25. should i stay or should i go

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Eu demorei alguns dias pra começar a me acostumar com a ausência de Bailey e Sabina. Com o retorno das aulas, grande parte do meu tempo era ocupada com estudos e preocupações sobre as matérias, mas no fim da tarde eu sentia um grande aperto no coração de saudade. O fim das férias de meio de ano parecia ter trago muitas mudanças, não apenas pela partida dos dois, mas algo em mim parecia um pouco diferente. Eu ainda frequentava a academia, dando aulas nas terças e quintas, e eu e Krys ainda almoçávamos todos os dias com Diarra e Any, mas as coisas pareciam um pouco estranhas.

Antes mesmo de eu começar a achar que Bailey e Sabina nunca mais se lembrariam de mim, eles me ligaram oito dias depois que foram embora. A ligação durou quase duas horas, porque Sabina me contou cada detalhe da cidade e da sua primeira semana no seu programa de dança. A voz de Bailey parecia tão diferente do que eu me lembrava, e isso me deu um pequeno nó na garganta. Ele me contou sobre sua nova escola e em como já tava participando dos treinos de futebol da escola, além de mencionar mais de 10 vezes sua nova amiga, Sofya. Ela parecia ser a pessoa mais legal do mundo, pelo o que ele me contava. Eles prometeram ligar novamente pra me trazer mais novidades, e mesmo que uma parte de mim esperasse por essa ligação todos os dias, a outra começava a compreender que mais cedo ou mais tarde esse contato se tornaria raro. E droga, eu sentia muita falta dos dois.

Eu e Noah começamos a frequentar a loja de discos mais vezes do que antes. Toda quarta-feira depois da aula a gente ia pro centro da cidade atrás de qualquer música nova que surgisse. Isso nos dava boas horas de conversa sobre os mais diversos assuntos enquanto procurávamos os discos novos e comentávamos sobre as bandas que conhecemos. Lógico que depois daquilo tudo o que ele me disse naquele dia eu comecei a entender melhor o que acontecia entre a gente. E era óbvio que eu gostava dele mais do que eu esperava. Mas nada entre nós parecia estranho ou forçado, e a gente parecia apreciar mais ainda a presença um do outro. As coisas entre nós pareciam fluir do nosso jeito particular, e isso eu não tinha com nenhuma outra pessoa. O meu maior medo de todos era estragar tudo.

Nas sextas-feiras lá pro fim da tarde o nosso grupo se reunia na lanchonete. A gente pedia nossos sanduíches e milk-shakes e comentávamos sobre como havia sido a semana. Sina e Lamar finalmente assumiram que estavam juntos, isso depois de passarem pelos corredores da escola todos os dias de mãos dadas do jeito mais romântico possível. Heyoon compartilhava seu desespero em ter sido eleita a oradora da nossa turma, contando que já tava começando a planejar o seu discurso de formatura. Era estranho imaginar que em poucos meses estaríamos terminando o ensino médio, e as conversas sobre faculdades e o-que-faremos-depois-da-escola eram cada vez mais inevitáveis.

Em uma madrugada de sábado eu terminei a minha mixtape pro Noah, depois de meses trabalhando nela. Eu consegui juntar em 14 músicas vários sentimentos e lembranças que me remetiam à ele, e foi só ouvindo ela finalizada que meu coração entendeu o que tava acontecendo há um bom tempo e que eu tentava esconder.

- Eu acho que gosto mesmo do Noah. - eu disse com todas as palavras, me encarando em frente ao espelho. Hina olhava pra mim deitada na minha cama, pronta pra dormir. Ela tava passando a semana com a gente enquanto seus pais tavam no Japão por alguns dias, e eu tava amando tê-la como minha breve colega de quarto.

- Joalin. Você gosta dele há um tempão. E só você não sabia disso.

- Você sabia? - eu fui até ela, sentando na beirada da cama ao seu lado. Dali eu conseguia enxergar a janela do quarto de Noah, a pouquinhos metros de distância.

- Todo mundo sabia. Bom, quase todo mundo, eu acho. Era meio óbvio, não?

- Meu irmão sabia?

- Pfffft. - ela deu uma risada. - A gente fala sobre vocês dois há mil anos.

- O QUE?

- É!!!! A gente repara muito em vocês dois. Não é difícil reparar, na verdade. Ele é gentil com todo mundo, mas com você... Sempre foi diferente, sabe? E quando você tava saindo com o Bailey, meu Deus... Parece que toda a energia daquele garoto foi embora, eu fiquei bem preocupada. Era meio frustrante ver que nunca dava certo pra vocês dois. 

- Ok...

- Mas e aí? O que vocês tão esperando? - ela fez meu coração acelerar e eu realmente não sabia a resposta pra isso.

- Eu tenho medo, Hina.

- De estragar tudo, né?

- Sim... - ela se ergueu na cama, se sentando pertinho de mim e segurando minha mão.

- Joalin, às vezes a gente tem que arriscar, sabe? Você sempre torceu pra felicidade de todo mundo, tá na hora de torcer pra sua. - ela sorria do jeito mais aquecedor de todos, e suas palavras pareciam fazer as coisas na minha cabeça clicarem. Eu não tinha nem como responder à isso, e ela sabia que meu silêncio era um tipo de resposta. - Reflete isso no seu sono, pode ser? Eu to exausta.

- Ok, te amo. - ela me deu um abraço de boa noite, e eu me levantei pra apagar a luz. Corri até a cama e me deitei ao seu lado, sabendo que passaria aquela noite em claro tentando pensar no que fazer. Ela, mais uma vez, tava certa, mas enquanto eu me lembrava de tudo o que Noah havia me falado, eu ainda sentia uma enorme insegurança em tomar alguma decisão sobre isso. O meu medo de estragar tudo e perder a amizade de Noah me assombrava a cada minuto.

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora