Anabelle Portman
Eu não sabia se Natalie estava me ignorando, ou estava furiosa por saber que eu estava conversando com Dereck, mas durante a manha inteira ela não saiu de sua sala, e nosso único contato foi dela fechando a porta, mesmo antes de eu chegar perto. Por falta de sorte minha, o trabalho foi tranquilo, nada que me fizesse ir até sua sala. E isso estava me deixando apreensiva, e ansiosa. O que Dereck estava fazendo ali? Havia algo acontecendo, mas eu não sabia o que era, e nem fazia ideia, meus pensamentos estavam desorganizados, mas voltados para três tópicos. Numero 1: Lexie, Numero 2: O pai da Natalie, Numero 3: Natalie. Assustei-me quando meu celular vibrou, era Benjamin, chamando-me para almoçar.
Resolvi sair para o almoço, e deixei um sms informando a minha querida chefe, mas não obtive retorno. E então, eu caminhei ao rumo da hamburgueria mais próxima, encontrando o meu falso amigo Benjamin.
—Você vai, não vai? — dizia se sujando com molho barbecue a camisa florida, se referindo a uma festa que rolaria em um bar.
—Eu ainda não acredito que você chamou a Lexie...
—Vocês duas precisam se conhecer de verdade.
—Ela é a ex da Natalie, Benjamin...—respondi enquanto separava os legumes do meu sanduíche.
—E-X— soletrou as letras em alto e bom tom — Você é a atual.
—Sou?—respondi com um sorriso sem vida.
—É? Ou não é? Vocês estão ou não estão em um namoro? —pressionou Benjamin.
—Eu não sei!—disse largando meu hambúrguer no prato e levando as mãos ate a cabeça— Eu assinei aquele maldito contrato e agora eu não sei se eu estou namorando com a minha chefe.
Sorriu singelo.
—Convida a Natalie, tenho certeza que ela vai. Vocês conversam e você tira isso a limpo.
—Eu não sei. Tem alguma coisa acontecendo.
—Entre vocês duas ?
—Não, você não vai acreditar em quem estava na NH models hoje.
—Não sei, a Beyoncé? Ela vai ser a nova garota propaganda?—Benjamin especulou afoito balançando as mãos ansioso pela minha resposta.
—Claro que não, idiota. —sorri
—Lady gaga?
—Benji... —o repreendi
—Já sei. Uma Kardashian ?
—Não— bufei— Dereck.
—Ah—respondeu desanimado—o que beijou você?
—O próprio!
—O que ele foi fazer lá? Pensei que Natalie e ele se odiavam.
—E se odeiam. Alguma coisa está acontecendo... O pai dela ontem, o Dereck hoje. Sem falar que ela nem falou comigo, me ignorou total.
—Deve ser TPM. Eu também fico assim quando eu estou na minha.
Gargalhei com o comentário hilario
—Você é um idiota, Benjamin.
—Sou sua salvação, isso sim.—houve uma pausa de segundos em sua fala, e então ele continuou— Eu li um pouco sobre esse universo que você está participando agora.
—Bdsm?
—Qual mais seria?
—Engraçadinho—forcei um sorriso—e então? O que o Sherlock Holmes do sexo descobriu?
—Bom, é um meio muito complexo. Tem donos, donas, submissas, bottons e etc. Mas, quando você aceita ser submissa de alguém. Você não necessariamente está namorando com essa pessoa.
—Não? Que ótimo.— bufei
—Não, e nem toda a pratica se dar por sexo. Você pode praticar sem o ato.
—Mas isso quer dizer algo, não é? Eu transei com a Natalie.
—Eu não sei. Você precisa mesmo conversar com ela. —Ele dizia limpando as mãos e levantando-se de sua cadeira— não esquece, hoje as oito, esteja linda como você sempre foi. E também não esquece de chamar a sua querida dona.
—Querida dona?—perguntei incrédula com o apelido ridículo que ele havia dado , levantando-me em seguida.
—É assim que é chamado no bdsm, meu bem. Domme, Dom, Dominatrix...
—Eu preciso mesmo conversar com a Natalie.
De volta ao trabalho, nada de novo acontecia e eu estava definitivamente entediada. Não havia tanto trabalho, sem e-mails, sem contabilidades e sem Natalie. Creio que ela estava em sua sala, e eu tomava coragem para entrar e convidar para sair hoje a noite. Eu queria perguntar tantas coisas, mas eu não tinha coragem. Não sabia se eu estava em um relacionamento, ou se era apenas sexo, ou era algum tipo de posse que ela precisava exibir em algum lugar. Eu estava tão confusa, e meus sentimentos estavam tão desordenados, que eu não sabia se seria uma boa eu dizer a Natalie o quanto eu estava apaixonada por ela. Então, respirei fundo, levantei e dei dois toques suaves em sua porta de madeira reluzente.
—Entre!—Ouvi sua voz e meu coração já disparou.
Ao abrir a porta, ela estava com o semblante serio, e com os olhos fitando o notebook. E ela era tão espetacular, a boca vermelha natural bem alinhada, a pele clara e limpa, eu não sabia descrever o que eu sentia quando eu a via. Mas eu acho que era aquela sensação que todo mundo ao menos uma vez na vida sentia. Era igual Joseph Gordon-Levitt, no filme 500 dias com ela, onde ele descrevia Summer como um efeito devastador, um efeito Summer que todo homem teria uma vez na vida, e para mim Natalie era esse efeito devastador, que eu sei que eu só teria uma vez na vida.
—Desculpa—disse suavemente— mas eu precisava saber como você estava.
—Estou bem— disse Natalie sem esboçar reação nenhuma com os olhos ainda vidrados no computador.
—É—guaguejei—vai ter uma festa hoje em um bar aqui perto. —dei uma pausa para processar a falta de atenção que eu estava recebendo— eu queria saber se você quer ir comigo.
—Não!— respondeu prontamente— mas você pode ir.
—Posso?
—Com quem vai?
—Benjamin.
—Tudo bem.
O celular em cima da mesa tocou e então finalmente seus malditos olhos escuros desgrudaram do notebook e voltaram para o celular.
—Alô? —atendeu.
—Ana, você está liberada hoje. Já pode ir. —continuou.
Natalie disse sem nem me olhar nos olhos. Que droga estava acontecendo? Eu sai da sala furiosa, e bati a porta com força. Mas que merda ela pensava que era? Depois de tudo o que aconteceu, ela me trata assim? Que se foda! Fui direto até minha mesa e desliguei o computador com força, o tirando da tomada, peguei minha bolsa e sai dali, furiosa. Peguei um taxí e eu apenas queria chegar em casa, tomar um belo banho de água fria e esquecer a vaca da minha chefe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Descobrindo o Prazer (EM REVISÃO)
RomanceA magnata Natalie Hamilton, dona de um dos impérios de moda da conturbada família Hamilton, uma mulher elegante e fina, reconhecida por seu elevado grau de narcisismo e sua arrogância, vê suas virtudes serem desconstruídas, após se deparar com a no...