- O que você tá esperando? Abre logo! - meu irmão dizia impaciente.
- Eu não consigo. Você abre.
- Não!!!
- Calma. Eu abro. - Noah disse enfim. Minha respiração tava ofegante. Mamãe, meu irmão, Hina e Noah me rodeavam, todos nós encarando o envelope branco na mesa da cozinha. Noah pegou o envelope cuidadosamente, rasgando a abertura e tirando o papel dobrado lá de dentro. Eu fechei os olhos, apertando a mão de Josh com toda minha força. A minha carta havia sido a última a chegar, considerando que essa semana inteira foi inundada de comemorações de todos do nosso grupo. Se eu não passasse, seria a única que não iria pra faculdade. - Posso ler?
- Só me fala o que tá escrito.
- Lê isso logo!!!! - meu irmão parecia mais ansioso que eu.
- Ok. - Noah respirou fundo. - Cara Joalin... Estamos felizes em informar que a sua solicitação e inscrição para o nosso programa de Artes Corporais e Dança na turma de 1989 da Universidade do Michigan foi aceita com subsídio aprovado de 90%. Você receberá nosso manual assim que retornar sua resposta em até 10 dias... Blá blá blá... Seja muito bem-vinda ao nosso corpo estudantil!!!!!
A esse ponto, Josh já havia me derrubado no chão, gritando e comemorando comigo por vários minutos. Eu demorei um tempo até processar essa informação, mas finalmente todo o meu nervosismo e medo havia passado: eu tava indo oficialmente pra faculdade!
Eu iria então, sozinha para o Michigan. Meu irmão, junto com Lamar e Shivani, iria para a Carolina do Norte. Any, Diarra e Hina iriam para a Virginia. Sina e Krys iriam para a Georgia. E Heyoon e Noah iriam para Washington. Nós não ficaríamos todos muito longe, mas eu sabia que isso já significava o começo do fim. Seria inevitável a desaproximação cada dia maior, e me doía saber que em poucos meses o nosso grupo já não seria mais o mesmo.
Nós ficamos pulando e celebrando durante a tarde toda até o jantar, que preparamos juntos com mamãe. Os próximos dias se seguiram muito mais leves, como se um peso enorme tivesse saído dos meus ombros. Quando todos nós nos encontrávamos era inevitável não conversar sobre o ano seguinte, sobre as festas universitárias, as matérias que faríamos e a distância que cada um teria do outro. Ao mesmo tempo em que eu tava muito feliz por ter sido aprovada, o medo de encarar tudo isso sozinha me assombrava.
Numa noite de domingo em que nós pedimos pizza e jantamos com mamãe, eu e Noah subimos para o meu quarto, onde ficamos um bom tempo ouvindo alguns dos discos novos que ele havia comprado essa semana.
- No que você tá pensando? - ele perguntava enquanto me analisava. A gente tava deitado no carpete enquanto Every Breath You Take, do The Police tocava, mas eu encarava o teto me sentindo em uma dimensão totalmente diferente.
- Então é isso.
- É o quê?
- Você sabe.
- Não sei não.
- Noah... - eu me virei para a sua direção, procurando a sua mão que agora eu segurava como se toda minha vida dependesse disso.
- Você não tá pensando no ano que vem, tá?
- Como eu não vou pensar?
- Joalin... Para com isso.
- Você sabe também... Que mais cedo ou mais tarde a gente não vai se ver mais.
- Você abriu sua carta há poucos dias! Você não acha que merece um tempinho tranquila? Sem planejar? Sem pensar no futuro ou no que quer que seja? Você não acha que merece ser feliz um pouquinho?
- Eu não consigo! Eu não consigo pensar assim. Eu olho pra você agora e tudo o que eu tô sentindo é que daqui poucos dias a gente vai tá se despedindo... Por não sei quanto tempo.
- Não... Não, não. Não pensa nisso.
- Eu tô feliz, Noah. É claro que eu tô... A gente tá tomando o maior passo de todos, isso é a coisa que a gente mais esperava por tanto anos. Eu sei disso, e eu juro que tô feliz. Mas você viu o que aconteceu com a Sabi e o Bailey... A gente se fala uma vez por mês no máximo. E eu sei que isso só vai piorar, e daqui uns dias ninguém vai ligar pra ninguém e vamos simplesmente esquecer... Você sabe disso.
- Joalin... Os feriados tão aí pra isso. A gente vai retornar pra casa sempre que possível! A gente não vai ficar tão longe assim.
- Ok. Eu sei... Eu só to com medo. - o seu olhar era reconfortante e convidativo. Eu sabia que não tinha nada que não poderia contá-lo. - Medo de encarar tudo isso sozinha. Vocês vão ter alguém de confiança do lado. Eu estarei completamente sozinha.
- Isso só te dá mais chances de conhecer pessoas novas, de fazer coisas novas. De se conhecer melhor. Eu entendo sua preocupação, Joalin. Eu entendo mesmo. E eu sei que você se sente melhor quando planeja as coisas. Mas você não vai conseguir prever tudo. Vez ou outra algo vai ser diferente do que você imaginava, e isso é normal.
- Ok... - a voz dele me acalmava do jeito mais doce possível. Ele não parava de me olhar por nenhum segundo, e a sua respiração se confundia com a minha de tão perto que seu rosto tava do meu.
- Você pensa tanto no futuro e no que poderia acontecer, que você não percebe o que tá rolando no agora. - seu sorriso era um pouco provocativo. - Você consegue sentir isso aqui?
As pontas dos seus dedos caminhavam por toda a extensão do canto do meu corpo, indo do topo dos meus ombros, pela minha cintura, até o fim da minha coxa, que ele puxou para mais perto de si nos aproximando completamente. Eu sorri em resposta, sentindo meu coração acelerar.
- E isso aqui? - sua mão foi até meu rosto, delicadamente traçando meu queixo, minha bochecha e meus olhos e parando na minha nuca, de modo que ele me puxou gentilmente até me dar um beijo curto e urgente.
- Uhum.
- Eu tô aqui, Joalin. Um papel dentro de um envelope branco não vai me tirar de perto de você. Quilométricamente talvez. - ele riu. - Mas de qualquer outra forma, não.
- Você promete? - ele sorria pra mim, caminhando o mão pelo meu cabelo.
- Sim. - ele disse enquanto depositava um beijo na ponta do meu nariz. Nesse momento eu sentia que Noah tinha todo o meu coração. Independente se continuaríamos juntos ou não no ano que vem, o meu frio na barriga e a nossa conexão me diziam que ele era a pessoa certa pra me dar mais uma resposta que eu precisava. E minha intuição dizia que aquela era a melhor hora pra isso.
Eu nos entrelacei mais uma vez em um beijo, e os nossos corpos pareciam se conectar de um jeito mais intenso que nunca. Ele já sabia qual era a minha intenção, e eu sabia que tava finalmente pronta pra isso. Eu nunca tive pressa pra que isso acontecesse, mas eu sentia que ali, naquele momento, não haveria ninguém melhor que Noah. Ele me beijava com muito carinho ao mesmo tempo em que me fazia querer cada vez mais, e aquilo me arrepiava dos pés à cabeça. Ele curvou seu corpo pra cima do meu, encaixando a sua cintura entre as minhas pernas, e eu puxei sua camiseta até que ele a jogasse pro lado, sentindo a sua pele quente com a ponta dos meus dedos. Ele parou por um segundo, esticando o braço pra trancar a porta e se desequilibrando no ar, me fazendo rir bem alto enquanto me encarava caído no chão.
- Você tá bem? - eu fui até ele, que ria também.
- Tô. - ele sorria de um jeito tão encantador que o meu coração gritava dentro do meu peito, querendo rasgar a minha pele e sair saltitando por aí. Ele era o garoto mais adorável, romântico e sensual do universo, e eu parecia me apaixonar a cada segundo mais.
- Como isso é possível? - eu pensava alto.
- O quê? Eu ser um desastre?
- Não. - eu abraçava o seu pescoço, caindo junto com ele no chão e sentindo o seu corpo inteiro colado com o meu. - Como é possível você me fazer sentir todas essas coisas?
- Joalin. - ele me olhava sério agora. - Você tem certeza disso?
O nosso beijo encaixava com enorme harmonia, suas mãos passeavam por todo meu corpo, e ele fazia meu pulso disparar. - Você não precisa perguntar duas vezes.
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Best for Last | Noalin
FanfictionO conforto das músicas no diskman, dos álbuns de bandas pop e dos telefonemas com seu melhor amigo não são mais o suficiente quando Joalin se interessa por três garotos de sua escola. Seu medo e insegurança complicam as suas escolhas, e ela encontra...