que esse risco eu não iria correr.
—Mas aconteceu...—disse branda—A gente não escolhe por quem vai se apaixonar.
Por um momento eu me vi em Dereck. Eu também estava apaixonada por Natalie, e fiquei pensativa em me tornar um Dierden, em sua vida. Não de um forma ruim, mas de uma forma de dizer o que eu sentia, e receber desprezo da sua parte. Mas qual é? Estávamos transando e parecíamos um casal, isso tinha que significar alguma coisa.
—Nossa praticas terminaram quando ele tentou me dopar e manter relação comigo. —continuou — mas, Paul é sempre muito vigilante, e percebeu a intenção dele.
—Espera—disse assustada—ele tentou abusar de você?
—Mas não conseguiu. Ele conseguiu colocar algo na minha bebida, mas Paul me impediu de toma-la.
—Meu deus—dizia incrédula, com a boca entre aberta. —Natalie, eu não podia imaginar isso.
—Tudo bem. Somente Paul sabia disso, e agora você.
—Eu sinto muito—peguei em uma de suas mãos que estavam repousadas na mesa. — E a obsessão dele parece continuar.
—Me jurou sofrimento eterno. —ela sorriu irônica, bebendo seu vinho— depois ficou sabendo de todas as minhas relações. E ficou furioso quando soube que eram com mulheres, ele acha que me frustou de alguma forma.
—E agora ele está vindo atrás de mim? —perguntei com um tom engraçado na voz.
—Sim!— seu tom foi serio, e tirou a graça do que eu disse.— Ele vai tentar me atingir de todas as formas. Assim como já fez antes. Com Lexie, Olivia. E agora com você. Mas parece que a obsessão por você é maior.
—Que ótimo! —bufei
Ela apertou minha mão, e me lançou um olhar confortante e um sorriso que ela sabia que me desmoronava.
—Eu não vou deixar que nada aconteça com você. —disse acolhedora— eu entenderia se você pedisse para pararmos. A segurança é prioridade para mim, Ana.
Oh, céus! Que vontade de pular em Natalie, e não solta-la nunca mais. Como eu iria desistir agora que eu já estava tao envolvida? Provavelmente isso seria um erro. Mas que se foda, eu a tinha.
— Preciso que você fique atenta— continuou dizendo.— eu já esperava esse pedido dele. Mas não sabia que iria se concretizar.
—Eu vou ficar atenta. Mas, se formos vê por outro lado, eu realmente sei o que eu faço. De um jeito ou de outro ele iria precisar de mim, já que ele está encarregado das funções financeiras.
—Isso é um desastre! Ele não entende nada. Mas, eu sinto pena da Olivia. —comentou— eu sinto que de alguma forma eu a coloquei no caminho do Dereck
—Ela escolheu esse caminho.
—Olivia era tão doce quanto você, Ana. Eu a transformei em alguém sexual, ela mudou. Me sinto culpada por isso. E me sinto culpada por ela está com ele.
—Mas, eles não estão juntos. —dei uma pausa e refiz minha pergunta—ou estão?
—Dereck hoje é um dominador. Assim como eu. Pratica Bdsm, mas da pior forma possível. É um sádico, ele gosta de causar dor. Não que isso seja anormal no meio. Mas, as praticas que ele exerce são todas para o prazer dele, somente dele.
—E você acha que ela está... sei lá, fazendo isso contra a vontade dela?
— Olivia é gananciosa, ela sempre opta ficar com quem está ganhando, nunca soube o que é perder. Ele ofereceu algo que ela não tinha. Poder. E ela vai fazer tudo o que ele pede. E você também precisa ficar de olho nela.
— Que ótimo! Estou vendo que meus dias de trabalho vão ser bem emocionantes.
Ela sorriu.
— Eu estarei logo no andar de cima. Você tem o meu numero, e o numero do Paul. Colocarei ele a sua disposição.
— Paul gostosão? Benjamin vai adorar saber que ele ficará na minha cola.
Eu temia por tudo, eu parecia bem confiante onde eu estava me metendo. Mas, a verdade é que eu sei que eu estava brincando com o fogo, e sabia também que uma hora eu iria me queimar. E então, eu queria saber quando eu me tornei tão corajosa assim. Ficar perto de Natalie, me dava uma confiança que eu jamais havia sentido, e eu pouco me importava com as coisas ao meu redor, eu estava cega, e totalmente apaixonada por Natalie Hamilton.
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Descobrindo o Prazer (EM REVISÃO)
RomanceA magnata Natalie Hamilton, dona de um dos impérios de moda da conturbada família Hamilton, uma mulher elegante e fina, reconhecida por seu elevado grau de narcisismo e sua arrogância, vê suas virtudes serem desconstruídas, após se deparar com a no...