Capítulo 48

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Anabelle Portman

Senti a claridade entrar  pelo quarto através da janela, e logo vi que Dereck abria as cortinas sem se preocupar se eu ainda estava dormindo. Ele estava sem camisa, com o peitoral exposto, desfilava pelo quarto com sua calça moletom cinza, exibindo um festival de músculos pelo quarto. 

—Bom dia, querida. — dizia ele se voltando para a bancada, pegando uma bandeja de café e trazendo até mim.  

Sentei-me na cama, e em seguida ele fez o mesmo, ficando a alguns centímetros de mim, então me afastei. 

—Eu não quero que você tenha medo de mim— disse com um tom leve e com uma cara entristecida. 

—Você me sequestrou. Colocou minha família em risco, tirou de mim  a mulher que eu amo. E você quer mesmo que eu não tenha medo de você? 

—Eu sei. Eu te entendo, e lhe dou toda a razão do mundo. 

—Se me entende. Por que não me deixa ir? 

—Por que eu já cheguei até aqui, Ana. Você sabe coisas demais, ouviu o que não era para ouvir. E quem garante que assim que eu soltar você, você não vá correndo até Natalie contar tudo? Ou a policia. 

—E colocar minha família em risco ?  A troco de que eu faria isso? 

Um silencio surgiu, e Dereck apenas me fitava, serio e sereno. Talvez eu tivesse um lado humano demais, a ponto de ter pena. Mas meu outro lado estava fervendo de raiva, por tudo o que ele fez. 

—Sabe... No começo, era tudo para atingir Natalie. Era tudo por ela. Eu a queria, e passaria por cima de todos para te-la. Inclusive, por você. Eu me aproximei, e se eu não podia te-la, ninguém mais podia. Fiz Charlie me colocar na NH como alguém importante, por que nós tínhamos interesses comuns, mas gostar de você, Ana, não estava em meus planos. E depois que eu vi que o que acontecia entre você e a Natalie era muito mais forte do que qualquer coisa, eu senti raiva. Queria destruir o que vocês tinham. Mas, isso é quase impossível. 

—Bom, acho que aquela ligação acabou com o que nós tínhamos. Então, alvo atingido com sucesso. 

—Você sabe que não. Natalie está magoada, mas quando passar ela vai procurar você... 

—E não vai me achar...— interrompi 

—Talvez. 

—Por que? Vão me matar? 

Dereck sorriu deixando a mostra suas linhas do rosto. 

—Não seja ingenua. 

Ele levantou-se e se espreguiçou em minha frente, movendo seus infinitos músculos em uma sintonia perfeita. 

—Eu vou precisar sair hoje. Mas, eu volto antes do almoço.  Elisabeth ficará aqui. 

—Que ótimo— bufei 

—Não sinta saudades— seu corpo se curvou em minha direção, e quando se moveu para depositar um beijo em minha testa, me esquivei. 

—Não me toque, Dereck!—disse seria. 

—Ate mais, Ana. —disse sorrindo pela minha atitude.

O observei sair do quarto, e o trancar. Não tinha muitas coisas que eu podia fazer, Dereck achou um forma de trancar a janela do meu quarto, e eu já tentei abrir de todas as formas, por mais que não tivesse como sair por ela,  porém todas em vão.  Eu só apreciava o anoitecer através do vidro e nada mais. Saboreei o café preparado com a maior calma do mundo, aliás eu estava presa naquele quarto, para onde mais eu teria pressa para ir.  

Eu torcia para que Natalie desconfiasse de algo, ela precisava desconfiar, nós estávamos bem, e ela era esperta o suficiente para saber que eu não amava Dereck Dierden. E eu não queria acreditar que ela havia reatado tudo com Elisabeh. Natalie não era assim, ela não podia ser. Ela precisava ser mais esperta e perceber que tinha algo errado. 

Eu acabei pegando no sono novamente depois de um longo banho, mas despertei com o barulho na porta do quarto, e Elisabeth entrando. Não tinha noção das horas, e meu relógio era a claridade da janela, que agora sumia atrás dos prédios vagarosamente.

—Não preciso de babá— falei levantando-me da cama e sentindo minha cabeça girar, ficar muito tempo deitada fez com que eu sentisse tonturas frequentemente. 

—Fique sabendo que eu também não gostaria de estar aqui.— disse colocando seus óculos no criado mudo perto da cama. 

— Ótimo. Compartilhamos o mesmo pensando. Então, se você puder fazer esse favor de ir embora, eu agradecia. 

Ela sorriu e me encarou com um olhar pretensioso e instigante. 

—Natalie deve gostar muito de você. — disse jogando as palavras em meu peito. 

Caminhei até a janela, e coloquei minhas mãos no vidro juntamente com minha cabeça e observei o sol se esconder atrás dos prédios, tentando relembrar daquele perfume doce, e do seu toque em minha pele. Então, eu apenas fiquei em silencio e a deixei falar. 

—Eu sempre sonhei com um amor assim. Um amor avassalador, que tira a gente do chão. Mas eu nunca tive. Dereck me contratou para me relacionar com Natalie, e eu não vou negar, aquela mulher mexe com qualquer pessoa. Aquele beijo, aquela pegada. Uhhh.. Ela conseguia me deixar exitada apenas com o toque... 

—Cala a boca. Eu não quero saber da intimidade de vocês.— verbalizei voltando para o meio do quarto e a encarando. 

—Ah, o que foi? Deixa eu contar a você como transamos ontem a noite depois que você terminou com ela. — o tom de sua voz era irônico e instigante. 

Ela se aproximou de mim, e seus olhos me fitavam, e seus lábios formavam um sorriso de canto.

—Deixa eu contar a você o quanto ela me fodeu, e como ela chamou meu nome a noite toda " Elisabeth" "Ah, Elisabeth" " Você é uma delicia " ...

—Eu mandei você calar a boca.— minha voz ainda era baixa, mas carregava um peso, e eu tentava controlar minha raiva. 

—Ela já gozou com você?— sua voz era provocativa e ela estava tão perto de mim — Eu chupei ela tão gostoso que ela gozou bem na minha boca....

Minha mão preencheu seu rosto, e eu senti ela arder. Em seguida, pude ver o  rosto de Elisabeth vermelho e com a marca de meus dedos.  Meu tapa havia sido tão forte, que eu vi o sangue escorrer entre seus lábios. 

—Eu irritei você? — ela sorria, ela sorria mesmo com o sangue escorrendo e eu não conseguia entender.

Eu apenas me calei. Me afastei e dei minhas costas a ela. Mas senti um forte empurrão em minhas costas, fazendo meu corpo, junto com minha cabeça se chocar com a parede. Elisabeth havia me empurrado contra a parede, e com a batida, desmaiei. 

Não sei ao certo quanto tempo eu fiquei desacordada, mas ao abrir meus olhos, eu estava sentada na sala em uma cadeira de madeira, e com as mãos amarradas para trás, minha visão estava embaçada,  e eu sentia uma forte dor e ardência em minha testa. Vi duas figuras discutindo um pouco distante de mim —Você acha que vamos ficar quanto tempo trancando ela aqui? Não seja, idiota. Precisamos sumir com ela— Ouvi a voz de Elisabeth alterada.  Mas eu estava tão tonta, e com tanta dor que mal conseguia ficar com os olhos abertos. 

 Eu senti o gelado do sangue escorrer em meu rosto, Dereck se aproximou de mim, e com um pano branco úmido, enxugou vagarosamente o liquido vermelho que escorria. Senti minha vista embaçada, e logo uma escuridão se formou diante dela novamente. 


Descobrindo o Prazer (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora