11. kiss

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- O que é que tá acontecendo? - eu sussurrava. Lamar fechou a porta do closet e eu só conseguia enxergar metade do seu rosto por um feixe de luz que surgia de uma janela minúscula no alto da parede. Ele parou na minha frente e nós dois ficamos em silêncio por bons segundos, até que ele finalmente falou.

- Joalin. Me desculpe por isso. - ele tentou rir, mas aparentemente nós dois estávamos no mesmo nível de nervosismo que o outro.

- Tudo bem.

- Eu não sei como falar... É... - ele olhava pros cantos, esfregando as mãos nos braços e analisando cada canto do closet. Aquilo era adorável. Sim, eu tava com um pouco de raiva dele por ter feito isso na frente de todo mundo, inclusive na frente do meu irmão e na frente do Noah, mas eu não conseguia negar que eu tinha uma grande atração por ele, então uma parte de mim tava grata por estarmos trancafiados em um closet de casacos.

- Eu tenho uma pergunta. - interrompi seus gaguejos. Ele me olhou. - Eu pensava que você e Sina estavam juntos. Na verdade acho que todo mundo pensava isso.

- Ah... É difícil explicar. Você não precisa se preocupar com isso, eu prometo. Eu e Sina estamos bem um com outro... Isso é o que importa.

Eu não fiquei tão satisfeita com sua resposta, e com certeza fiquei mais confusa do que já estava. Mas a essa altura nossas respirações já estavam ofegantes, seu rosto parecia a cada segundo mais próximo, e agora a sua mão tocava o lado meu pescoço. Um arrepio subiu na minha espinha, e eu não sei de onde tirei essa coragem, mas quando percebi, a gente tava se beijando. Seu corpo tava contra o meu de um jeito tão forte e ao mesmo tempo tão delicado, e suas mãos seguravam meu rosto com certa urgência. A gente se movimentava por entre os casacos, tirando qualquer coisa que surgisse no caminho. Ele pressionava meu corpo contra a parede, e agora levantava aos poucos a barra da minha blusa. Tive um reflexo bem rápido, e logo afastei sua mão, interrompendo nosso beijo.

- Foi mal. - ele sussurrou.

- Não, é que... Me desculpa. Eu não sou... Acostumada com isso.

- Joalin. Caramba, você é linda demais. - eu dei uma risada arrastada de nervosismo. Ele ainda tava com o corpo contra o meu, e a sua mão passeava pelo meu cabelo de uma forma bem carinhosa. - Eu não sei se você percebeu isso, mas eu reparava em você desde nossas aulas de laboratório. Aí você surgiu no time de basquete e eu pensei: não posso desperdiçar essa chance.

Meu Deus como isso era possível? Alguém interessado em mim sem eu nem perceber??? Ainda mais esse alguém sendo ele!!

- Eu não sabia se você estava "disponível". - ele fez as aspas no ar. - Até porque você foi ao baile com o Noah e eu sempre vejo vocês juntos. Achei que vocês estavam... Namorando.

Eu nem sabia o que dizer, e nesse momento o rosto de Noah invadia meus pensamentos. Eu tentava mudar meu foco, olhando nos olhos de Lamar que me encaravam tão profundamente.

- O que foi? - ele riu.

- Nada. To pensando em como a gente vai sair daqui e encarar todo mundo sem morrer de vergonha. Por favor, não vamos fazer um alvoroço, tá?

- Vergonha por quê? - ele ficou um pouco sério. Eu me afastei, tentando analisar o tempo que gastamos aqui e sentindo que já se passaram 7 minutos.

- Não sei. - eu ri nervosa. - Me desculpe... Enfim. Acho que devemos ir, né?

- Uhum. - ele se aproximou, me deu um beijo no canto do rosto e foi em direção à porta. Assim que a abriu, eu senti meu rosto queimar, e o afundei nas minhas duas mãos. Ele saiu primeiro e assim como eu esperava, ouvi alguns gritos e risadas. Eu respirei fundo e saí também, fechando a porta e indo de volta até a roda. Lamar tava no meio dela, fazendo uma dancinha e dando um cumprimento com Bailey. Ele falava alguma coisa que fez as pessoas rirem, fez um gesto como se estivesse fazendo uma cesta de basquete, e nesse momento eu me senti bastante incomodada. Esse era o alvoroço que eu havia o pedido para não acontecer. Ele ria alto, e eu tentava entender o porquê daquilo. Heyoon e Shivani o aplaudiam, Bailey e Sina riam bastante, até que ele finalmente se sentou. Krystian me analisava e me lançava um olhar de pena. Noah parecia muito sério, com os braços em volta das pernas cruzadas. Josh e Hina não pareciam impressionados, e eu senti que meu irmão tava um pouco decepcionado com o modo que Lamar agiu. Nesse momento tudo o que eu conseguia sentir era arrependimento de ter concordado com aquilo. Sim, o beijo foi bom e eu tava feliz de ter acontecido com alguém que eu gostava e me atraía, mas ele me fez sentir uma leve humilhação e desconforto em estar ali.

- Eu tenho que ir. - eu disse antes mesmo de pensar no que fazer. Minha garganta tava apertada, meu estômago embrulhava, e eu só queria sair dali. Fui até minha mochila, me despedi da roda (que agora me encarava com muita seriedade e confusão) e subi as escadas. O relógio da sala dos Deinert indicava 2:56 da manhã e nesse momento eu entrei em desespero por ter que ir embora sozinha. Parei por um segundo até que abri a porta, pensando que tudo o que queria era sair dali. Antes de fechá-la, ouvi alguns passos apressados subindo a escada, e Noah surgiu primeiro, seguido de Hina e Josh, segurando suas mochilas também. Nesse momento meu coração respirou bem aliviado, e eu concentrei todos os meus esforços para não chorar ali agora.

- Aquilo não foi legal. - meu irmão se aproximou com a mão no meu braço, me transmitindo enorme conforto. - Eu já tava querendo ir embora, e isso só me deu mais vontade ainda.

- Você tá bem? - Hina dizia com a voz doce.

- Sim... Tô. Só vamos sair daqui. - eu disse saindo pela porta junto com eles. O frio da madrugada me surpreendeu um pouco, e eu tive que pegar meu moletom dentro da mochila. Noah ainda não tinha falado nada, mas só a sua presença era reconfortante de certa forma. Ele andava com os braços cruzados e o olhar um pouco distante, e eu cheguei ao seu lado, colocando meu braço entre os dele e os entrelaçando. Ele deu um pequeno sorriso e assim seguimos silenciosamente em direção à nossa rua.

Eu tentava processar tudo o que havia acontecido, pois ainda tava bem confusa. Talvez eu reagi de um jeito exagerado, mas eu não imaginava que ele faria toda aquela graça, como se tivesse riscado da sua lista "a menina nerd e calada do laboratório". Eu tava sentindo uma mistura de chateação, com decepção e certo arrependimento, e provavelmente Noah conseguia ler em mim todos esses sentimentos. Seu silêncio e seu calor naquela madrugada fria eram tão acolhedores, e eu passei o caminho inteiro tentando adivinhar o que ele tava pensando naquele momento.

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora