14. holding out for a hero

762 103 5
                                    


O restante do fim de semana foi silencioso e frio. Eu passei o dia todo no meu quarto, lendo um livro e ouvindo música. Eu tava planejando em retribuir o presente de Noah e fazer uma playlist pra ele também, mas praticamente todas as músicas boas já tavam na fita que ele me deu. Mamãe passou o domingo assistindo TV, e Josh estudando. À noite, ele e Hina foram à piscina comunitária do clube da cidade para treinarem, pois as competições de natação da escola tavam chegando.

Mais uma semana que passou correndo. Eu encontrava com Krys todo começo de manhã, ele me contava alguma coisa pra tentar me animar e me distrair, a gente lanchava com Di e Any e eu voltava pra casa no fim da tarde. Na terça-feira, eu encontrei com Sina e Shivani no corredor, e tivemos uma conversa breve. Elas me perguntaram porque eu e meu irmão não fomos no basquete, e elas definitivamente sabiam da resposta, mas talvez queriam ouvir de mim. Depois Sina me disse que sentia muito por tudo que aconteceu, e que ficou triste de ter acontecido na sua casa sem que ela ajudasse de alguma forma. As duas me pediram desculpas e eu aceitei, com todo o meu coração.

Na quarta-feira enquanto eu saía da sala, trombei com Bailey, que passava correndo. Minhas coisas caíram no chão e ele me ajudou a pegá-las, e antes de desaparecer de novo, ele sorriu e disse que sentiu minha falta no basquete nos últimos dias. Antes mesmo de eu dizer alguma coisa ele saiu desesperado, provavelmente atrasado pra alguma coisa.

Na quinta-feira tive aula de laboratório com Lamar. Ele chegou atrasado, olhou pra mim preocupado e eu concentrei toda minha energia em não pensar nele durante o resto do período. Assim que o sinal bateu eu saí apressada, inconscientemente querendo evitar um contato ou uma conversa ali e agora. Krys veio logo atrás de mim, e depois disso não vi Lamar mais naquela semana.

Noah surgia às vezes no fim do dia, quando minha mãe chegava em casa e os dois conversavam por uns segundos em frente a nossa caixa de correio. Ele também aparecia na janela do seu quarto à noite e a gente se comunicava através de gestos. Nossas provas de meio de ano estavam se aproximando, e ele parecia estar bem dedicado com seus estudos.

Acordei no sábado de manhã com o telefone tocando. Mamãe atendeu, mas eu não desci pra saber quem era, só ouvi ela dizendo que eu tava dormindo. Poucos minutos depois eu desci, encontrando ela e Josh sentados à mesa.

- Era pra você. - ela disse. - Um tal de Lamar. É aquele mesmo que ligou daquela vez?

- Sim. - Josh me olhava calado.

- Ele pediu pra você ligar de volta.

- Ah.

- Deve ser ajuda com algum trabalho, né?

- Uhum.

Eu me sentei junto com eles e nós comemos. Ela comentava do seu serviço, contando suas histórias com suas amigas nessa semana.

- Josh, que horas é a competição amanhã? - eu perguntei alguns minutos depois.

- 9h. Mas eu tenho que ir às 8h.

- Nós podemos ir antes também? - mamãe perguntou.

- Sim, se vocês quiserem. Claro.

- Ok!!

Nós terminamos de comer e eu subi pro meu quarto. Queria esperar algum tempo antes de ligar de volta, porque precisava me concentrar em não cair na conversa dele outra vez. Ele não me convenceria, não de novo. Continuei estudando durante o dia e quanto me lembrei da ligação, já havia anoitecido. Corri até a cozinha e peguei seu número que tava anotado em algum papel. Chamou algumas vezes até que ele atendeu.

- Alô? Joalin? - a voz dele soava meio preocupada.

- Sim.

- Tá tudo bem?

- Sim. E com você?

- Olha... Eu queria ter falado com você antes. Me pedir desculpas, pelo o que aconteceu. Mas não te vi no basquete, e não conversamos na aula.

- Pois é. - eu queria ver aonde ele tava indo com aquilo.

- Eu exagerei, né? Não devia ter te exposto daquele jeito, falado aquelas coisas... Te humilhado.

- É...

- Você não precisava ter presenciado aquilo.

- Como assim?

- Você ficou desconfortável. Talvez se tivesse saído do armário 1 minuto depois, a gente tava de boa.

- Então quer dizer que se eu não tivesse visto e ouvido aquilo, tava tudo certo?

- Bom... Joalin, é que...

- Você não entendeu o que aconteceu, né? Alguém te deu as falas prontas e você só repetiu. Lamar, eu fiquei chateada com a situação, me senti péssima de ficar parada ouvindo aquelas coisas a meu respeito. As risadas, a exposição.

- Me desculpa, de verdade. É o meu jeito, sabe? Eu já tentei mudar... Eu sou assim. Eu tento lidar com as coisas do jeito mais humorado possível, eu não imaginava que isso ia te chatear.

- Ah. Tá tudo certo. Não se preocupe comigo, Lamar. Nós estamos bem, ok? Sem clima ruim, sem muito contato. Eu entendi, agora. - eu fui um pouco irônica, querendo esconder que na verdade aquilo ainda me chateava, e no fundo eu sabia que a melhor escolha era não me aproximar mais de Lamar. Nós desligamos o telefone e assim que o coloquei no gancho, percebi que um silêncio tomava conta de casa.

Respirei fundo, subi as escadas e fui até meu quarto. Coloquei a fita que Noah que me deu, deitei na cama e esperei que esse sentimento passasse. Eu tava um pouco triste, pois a companhia de Lamar era incrível, ele me fazia rir, parecia ser tão protetor e alegre o tempo todo, mas se ele não reconheceu que aquilo me chateou, eu infelizmente não conseguiria ter um vínculo mais próximo com ele. Talvez poderíamos continuar sendo amigos, mas querendo ou não, isso deixaria as coisas um pouco estranhas entre a gente. Eu não sei como de repente a metade dos meus problemas surgiram por causa de garotos que antes nunca tiveram efeito em mim. Porquê será que do nada isso tava acontecendo?

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora