35. love my way

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O tempo passou relativamente rápido. Eu comecei a frequentar diariamente a escola de dança do nosso padrasto, e junto com Josh cheguei até a dar algumas aulas de break-dance, o que era bastante animador e nostálgico. Na volta pra casa, nós dois comentávamos todo dia sobre o casamento, apostando sobre quem iria, ou como era o noivo de Sabina e como seria a festa. A gente também ia na praia quase sempre, e eu acabei fazendo grandes amizades com algumas meninas da escola de dança.

Assim que terminamos de organizar as passagens, a hospedagem e as nossas pequenas malas, o dia da viagem finalmente chegou. Eu não conseguia conter meu entusiasmo, considerando que eu me reencontraria com Sabina e Bailey depois de mais de cinco anos, e também porque eu conheceria Nova York.

Mamãe nos levou ao aeroporto logo de manhã, e não demorou muito até que estivéssemos na sala de embarque. Em poucas horas o avião já sobrevoava sobre as enormes metrópoles americanas, e eu e Josh passamos a viagem toda conversando sobre a faculdade e nossos últimos anos na nossa cidade natal. Hina nos esperava no saguão do aeroporto, e assim que nos reencontramos, ela me nocauteou num abraço bastante demorado. Ela me apertava bem forte e eu dizia o tanto que senti sua falta. Nós três fomos até nosso hotel em Nova Jersey e assim que nos acomodamos, eu finalmente consegui perceber pela janela a vista linda da cidade do outro lado do lago. Meu coração sorria de tão alegre em estar ali.

Os próximos dois dias foram bem corridos. Nós três saíamos bem cedo do hotel para conhecer o máximo que conseguimos de Manhattan, e cada detalhe daquela cidade me encantava de um jeito incrível. Nós conhecemos a maioria dos pontos turísticos de Nova York, experimentamos diversas comidas diferentes e compramos algumas coisas para mamãe. Eu sentia muita falta de passar tempo junto do meu irmão e de Hina, e a companhia dos dois era tão agradável como sempre foi. Nós aproveitamos cada segundo ali.

O dia do casamento finalmente chegou, e nós acordamos bem cedo e já começamos os preparativos. Hina me ajudou com meu penteado e eu a ajudei com a maquiagem, e assim nós levamos algumas horas para ficarmos prontas, considerando as nossas constantes distrações e pedidos de socorro de Josh. Hina usava um vestido todo florido e prendeu os cabelos em dois coques assim como havia feito na noite do baile há cinco anos. Ela ficava encantadora com esse penteado. Meu vestido era num tom claro de violeta, e Hina encheu meu cabelo de tranças e fiapos jogados ao lado. Meu irmão vestiu um terno creme com uma gravata florida combinando com o vestido de Hina, e antes de ficarmos prontas, ele surgiu com vários sanduíches e milk-shakes para almoçarmos. Assim que terminamos tudo, já chamamos o táxi e já estávamos a caminho do lugar da cerimônia.

Sabina e Pepe escolheram um pequeno hotel no leste de Manhattan para se casarem, e assim que chegamos já conseguimos ver diversos detalhes floridos por onde passávamos. O saguão do hotel tava um pouco movimentado, contendo na sua entrada um banner com uma foto dos dois, e era impossível negar que eles formavam um casal incrível. Diversas pessoas aguardavam na bela recepção do hotel, que possuía leves traços de arquitetura renascentista agora cercada por inúmeros arranjos de flores bem coloridas. Meu coração deu um leve pulo assim que avistei e reconheci as costas de Sina e Lamar, conversando em um círculo com Shivani e Heyoon. Nós três nos aproximamos e recebemos calorosos abraços e sorrisos deles. Sina não tinha mais os cabelos coloridos e Lamar parecia mais alto do que eu me lembrava. Shivani ainda tinha o sorriso mais lindo do universo e Heyoon despejava seus enormes cabelos ondulados embaixo de um semblante grandemente entusiasmado.

- Por favor me digam que o casamento de vocês é o próximo. - Heyoon dizia sorrindo para Hina e Josh, que entrelaçavam os braços um ao outro. Os dois deram uma risada nervosa, se entreolhando e não revelando nenhum detalhe recente do relacionamento que seguia tão firme por mais de cinco anos agora.

- E o de vocês, hein? - meu irmão revidou o comentário à Sina e Lamar, que ainda combinavam de um jeito extraordinário.

- A nossa ideia de casamento é bem longe da tradicional. - Lamar ria. - Tem mais a ver com escaladas em montanhas e travessias em rios congelados. Nada de cerimônias.

Sina depositou um beijo no ombro de Lamar, que sorria com os olhos brilhando. Nós conversamos mais um pouco enquanto várias pessoas ainda chegavam. Diarra e Any surgiram minutos depois, tão estonteantes como sempre foram. Krys chegou todo apressado com medo de ter perdido o começo da cerimônia, mas aparentemente Sabina e Pepe tavam levemente atrasados. Eu abraçava os ombros de Krys enquanto ele me contava sobre seu hotel que ficava ao lado de um galpão de ensaios de uma banda de Jazz que tocou pela madrugada inteira. Mesmo me reencontrando com Krys duas vezes nesses anos que estivemos na faculdade, eu sentia a sua falta abruptamente. Era como se toda vez que a gente se via, ele trazia consigo um pouco da minha extroversão e facilidade de falar com as pessoas, coisas que eu tive que construir sozinha nesses cincos anos.

Eu me perguntava agora onde ele tava. Se ele veio, se ele não recebeu o convite. Se ele não quis vir. Se ele tava ocupado com outras coisas, longe daqui onde eu não faço ideia. Se ele havia esquecido totalmente do nosso grupo de amigos, se ele nem ligava mais pra isso. Eu não recebia suas notícias desde as nossas últimas cartas trocadas. Eu sabia que meu irmão trocava alguns telefonemas com ele de ano em ano, mas eu não perguntava nada por mero orgulho. Eu não o culpava por nada, afinal, não havia motivos pra isso. E eu não ressentia o nosso afastamento. Demoraram alguns meses, mas eu consegui entender sozinha que aquilo era necessário de certa forma. Então depois de um tempo eu me acostumei a não saber nada sobre a existência de Noah Urrea, mas agora a possibilidade de reencontrá-lo trazia milhares de sentimentos à tona. E eu não sabia se isso era bom ou ruim.

- É o Bailey? - Shivani disse em um susto assim que um movimento surgiu na escadaria na entrada do hotel. Os pais de Sabina passaram um pouco apressados, indo logo em direção ao salão da cerimônia. Bailey vinha logo atrás no mesmo passo, de mãos dadas com uma garota loira que mais parecia uma fada toda sorridente. Ele tava do mesmo jeito que eu me recordava, exceto pelo seu cabelo que agora cobria um pouco do seu rosto. A garota ao seu lado desfilava um vestido que mais parecia uma exposição botânica bem delicada, com borboletas bordadas por toda sua extensão, cercadas de flores bem coloridas. Uma borboleta também pousava no seu cabelo, todo prendido pra cima com alguns fiapos caídos ao lado. Meu Deus ela era encantadora, e se não me engano, era a garota da fita de dança que Sabina me mandou há alguns anos.

- Acho que isso é sinal para entrarmos. - Diarra cortou o silêncio que todos nós mantemos enquanto admirávamos a acompanhante de Bailey. Tava todo mundo boquiaberto com a garota.

Nós seguimos o movimento dos convidados e fomos entrando aos poucos, vendo a decoração do altar que era simplesmente deslumbrante. Eu me sentia em uma pintura renascentista toda romântica, e isso me fazia sorrir pois eu imaginava o esforço de Sabina pra fazer tudo isso acontecer. Logo que entramos no salão, Heyoon se virou e olhou por cima do meu ombro. Ela sorriu. Meu coração congelou.

- Aí está você. - ela dizia com o tom um pouco irritado. O cheiro dele era o mesmo, e invadia todo o meu corpo num choque absurdo. Heyoon sinalizou para andarmos logo e foi seguindo em frente, mas eu não conseguia sair do lugar. Eu não sabia o que fazer.

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