22. total eclipse of the heart

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Alguns minutos depois, Bailey foi embora para terminar de ajudar seus pais com o empacotamento das coisas. Eles mudariam para outro estado, então tinham mil documentos para arrumar e muitas malas para organizar. Mamãe e Josh chegaram pouco depois que ele saiu, e foram direto para seus quartos.

Meu coração parecia apertado, e eu sabia que não era só pela despedida de Bailey. Algo em mim gritava pela presença de Noah, e eu me sentia mal por termos nos afastado assim do nada. Eu tentava encontrar uma razão, e não queria acreditar que fosse por causa do tempo que eu passava com Bailey.

A casa de Noah tava em silêncio por boa parte da tarde. Eu precisava fazer alguma coisa. Peguei um pedaço de papel e escrevi "QUINTAL" em letras garrafais. Apoiei o recado na minha janela de um jeito que vento nenhum o derrubaria. Fui até a cozinha, preparei uma torrada e segui até o quintal do fundo de casa. O sol já tava se pondo e a grama tava bem aquecida. Me sentei na escadinha da varanda, comendo minha torrada e aguardando qualquer sinal de Noah. Talvez ele saiu, talvez eles estavam jantando, ou talvez ele não queria me ver. A voz dentro da minha cabeça criava mil motivos e coisas que eu teria feito que causariam seu distanciamento, e a cada segundo que passava, mais preocupada eu ficava. Eu devia ter percebido os sinais mais cedo. Seu silêncio constante, as palavras que ele não dizia e a expressão no seu rosto que parecia sempre demonstrar pequena angústia. E eu ignorei tudo isso, sem perguntar o que tava acontecendo e sem demonstrar o apoio que talvez ele precisasse. Eu com certeza era uma péssima amiga.

Já tava começando a anoitecer quando mamãe me gritou da cozinha. Eu não me movi. Tava prestes a desistir de esperá-lo, quando ouvi folhas quebrando ao serem pisadas, vindo da direção da sua casa. Assim que olhei, Noah se aproximou todo encolhido em seu moletom, um pequeno sorriso no rosto. Meu coração suspirou em um alívio, apesar da apreensão ainda me atormentar.

- Oi. - ele disse enquanto se sentava ao meu lado na escadinha.

- Oi.

Ele admirava o céu, que mostrava tons bem escuros de roxo, e eu o admirava, tentando adivinhar o que passava pela sua cabeça.

- Como foi a viagem? - eu cortei o silêncio.

- Foi boa. Eu descansei bastante. Nós voltamos antes porque meu pai teve uma emergência no trabalho. - eu sorri ao ouvir a seu tom que parecia tranquilo e amigável como sempre foi. - Como o Bailey tá?

- Com medo. Mas animado.

- Hm. - ele olhava agora para os seus pés.

- Noah, eu senti sua falta.

- É, eu também. - o tom dele parecia agora me culpar, de um jeito um tanto provocativo. Eu aceitava a culpa, e me culpava mais ainda.

- As aulas tomam quase todo o meu tempo, e o Bailey tá indo embora, então...

- Você quer passar a outra parte do tempo com ele. Eu entendo, Joalin. - ele tentava sorrir. Aquilo tava me massacrando.

- Noah...

- Você gostou da playlist do carro do Bailey?

- O quê? - ele encarava a confusão no meu rosto.

- Esquece.

As suas palavras pareciam cortes profundos nas minhas costas. Eu me inclinei na sua direção, tentando entender o que ele dizia, mas era como se ele tivesse me bloqueando de todas as formas possíveis.

- Do quê você ta falando? Que playlist?

- Joalin, não se preocupa com isso.

- Que playlist? - ele não dizia nada. - Noah, o que você quer que eu faça? O que você quer que eu diga? Me ajuda a entender o que você ta falando!

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora