CAPÍTULO 3

702 51 26
                                        

Ignorar Sam nunca deu certo. Ele vinha atrás de mim pior do que as outras vezes e ainda fazia com que eu me sentisse mal por não ter sido a ‘amiga’ que ele queria que eu fosse. Por isso eu sempre achei a nossa relação complexa. Se ele continuasse a me tratar  daquela forma, a nossa relação não seguiria adiante.

Ele estava sentado ao meu lado naquele sofá de três lugares com as pernas abertas e os braços cruzados, sisudo, como se fosse um adolescente emburrado. Ele ficou calado, observando-me, o que me deixou muito inquieta. Ele balançou as pernas para lá e pra cá e eu toquei em sua perna direita para que ele parasse com os movimentos. Embora eu não concordasse em me deixar ser manipulada por suas chantagens emocionais, eu acabei cedendo:

-Vai ter um ataque cardíaco desse jeito. -Eu disse e ele inclinou o pescoço para o meu lado, avaliando o meu semblante. -Podemos conversar como duas pessoas normais? -Ele assentiu com a cabeça, descruzou os braços e parou de mexer as pernas. -Sabe, Sam, eu só mexi nas suas coisas porque na última noite em que estive com você, estava muito frio… Você demorou no banheiro… e eu queria algum casaco. -Expliquei. -Por coincidência, sua mala caiu quando abri a porta do guarda-roupa. Pela quantidade de roupa que estava na mala, eu diria que você está de mudança. Você vai viajar?

-Sim, eu vou viajar, Balfe. -Disse, finalmente. -E sobre o meu sumiço nesses dois dias, eu estava ocupado resolvendo alguns problemas para o seu pai. -Concluiu.

-Podia ter me dito antes. Ou a menos mandando uma mensagem.

-Eu sei, Balfe. -Seu corpo se voltou para mim. -Acontece que eu também estava chateado com você. -A sua mão direita tocou em meu cabelo e, sem tirar os olhos dos meus, ele brincou com as pontas de uma pequena mecha.

Sam apoiou uma das mãos no sofá e aproximou o rosto dele ao meu. Ele continuou a olhar-me nos olhos enquanto sua outra mão segurou firmemente em minha nuca. Seus lábios se aproximaram dos meus e os tocaram rapidamente. Os lábios dele estavam frios como a neve, como se ele tivesse chupado gelo e adormecido a boca; nem deu tempo de senti-los por completo. Sam afastou o rosto e lançou-me um sorriso sincero. Um simples toque havia nos deixado nostálgicos, relevando tudo o que tinha acontecido antes. Instantaneamente, joguei meus braços em seus ombros e entrelacei minhas mãos. Minha testa colou na dele. Ele estava gostando daquilo, não tirava o sorriso safado do rosto.

Escutei alguém descendo as escadas com passos firmes, empurrei o Heughan para o outro lado do sofá e me levantei depressa. Os passos se aproximam do lugar onde estávamos.

-Cait, que bom que te encontrei. -Era o meu pai. -Sam, que bom que você veio. Tome a chave, você vai dirigindo.

-A mãe não vai? -Perguntei, passando os dedos entre os meus cabelos.

-Não. Ela não está se sentindo bem. -Ele olhou para Sam e depois para mim, como se estivesse desconfiado. Meu coração saltitou. Eu e Heughan nos entreolhamos e ele sorriu feito um idiota.

A chuva havia cessado e o cheiro de terra molhada me causava náuseas. Segurei a respiração até entrar no carro. Andei a passos lentos para que meu sapato não afundasse em meio àquela lama. Sentei-me na parte de trás deixando o banco da frente vazio para o meu pai.

Observei a casa se distanciar conforme o carro prosseguia pela estrada afora. Enquanto meu pai repetia a mesma história sobre a redução na produção de queijo e os problemas da fazenda nas últimas semanas, Sam me olhava pelo retrovisor para mim de tempos em tempos. Havia uma leveza naquela olhar. Era sem maldade ou ironia, o que não era comum vindo dele. Era como se estivesse avaliando cada gesto meu, cada balançar de cabelo, cada piscar de olhos.

Ele nem se esforçou em disfarçar. E eu nem podia dizer nada, nem um "preste atenção na estrada, Sam", porque chamaria mais atenção do meu pai para nós, e eu não queria isso.

***

Pela noite, quando todos estavam na sala da lareira, eu estava na cozinha terminando de tirar o bolo do forno. A cozinha era como um refúgio para mim na maioria das vezes. Era um lugar silencioso e calmo, longe das risadas e conversas intrigantes de família. Eu fui pega de surpresa por dois braços fortes que circundavam meu corpo pelas costas, quase me fazendo derrubar o bolo.

-Sam! -O cheiro do seu perfume era inconfundível. Eu coloquei o bolo em cima da mesa virando apenas o olhar para ele, que nesse momento me segurava pela cintura. -Não pode chegar assim. Todos estão acordados. -Disse, quase sussurrando.

-E daí? -Sam me prensou contra a mesa. -Queria ver você. -Sorriu, beijando o canto do meu pescoço logo em seguida.

Eu apoiei minhas duas mãos na mesa, ainda de costas para o Sam. Ele segurou um dos meus braços e fez movimentos leves, subindo e descendo sua mão. Aquele contato era bom. Com a outra mão ele apertou a minha cintura e depois começou a subir apalpando a minha pele, descansando-a abaixo dos meus seios. Ele ousou a mover o seu polegar no vão entre eles, e isso me fez encostar minha de cabeça em seu ombro.

-É bom saber que posso causar tudo isso em você. -Em seguida ele me soltou e se afastou. -Vamos? Seu pai quer falar com você.

Meu corpo reagiu instantaneamente com aquele afastamento. Eu não queria aceitar aquela verdade, mas aos poucos eu estava sentindo necessidade de romper os limites que eu mesma estabeleci entre nós dois.

-O que ele quer?

-Vamos descobrir.

Fomos até o escritório do meu pai. Eu estava tensa e Sam super tranquilo. Ele se sentou em uma cadeira e eu preferi ficar em pé, logo atrás.

-Cait, andei conversando com o Sam. -Arregalei os olhos.

-Como assim, pai? -Perguntei, pensando no pior.

-Eu vou viajar durante essa semana com a sua mãe. Ela precisa fazer alguns exames. -Ele falava de forma tranquila e suave. -Sam e Paul ficarão responsáveis por tudo enquanto eu estiver fora. Suas irmãs devem voltar para a cidade sábado que vem, mas sua tia estará por aqui. E você! -Apontou para mim.  -Não quero você a sós com os Heughans naquele Chalé. Deveria se dar ao respeito!

-Sr. Balfe, a sua filha… -Sam gaguejou. -Eu e o Paul somos homens de respeito. Falando desse jeito o senhor me ofende. -Eu queria rir da cara dele naquele momento.

-Eu sei, Heughan... Mas as pessoas de Holtsville tem a língua solta. Não quero o nome da Cait da boca desse povo. -Infelizmente, meu pai se importava mais com as fofocas do que com o que era melhor para mim.

🍀☘🍀☘🍀☘🍀☘🍀☘

NOTAS:

Queridxs!!
Mais um capítulo dessa adaptação!!!!🎊🎉🎊🎉
Espero que tenham gostado!!!😍😍

O que será que esses dois vão fazer quando os pais dela forem viajar, hein?🌚🌚

Quinta tem mais!

Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora