5 anos depois
As músicas no meu disk-man continuavam praticamente as mesmas. Muitas novas foram adicionadas, e com a virada da década, diversos artistas revolucionários surgiram. Mas eu ainda escutava todos os dias a mixtape que Noah havia feito pra mim... Era de certa forma reconfortante, principalmente nos primeiros anos sozinha.
O avião que me levava agora para o México era tão silencioso que o volume dos meus fones ecoava a diversas poltronas de distância. Eu fazia essa viagem diversas vezes desde que mamãe se mudou. Ela e o dono do restaurante mexicano se casaram um ano depois que eu fui embora e se mudaram para a cidade natal dele, e eu e Josh o considerávamos como o pai que nunca tivemos. Mamãe nunca foi tão feliz em toda sua vida.
Esse mês havia sido meu último no Michigan. A faculdade acabou se tornando um enorme presente que me fez descobrir tanta coisa, pessoas e lugares novos que eu sentia como se um universo totalmente diferente tivesse surgido dentro de mim. Tudo o que eu temia acabou se dissipando em poucas semanas, e essa experiência foi a mais louca de todas. Eu morei sozinha por cinco anos no dormitório do campus. Nós não tínhamos colegas de quarto, mas não foi difícil fazer amizade ali. No começo eu me sentia muito sozinha, mas acabei apreciando a minha presença todos os dias e isso me fez perceber que durante anos procurando alguém ou algo que me completasse, eu não notava que a pessoa mais importante na minha vida era eu mesma. Descobrir isso foi um processo longo, que eu tenho muito orgulho em dizer que consegui.
No primeiro ano eu voltei pra casa três vezes. Eu e meu irmão fomos visitar mamãe no seu aniversário logo no começo do ano, que coincidiu com o feriado da Páscoa. Também fomos pra lá no 4 de julho e no Natal, e depois disso eu nunca mais voltei naquela cidadezinha. Nós nos reencontramos com Krys, Sina e Shivani apenas uma vez e eu percebi que eles faziam muita falta, mas depois de um tempo eu me acostumei com as diversas ausências inevitáveis. Eu e Noah trocamos algumas cartas no começo e contávamos um pro outro cada mínimo detalhe das nossas novas rotinas, das pessoas novas que conhecemos e claro, das músicas. Nós não nos vimos nenhuma vez nesses cinco anos. A gente tentava combinar os feriados para nos encontrarmos, mas o destino acabou nos separando mais rápido do que eu imaginava. As cartas foram demorando cada dia mais, eu esquecia de responder, ele esquecia de responder, e quando percebi a gente não se falava mais. Isso foi dolorido, sem dúvidas. Eu sentia a sua falta todo santo dia, mesmo anos após o nosso último contato. A maioria das atividades que eu fazia eu queria contá-lo, mas algum tempo depois eu finalmente acabei aceitando que algumas coisas duram, e outras não. E isso é normal.
Josh e Hina continuaram juntos, mesmo com a distância. Ela viajou para o México junto com a gente no Natal passado, e os dois tavam planejando uma viagem pro Japão nos próximos meses. Era incrível ver que mesmo a quilômetros de distância, os dois pareciam se amar cada dia mais.
Assim que o avião finalmente pousou, eu demorei cerca de meia hora para chegar na casa de mamãe. Eles moravam praticamente na beira da praia, o que era bem diferente das nevascas que a gente enfrentava na nossa cidade natal. Mamãe me recebeu com muito entusiasmo, me levando até o quarto que eu e Josh até então dividíamos sempre que visitávamos. Ele havia chegado há algumas semanas, e eu já ria da sua bagunça jogada pelo chão do quarto.
- Os dois estão na escola de dança. - mamãe dizia colocando minhas malas ao lado da cama. - Antes de se ajeitar aí, preciso te entregar isso.
Ela pegou um envelope que tava em cima da cômoda, o qual eu não tinha percebido ainda. Em sua frente tava escrito "para Josh e Joalin, a dupla Jo-Jo". Meu coração acelerou um pouquinho, e eu sentia a familiaridade na caligrafia agora um pouco mais amadurecida de Sabina. Eu sorri sem mesmo notar.
- Seu irmão quis te esperar antes de abrir... Chegou faz uns dois dias. Você sabe o que é?
- Mãe, eu não tenho contato com Sabina há anos... Não faço ideia do que deve ser.
Eu passei um bom tempo tentando adivinhar do que se tratava, mas resolvi tomar um banho e organizar minhas coisas para me distrair. Josh chegou algumas horas depois, todo suado e ofegante. Eu não o via há alguns meses, e depois de nos abraçarmos bastante, eu finalmente peguei o envelope e o abri ao seu lado. Era um convite de casamento.
- "Queridos Josh e Joalin: Sabina e Pepe os convidam para sua cerimônia de casamento no dia 22 de fevereiro de 1994, em Nova York. Festejem conosco esse dia especial em celebração do amor". - eu li em voz alta, sorrindo de orelha à orelha. SABINA IRIA SE CASAR!!!!
- Wow! - Josh parecia surpreso. - Faz séculos que eu não vejo a Sabina. Quem é Pepe?
- Algum cara de Nova York? Meu Deus... Será que é o jogador que ela disse na carta que tava apaixonada? Você lembra disso??
- SIM!!! Será que é ele?
- Não sei. Mas nós vamos, certo?
- É em duas semanas... Temos que arranjar as passagens, hospedagem...
- Sim...
- Tenho que planejar com a Hina...
- Sim...
- É CLARO QUE NÓS VAMOS. - ele dizia bem animado. Eu sorria por dentro e por fora, sentindo todo o entusiasmo do mundo em reencontrar com Sabina e presenciar um momento tão incrível da sua vida.
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Best for Last | Noalin
FanfictionO conforto das músicas no diskman, dos álbuns de bandas pop e dos telefonemas com seu melhor amigo não são mais o suficiente quando Joalin se interessa por três garotos de sua escola. Seu medo e insegurança complicam as suas escolhas, e ela encontra...