O domingo chegou. Assim que acordei, fui até a cozinha e tomei café com mamãe. Josh tinha saído mais cedo pra andar de skate com Noah, e eu havia passado a noite anterior tentando escrever uma carta pro Bailey. Eu ainda me sentia culpada por tudo o que havia acontecido essa semana que me fez perceber como meus sentimentos por Noah eram tão presentes e fortes, e eu queria deixar tudo bem claro pro Bailey quando ele partisse. Eu não sei se o veria novamente, e isso partia o meu coração, mas eu precisava ser honesta. Minha vontade era termos tido tempo para conversar sobre isso antes, mas eu não queria deixá-lo chateado logo na hora da sua despedida.
Assim que terminei o café, me arrumei e fui até a casa de Sina. Ela e Heyoon já tavam na cozinha organizando tudo o que tínhamos pra fazer, e Lamar chegou logo depois de mim. Nós fizemos todos os cupcakes, panquecas e o bolo, além de arrumarmos a decoração com balões coloridos e uma faixa enorme escrita "Até logo Sabi-Bailey". Ver tudo aquilo pronto me deixou um pouquinho mais triste.
Eu havia me encontrado com os dois na academia na sexta-feira, e nós fomos comer na lanchonete no fim da tarde. Sabina chorava bastante por aquela ter sido a sua última aula, e ainda mais por seus alunos terem feito uma despedida pra ela também. Bailey queria esconder, mas eu conseguia perceber como ele tava triste, e eu tentava a todo custo conversar sobre outras coisas, mas parecia que tudo tinha a ver com a partida deles. Krys tentava me ajudar e animar os dois, mas só depois eu fui entender que aqueles sentimentos eram inevitáveis nessa situação. Os dois jantaram em casa com a gente nesse dia, e até a Hina foi também. Nós pedimos pizza e rimos bastante, o que me deixou um pouco mais tranquila. Mamãe dizia como sentiria falta dos dois e ainda deu a ideia de irmos visitá-los algum dia porque ela sempre sonhou em ir pra Nova York.
Assim que nós terminamos de arrumar as comidas e a decoração, Sina ligou para Sabina dizendo que ela precisava passar lá na sua casa e buscar um presente de despedida que ela queria dar.
- Sabi, o presente é um pouco grande e eu não to com o carro dos meus pais hoje. O Bailey pode ajudar a carregar? - Sina dizia se segurando pra não rir, enquanto eu, Lamar e Heyoon torcíamos pra dar certo. - Ok. Beijos. Até mais.
Ela desligou o telefone, nos encarando.
- E aí??? - Lamar perguntou todo ansioso.
- Temos meia hora! - ela disse desesperada. Nós começamos a correr, terminando de arrumar as coisas enquanto aos poucos o resto do grupo ia chegando. Meu irmão chegou com Hina e Noah, e logo depois Krys, Any e Di apareceram. Shivani chegou apressada, carregando várias sacolas com refrigerantes e doces dentro.
Lamar vigiava a rua por uma fresta na cortina, e ia gritando a cada carro que passava. Tudo tava finalmente pronto, e aguardamos alguns minutos até que ele deu um grito, sinalizando com os braços que o carro havia estacionado na porta da casa de Sina. Nós nos escondemos na sala de estar, nos espalhando embaixo das mesas, atrás dos sofás e cortinas, e ficando em total silêncio. Assim que a campainha tocou, Sina demorou alguns segundos e foi atender, abrindo a porta pros dois.
- Oi. - ela dizia séria. - Mil desculpas, vocês devem tá com muita pressa hoje, mas minha mãe teve essa ideia de presente e eu adorei. Tá ali na sala, Bailey, você pode me ajudar?
- Ok, claro.
Ouvimos seus passos apressados até que eles se aproximaram e todos nós gritamos o mais alto que podíamos.
- SURPRESAAAA!!!!!!!!
A gente soprava apitos, jogava papel em cima deles e pulava em volta dos dois. Não demorou muito até Sabina começar a chorar, e eu juro que Bailey deixou algumas lágrimas caírem também. Os dois ficaram admirados com toda a decoração que fizemos, agradecendo muito por aquilo e abraçando cada um de nós. Meu abraço com Bailey foi tão longo que era como se ele conseguisse deixar pra trás um pouquinho do carinho que nós construímos um pelo outro. Eu com certeza sentiria a sua falta.
Nós comemos bastante e todos conversamos muito sobre nossas lembranças preferidas com os dois, e eu tentava não chorar, mas despedidas pra mim sempre foram muito difíceis. Krys falava sobre como Sabina o acolheu tão bem e como havia sido fácil criar vínculo com os dois, pois eles eram as pessoas mais dóceis da cidade. E eu concordava. Ficamos um bom tempo ali até que a hora deles se aproximou mais ainda. Eles pegariam um ônibus até a cidade vizinha, e de lá iriam de avião até Nova York. Sabina queria fazer um discurso, mas seu choro a impedia de dizer qualquer coisa.
- Eu faço. - Bailey disse agora um pouco sério, e meu coração doía cada minuto que passava. Ele respirava fundo e segurava a mão de Sabi, que chorava entre soluços. - Eu posso tentar falar, mas eu sei que minha irmã faria isso muito melhor que eu. Ela sempre teve mais jeito com as palavras, e ela sempre foi mais carinhosa que eu... Mas nesses anos que moramos aqui, eu acho que nós pegamos um pouquinho de cada um de vocês e guardamos aqui dentro. É muito difícil olhar pra todos vocês e não começar a sentir saudade do tempo que passamos juntos, das nossas partidas de basquete e dos lanches da madrugada no Big Richie's. E também é muito difícil não sentir medo porque não vai ser fácil encontrar pessoas tão legais e divertidas que nem vocês... A gente vai sentir muita falta de cada um aqui. E mesmo longe, a gente ainda quer fazer parte disso, ok? Obrigado pelas risadas, pelo carinho e por essa despedida que eu já desconfiava, mas a Sabi me falava que não queria uma festinha de despedida porque ela não lavou o cabelo hoje e porque não gosta que as pessoas vejam ela chorando. Mas vocês são os melhores, e a gente nunca vai esquecer de vocês. Vamos mandar lembranças de Nova York sempre que possível, eu prometo, ok?
Nós nos juntamos num abraço em volta dos dois, e eu percebi que eu também tava chorando. Terminamos de comer o bolo quando Sabi percebeu o horário e gritou em desespero. Eles tinham poucos minutos sobrando, e após se despedirem de todos individualmente e eu e Sabi nos abraçarmos por um bom tempo entre lágrimas e soluços, Bailey surgiu na minha frente pra nossa última despedida. Eu já chorava antes mesmo de falarmos alguma coisa.
- Eu escrevi pra você. - eu o entreguei a carta que fiz e segurei sua mão.
- Joalin... - ele sorria. - Você é a garota mais incrível que eu já conheci, tá bom? Não esquece do tanto que você é boa e merece só coisas maravilhosas na sua vida. Eu amei conhecer você e me aproximar mais um pouquinho desse seu universo lindo que você tem aí dentro.
- Bailey...
- Não precisa falar. Eu sei, ok?
- O quê?
- Eu sabia, mas eu tentava não enxergar isso. E ele veio conversar comigo ontem. Olha, eu torço muito pra vocês dois, mas acima de tudo eu torço pra que você consiga perceber a infinidade de coisas boas que você é. Não esquece disso, você promete?
- Espera... O quê? - eu gaguejava, sendo inundada de mil perguntas e de muita confusão.
- Me promete, Joalin.
- Ok. Eu prometo. - eu disse procurando toda a honestidade dentro de mim. Bailey me abraçou, com certeza sentindo o meu coração batendo bem forte. Eu tava sentindo o seu calor e seu cheiro pela última vez...
- Eu vou te ligar, tá? Não se preocupa.
- Tá bom. - ele segurou meu rosto, beijando minha bochecha enquanto a gente ouvia a voz de Sabi chamando. Em menos de um minuto eles saíram apressados, dando tchau e dizendo o quanto amavam nosso grupo. Nós corremos até a calçada, acenando sem parar e gritando até eles sumirem de vista. Bailey e Sabina haviam mesmo ido embora.
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Best for Last | Noalin
FanfictionO conforto das músicas no diskman, dos álbuns de bandas pop e dos telefonemas com seu melhor amigo não são mais o suficiente quando Joalin se interessa por três garotos de sua escola. Seu medo e insegurança complicam as suas escolhas, e ela encontra...