46 d o r

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A recordação da felicidade já não é felicidade; A recordação da dor ainda é dor.
- George Lord Byron

Nicole foi liberada no próximo dia, pois com tantos feridos não podia ocupar espaço se estava bem. Porém teria que voltar de tempos em tempos para realizar exames e ter certeza de que não saiu com nenhuma sequela.

Ronald foi liberado depois de um semana. Ele contou para os amigos o que acontecera com ele, e que na verdade fora controlado o tempo todo. Eles demoraram um tempo para voltar a confiar no ruivo, mas aos poucos tudo voltou ao normal. Bem, não exatamente.

O ruivo ficou tão preocupado como os outros ao saber sobre Hermione. A castanha continuava em coma. E aos poucos todos aos seu redor iam definhando de preocupação. Draco não saía daquele quarto de hospital, passava dia e noite desde o momento em que chegaram. Ela estava no melhor quarto, cercada de enfermeiros e medibruxos, mas isso não era suficiente para acalmar os amigos, muito menos para diminuir a dor. Draco Malfoy estava mais magro e sem paciência. A maneira que lidava com a dor era a pior possível, mas seus amigos continuavam ao seu lado.

No dia que Rony foi liberado para visitar Hermione a paciência do sonserino foi testada.

Draco estava sentado em um poltrona do lado da garota. Ele assistia algum programa em uma televisão que não sabia e nem se importava com como havia chegado ali. Provavelmente fora obra de Harry ou Blásio, para darem alguma distração a ele, pois deixara claro que não sairia daquele quarto até a morena acordar. Segurando a mão da grifana comentava sobre a novela que passava, de como aquilo era clichê e tudo que assistia terminava da mesma maneira. E então o ruivo entrou pela porta seguido de Harry e Gina. Ele olhou descrente para as mãos unidas na cama, logo mudando sua descrença por raiva e ele praticamente gritou assustando o loiro que não se dera ao trabalho de ver quem eram os convidados.

- O que essa fuinha está fazendo no quarto da Hermione?? - olhou de Harry a Draco raivoso e procurando uma resposta. O loiro apenas o olhou desinteressado e voltou sua atenção para a TV. Já Harry tentou resolver a situação.

- O Malfoy e a Hermione estam namorando então ele está aqui com ela. - Harry temia a reação do ruivo, mas ele apenas continuou raivoso e saiu batendo a porta. Desta vez Gina o seguiu e Harry preferiu ficar, não pretendia ouvir o sermão digno de Sra. Weasley que a namorada daria para o irmão. - Algum sinal de que está melhorando? - perguntou ao loiro puxando uma cadeira e se sentando do outro lado da cama.

Com um olhar triste ele negou. Parecia sem forças. Sua fraqueza era tão profundo ao ponto de não ter se dado ao trabalho de responder Ron a altura. Ninguém o reconhecia como aquele sonserino de começo do ano.

- Deveria sair daqui um pouco, respirar ar puro. - eles não eram amigos, mas a situação de Draco comoveria qualquer um. Estava destruído e Harry sabia que por dentro estava da mesma maneira, tendo a única diferença de que Draco estava cansado demais para esconder o que sentia, por isso sentia empatia pelo loiro.

O sonserino apenas o encarou por um instante e voltou o olhar para a tela.

Um tempo depois Gina voltou com Rony, agora sem falar nada, que ocupou o lugar de Harry na cadeira ao lado da cama. E mesmo que Draco estivesse visivelmente irritado, não tinha forças nem vontade suficiente para protestar.

....

Fazia duas semanas que Hermione estava internada e Draco não saía daquele hospital. O loiro parecia pior a cada dia e todos duvidavam que ele melhoraria algum dia enquanto ela não acordasse e SE acordasse, mas nunca tocavam nessa possibilidade, apesar de tudo tinham esperança de que Hermione acordaria. Ela era muito teimosa para desistir.

Foi então que com muita insistência de sua mãe e amigos que ele foi passar uma noite na Malfoy Manor. O que ele não sabia era que no tempo que passara fora, Hermione piorou, passado por uma experiência de quase morte devido a um parada cardíaca. Porém para não deixar Draco alarmado, mantiveram a situação e segredo.

Entre melhoras e recaídas um mês se passou. Draco agora saía todos os dias de manhã cedo para comprar um jasmim para Hermione. As flores agora já formavam um lindo buquê na mesinha ao lado da janela.

Foi somente no 35º dia que Hermione acordou.

Draco estava um pouco mais saudável, porém era possível ver a força que precisava fazer para sorrir diante dos visitantes que Hermione recebia. Seus amigos haviam acabado de sair dando lugar para os pais da garota. Eles pareciam sofrer ainda mais que Draco, mas Jane - a mãe dela - pressentia que algo bom estava por acontecer e ela sempre acreditava em seus pressentimentos, principalmente se tratando da filha. No momento que eles cruzaram a porta indo embora, Draco sentiu um movimento fraco na mão em que segurava a da morena. Com o coração acelerado ele voltou sua atenção para a garota na cama.

Virou-se a tempo de vê-la abrindo seus olhos. Logo eles voltaram a se fechar e então ela piscou para se acostumar com a luz. Draco correu para apagar as luzes do quarto, deixando apenas um feixe entrar pelo banheiro. Voltando ao lado da cama ele acompanhou Hermione até que ela abrisse os olhos, mostrando aquelas lindas íris castanhas. O garoto se sentia mais vivo do jamais estivera. A felicidade em seu olhar era contagiante.

Hermione tentou se levantar, um pouco perdida. Draco a ajudou para que se sentasse e sorriu, Hermione se sentiu mais forte ao olhar para o garoto ao lado. Ainda um pouco sem entender o que estava acontecendo ela viu Draco apertar um botão ao lado de sua cama e depois sentar-se ao seu lado apenas olhando em seus olhos e sorrindo.

Aos poucos a grifana foi se localizando e lembrando o que a trouxera ali. Lembrou-se de quando foi torturada.

De quando Nicole a entregou a varinha.

Do beijo de Rony.

Da explosão.

De acordar amarrada em uma torre.

De se soltar das correntes que a prendiam.

De tentar ajudar os que estavam ao seu redor.

De ser puxada e presa entre os braços de uma senhora, a mesma que a torturara anteriormente.

Do olhar de seu amigos.

E da dor imensa que sentiu quando um feitiço acertou seu corpo.

A dor se alastrou de seu pescoço para todo seu corpo e era tão grande que não conseguia sequer gritar.

E então Draco lançando um feitiço na mulher atrás de si e escuridão.

Viu então alguns flashes de várias pessoas ao seu redor, com varinhas apontadas para si, depois Draco dormindo ao seu lado. Depois Gina a abraçando.

E com esses flashes vinha um sentimento de que não poderia acordar. Não estava pronta. Se sentia fraca.

Mas desta vez, aqueles olhos azuis triste ao olhar para porta a fizeram arrumar forças para acordar. Seus amigos e família não podiam mais sofrer por sua culpa.

E foi lembrando de tudo que ela conseguiu forças para segurar as lágrimas e sorrir para o garoto a sua frente.





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