31. (i've had) the time of my life

642 64 13
                                    

O dia da formatura finalmente chegou. Assim que o despertador tocou, meu coração parecia acelerado na velocidade de um avião. Eu me sentei na beirada da cama, encarando o espelho e vendo a palavra "MEDO" escrita na minha testa. Considerando que durante toda aquela semana eu tinha dormido no máximo um total de 3 horas por noite, até que eu não aparentava tão cansada assim. Esses últimos dias haviam sido exaustivos, mas eu me diverti bastante com todas as despedidas dos professores, as horas livres com os meus amigos, e o alívio a cada projeto final sendo entregue.

Eu me levantei, indo até a porta do meu irmão e batendo na madeira algumas vezes, murmurando até que ele acordasse. Voltei até meu quarto, encarando a minha beca amarela pendurada na cadeira assim como mamãe deixou na noite anterior após passar e vaporizar algumas vezes. Fui até a janela, colocando os dedos na boca e dando um assobio bem alto. Segundos depois, um Noah bem descabelado e sonolento surgiu na janela, acenando.

- Acordei, acordei. Tô de pé.

- 15 minutos?

- Ok. Ok. - ele bocejava. Doía saber que aquela havia sido uma das últimas vezes que eu o veria ali, no parapeito da sua janela tão perto de mim. Aquele era mesmo o começo do fim.

Tomei um banho rápido e em poucos minutos já tava com meu vestido. Coloquei a beca, prendi um pedaço do meu cabelo em um scrunchie azul mesmo que o chapéu fosse tampar, e passei um batom bem claro pra tentar esconder a palidez. Assim que terminei, desci até a cozinha e encontrei o café da manhã preparado por mamãe. Ela parecia bem sorridente, mas eu conseguia ver no canto do seu olho um pouquinho de lágrimas recém secadas.

Não demoramos muito a comer, e assim que ouvimos as batidas na porta, nos levantamos para ir. Noah tava nos esperando na entrada de casa, e o amarelo da beca combinava tão bem com o seu sorriso que eu acabei sorrindo também. Ele me deu um beijo de bom dia, e nós fomos até o carro. Seus pais sairiam logo depois, no carro deles.

Assim que chegamos na escola, já conseguimos ver toda a movimentação nos corredores. Encontramos Hina, que tava junto com seus pais, e nós fomos todos até o campo de futebol onde aconteceria a cerimônia. Nós quatro fomos direcionados para as cadeiras posicionadas ao centro em frente ao palco, enquanto mamãe e os pais de Hina foram para as arquibancadas. O sol tava um pouco forte naquele dia, e o vento fazia o tecido das becas voarem, junto com alguns chapéus. Ao chegarmos nas cadeiras, fomos encontrando todos do nosso grupo e nos sentando. Eu fiquei entre Noah e meu irmão, com Hina e Krys ao nosso lado. Sina, Lamar, Diarra, Any e Shivani tavam na fileira da frente, e eles demonstraram estar bem animados quando nos viram. Segundos depois, Heyoon surgiu um pouco apressada, segurando alguns papéis bem amassados e rabiscados, e falando diversas coisas com Sina. Ela parecia nervosa enquanto se sentava e nos cumprimentava toda sorridente.

Nós conversamos por alguns minutos até que finalmente o hino da escola começou a tocar. Todos nos levantamos e cantamos juntos, e assim que terminou, voltamos a nos sentar. Foram feitas diversas homenagens aos professores, aos times esportivos, aos grupos acadêmicos e às diversas atividades que aconteceram nesse ano, e nós comentávamos tudo com muitas risadas e histórias que lembrávamos.

- Vamos receber agora, com muito carinho e muita honra, a oradora da turma de 1988, Heyoon Jeong! - os aplausos explodiram e nós gritamos bastante, desejando sorte e tentando acalmá-la. Ela se levantou e foi até o palco carregando os seus papéis, sorrindo e acenando pro campo enorme de futebol. Assim que chegou no pedestal e ajeitou o microfone, ela respirou fundo e fechou os olhos, sentindo agora um grande silêncio.

- Bom último dia, turma de 1988. - ela sorria muito, e era possível ver suas mãos tremendo enquanto ela tentava organizar seus papéis. - Bom... Eu tentei colocar em palavras esse sentimento. O sentimento que fica quando finalizamos alguma coisa, quando cumprimos uma tarefa. Meus amigos que conviveram comigo nesse ano acompanharam o meu desespero em ter que representar uma turma com meras palavras e frases bem montadas. Não foi fácil. E eu to percebendo agora que na verdade eu não preciso desses papéis. - ela amassava suas folhas, jogando-as no chão do palco.

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora