Capítulo 31

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No dia seguinte, cheguei cedo  no trabalho, antes de dar meu horário, e  eu via uma figura enfurecida e vermelha. 

"Não, não, não e não!

A voz elevada de Natalie soava por toda a sua sala,  e eu apenas via as veias de seu pescoço pularem.  Ela estava furiosa, por saber que eu provavelmente viajaria com Dereck.

—Mas eu preciso ir. Ele está certo, eu preciso fazer a contabilidade, emitir o contrato se ele fechar negocio. —dizia tentando acalma-la 

—Mas ele não vai fechar negocio. A moda em Londres é muito independente, Ana. —Natalie parecia nervosa e andava de um lado para o outro —Eu já tentei fazer negócios, trazer investidores. Sloane Street, LST Models, Wild London, eu tentei todas. 

—Ele acha que pode mudar isso. Quer mostra a você e a quem for, que ele consegue administrar a NH sozinho. 

—Que filho da puta!—ela socou sua mesa, mas não fez menção que sentiu dor alguma. —Ele não vai levar você, Ana. —dizia inconformada 

—Natalie—cheguei mais perto e toquei em seus braços cobertos pela camisa cetim vinho de manga longa. —Tem alguma coisa acontecendo que eu preciso saber?

—Você não ouviu nada do que eu disse sobre ele? —disse desconversando. 

—Eu ouvi. Mas eu preciso desse emprego. Eu preciso ir! 

Ela respirou fundo e fechou os olhos. Pelo o que eu a conhecia, ela provavelmente estava imaginando estrangular Dereck assim que ele cruzasse seu caminho.  

—Tudo bem. Eu vou com você—decidiu. 

—O que? Claro que não. Você não pode se ausentar da empresa. 

—Eu não posso. Mas eu preciso ir, Ana. 

—Natalie—encarei seus olhos escuros e eles pareciam perdidos e seu semblante inconformado. —vai ficar tudo bem. Vamos dormir em quartos separados e eu volto em dois dias. 

—Ana, se ele fizer, ou falar algo a você...

—Não vai...—toquei em seu rosto macio— eu vou ficar bem. Ele sabe que eu estou com você, e se qualquer coisa acontecer, ele sabe que você vai corta o pênis dele fora. 

Ela sorriu. 

—Por favor, tem que haver outro jeito...

Tomei seus  lábios em um beijo singelo e demorado. 

Eu não vou dizer que não temia viajar a sós com Dereck, meu coração queria sair pela boca só de pensar. Mas eu precisava ir, era o meu trabalho, e ele como meu novo chefe tinha o direito de me exigir isso. Independente de qualquer coisa, eu ainda trabalhava para eles. Porém, seria uma viagem de dois dias, com um cara que queria acabar com a Natalie, e que deixou bem claro que iria me usar para conseguir isso. Eu não tinha nada haver, mas era inevitável não pensar que eu estava no fogo cruzado de uma disputa que veio antes de mim. Mas, o nervosismo de Hamilton e o jeito estranho me alertavam que havia algo a mais, algo que eu não sabia. 

Ele acabou me liberando mais cedo, para me organizar , arrumar as malas, passaporte, e acabei saindo sem me despedir de Natalie, ela ficou presa em uma reunião e não tive a chance de vê-la antes de ir para casa. Apenas deixei uma mensagem na sua secretaria eletrônica e fui para casa, desabafar com Benjamin. 

*****************

—Você sabe que ele vai tentar algo— Benjamin era direto enquanto dobrava minha calça jeans, para colocar na mala aberta em cima da cama. 

—E você acha que eu não sei disso? Eu estou apavorada, Benjamin.—respondi pegando alguns blusas do guarda roupa e jogando sobre a cama.  

—Não tem outra pessoa para ir? É somente você? 

—Sim. Não tem como fugir disso, Benji. Eu preciso ir e fazer meu trabalho da melhor forma possível. 

—E Natalie? Como ela reagiu? 

—Ficou furiosa. Ela até queria largar tudo e ir comigo.

—Que fofa—ele afinou a voz e balançou a cabeça para o lado. 

—Não seja idiota—bufei já estressada jogando minhas roupas na mala aberta de qualquer jeito. 

—Aproveita. Você vai conhecer Londres, gata.

—Eu vou ficar enfiada no quarto e só vou sair de lá quando for para eu fazer o meu trabalho. 

Um silencio de alguns segundos surgiu dentro do quarto, mas Benjamin o quebrou. 

—Eu não queria mesmo está na sua pele. Ou queria. Sei lá—dizia confuso— Na verdade, a gente nem sabe se a Natalie está apenas brincando com você. 

—O que?—assustei-me com tal comentário. — que conversa idiota, Benjamin. 

—É, eu sei. Mas eu estava conversando com a Lexie... 

—Lexie—repeti seu nome incomodada demais, mas de proposito, para ele perceber. 

—É, Ana. Lexie. Algum problema? —perguntou com a fala pesada. 

—Todos, Benjamin. O meu melhor amigo está se tornando melhor amigo, de alguém que me odeia, e é ex da minha atual. 

—Natalie não é sua namorada. 

Aquelas palavras caíram como um peso para mim. Afinal, o que Natalie e eu eramos? 

—Você está certo!—fechei o zíper da mala com força—eu não sei o que eu e Natalie somos, talvez eu nunca vá saber. E eu estou sim, apaixonada por ela. E se eu vou me machucar? É bem provável, Benjamin. Mas eu quero correr esse risco. Eu escolhi está com ela, não estou sendo forçada a nada... 

—Eu sei, eu sei. Me desculpa pelo comentário — ele me interrompeu se posicionando a minha frente, agora com a fala mais suave, continuou— eu fico preocupado com você, só isso. Natalie é uma mulher de muitas mulheres, Ana. Ela bagunça com a cabeça das pessoas. Eu sei que você não gosta do que Lexie me fala, mas ela me disse isso. 

—Disse por que? Para você vim correndo me falar? Bela amiga ela é. Natalie sabe que ela fala essas coisas a você? 

—Ela só quer ajudar. Com ela foi diferente, as duas conseguiram ter uma amizade. 

—Ben— bufei— está tarde—caminhei até a porta do quarto e a abri— amanhã eu viajo cedo. Se você me der licença eu quero descansar

—Tudo bem —disse suavemente— boa viagem amanhã. 

Antes de sair, ele me deixou um beijo na bochecha 

Eu sabia onde eu estava me metendo. Eu sabia o risco que eu ia correr, mas eu estava apaixonada. E quando você percebe seus dias passam a girar em torno daquela pessoa, seus sorrisos aparecem quado você pensa nela, a sua ausência é sentida a todo momento. E quando você percebe, não tem mais como fugir, você se apaixonou. E era assim, é aquele pequeno brilho nos seus olhos escuros, que me encantava, que me prendia, e cada vez mais invadia minha sanidade fazendo com que qualquer caminho se tornasse extremamente tortuoso, a sensação artificial do seu toque que parecia queimar minha pele.  E era como a frase do filem de a culpa das estrelas "[...] Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono, gradativamente e de repente, de uma hora para outra"





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