18. walking on sunshine

772 87 42
                                    

Na tarde seguinte, escutei uma longa buzina na porta de casa e logo presumi que era Sabina. A encontrei no carro e ela parecia muito mais entusiasmada que eu. Nós chegamos na academia em poucos minutos, e o nervosismo tomava conta de mim. Ela me mostrava cada canto do lugar, explicando sobre as aulas que aconteciam, os professores, a idade dos alunos e como tudo funcionaria. Fui aos poucos ficando mais tranquila, até que ela me mostrou a sala que eu usaria para as minhas aulas, que era enorme e cheia de espelhos. Eu a entreguei a fita com as músicas que usaria, e ela colocou no som. Nós duas nos sentamos no chão de frente uma pra outra, e ela segurava minhas mãos, pedindo pra que eu fechasse os olhos e respirasse fundo. Em poucos minutos, consegui me acalmar, graças também ao pequeno aquecimento que fizemos com algumas músicas de fundo.

Assim que as crianças foram chegando o medo voltava a aparecer, mas eu continuava me mexendo e as convidava pra dançar comigo também, e isso parecia me tranquilizar mais ainda. Sabina se encostou na porta de entrada, conversando com quem aparecesse ali. Quando percebi, a sala tava bem cheia com um monte de crianças bem animadas e dispostas a dançar. Depois de me apresentar, começamos a dançar de um jeito bem descontraído da maneira que quisessem pra gente se acostumar primeiro com tudo. Aos poucos, eu e as crianças fomos ficando bem mais à vontade com a aula, e nós nos divertimos muito.

A hora se passou e eu nem notei, só percebi meu suor e o vazio da sala quando a fita chegou ao fim. Sabina aplaudia no fundo, ao lado de Krys, que eu nem tinha visto antes.

- Você foi maravilhosa, Jojo. - ela disse toda animada. Krys se aproximou sorridente, evitando me abraçar por causa do suor.

- Eu cheguei tarde, mas ouvi as criancinhas falando muito bem de você.

- Ahhhh!!!!!! - eu tava bem feliz. Tinha acabado de vencer um dos meus maiores medos, considerando que eu sempre só dançava sozinha no meu quarto sem ninguém ver. Eu tava muito satisfeita e orgulhosa de mim mesma.

Os dias foram passando e eu passei a dedicar todo o meu tempo pro planejamento das aulas, pra me aquecer e descansar. Eu só pensava em dançar, 24 horas por dia. Krys passou a aparecer em todas as aulas, se sentando no canto e rindo enquanto olhava as criancinhas dançar. Elas já tavam se acostumando com ele, e às vezes tentavam o convencer de dançar também, mas ele recusava de um jeito bem fofo. Tudo tava indo muito bem, eu tava conseguindo passar pras crianças o que eu sabia fazer e quais os principais passos de break iniciante, e elas pareciam gostar muito. Eu já não me sentia tão nervosa, até que um dia Bailey apareceu na minha aula.

Ele foi até Krys e os dois conversaram alguma coisa até que Bailey entrou no meio das crianças e começou a dançar também, acompanhando os passos que eu fazia. Eu tentava não rir, mas ele tava tão adorável dançando daquele jeito no meio de várias menininhas que o rodeavam. Depois de um tempo, Krys acabou dançando também, e eu sabia que ele fez aquilo pra me deixar menos nervosa com a presença de Bailey. Ele me conhecia tão bem. Algum tempo depois, a aula acabou e as crianças foram embora, e assim que desliguei o som e me virei, Bailey e Krys tavam jogados no chão, inundados de suor.

- Como você consegue fazer isso todos os dias? - Bailey dizia ofegante.

- Já ficou natural. - eu estiquei meu braço, o ajudando a levantar. Krys se sentou, rindo do seu estado.

- Eu com certeza não faço mais exercício nos próximos 5 meses. - ele sorria.

Eu recolhi minhas coisas e nós saímos da sala após Bailey apagar as luzes. Fomos até a porta da academia, nos sentando nos banquinhos que ficavam ao lado da entrada.

- Minha irmã deve tá terminando a aula dela. - Bailey dizia ainda com um pouco de suor escorrendo no canto do seu rosto. Ele me olhava, e eu comecei a sentir alguma coisa no meu estômago. Não sabia se era fome, ou dor de exercício, ou até mesmo borboletas. Algo em Bailey me fazia sentir um frio na barriga, e eu aparentemente gostava daquela sensação.

- Vocês tão com fome? - Sabina surgiu do nada, com sua animação de sempre.

- SIM. - Krys gritou se levantando, recuperando seu fôlego. Seguimos Sabina até seu carro e em poucos minutos chegamos na Big Richie's. Bailey sentou ao meu lado, e do outro lado da mesa, Sabina e Krys. Nós pedimos nossa comida e comentamos sobre as aulas e Sabina contava pra gente que tava preparando uma mini performance pros pais dos seus alunos. Em um susto, ela se levantou e saiu correndo dizendo que tinha esquecido alguma coisa no seu carro, e desapareceu. Segundos depois, Krys foi até o banheiro, sobrando eu e Bailey na mesa. Ele me olhava.

- Por quê você me olha tanto? - eu perguntei antes mesmo de pensar no que tava falando. Ele sorriu.

- Eu preciso de motivos?

- Talvez.

- Sua aula foi muito divertida. - ele fugiu do assunto. - As crianças com certeza gostam muito de você. Dava pra ver.

- Muito obrigada. - eu sorria de volta. - Por quê você apareceu lá hoje?

- Minha irmã me chamou. - ele percebeu que não conseguiu me convencer. - E eu tava curioso pra te ver dando aula.

- Ah. - ele me fez arrepiar um pouco.

- Joalin, você quer sair comigo? 

O QUÊ? O QUÊ? BAILEY ME CHAMANDO PRA SAIR? O QUE TAVA ACONTECENDO?

Antes mesmo de eu dizer alguma coisa, Sabina voltou e se sentou na mesa. Ela dizia algo sobre sua carteira no carro, mas eu não conseguia ouvir nem entender direito. As borboletas no meu estômago pulavam e saltitavam e eu tentava esconder a cor das minhas bochechas. Isso tava acontecendo de novo?

- O que foi? - Sabina olhava pra nós dois, um pouco desconfiada.

- Eu tava falando pra Joalin como a aula dela foi legal. - ele falava sorrindo. Krys voltou do banheiro, e pouco tempo depois nossa comida chegou. Foi difícil comer, considerando o efeito que Bailey tava causando em mim. Eu tava nervosa e ao mesmo tempo querendo rir, porque não acreditava no que tava acontecendo. Enquanto a gente comia, Bailey esbarrava sua mão na minha e seu joelho no meu, mantendo o meu nervosismo constante a todo momento. Era só o que me faltava, eu tava começando a gostar de Bailey.

Best for Last | NoalinOnde histórias criam vida. Descubra agora