Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)

CAPÍTULO 42

Uma semana depois.

-Tem certeza que você não quer ir com a gente? -Patty me encarou enquanto pegava a bolsa dela no sofá.

-Eu tenho. -Respondi, sentada no sofá, apoiando meus pés na mesinha de centro da sala. -Já falei para vocês não se preocuparem comigo.

-Qualquer coisa você liga, está bem? -Eu assenti, recebendo um beijo na bochecha da Kathy. -Se cuida, Cait.

As duas saíram, deixando-me sozinha naquela manhã de sábado. Era o aniversário do Luke e ele decidiu comemorar em um bar perto de casa. Eu não estava no clima de festa e comemorações, mas as meninas queriam muito que eu fosse. Só que, ultimamente, eu não estava sendo uma boa companhia. Agradeci por elas não terem insistido, assim eu poderia me entupir de sorvete sem ser reclamada, ou poderia chorar vendo algum filme romântico sem que elas desligassem a TV e me obrigassem a dançar alguma música agitada. Mas eu entendia o ponto de vista delas, só estavam tentando me fazer superar a perda. Era o que as amigas normalmente faziam, não é?

A semana não tinha sido fácil de nenhuma forma. Eu estava desempregada, as aulas não tinham voltado e não havia muito o que fazer em casa. Ir para Holtsville não era uma boa ideia, apesar de ter cogitado essa possibilidade. Pensei na Filadélfia, onde talvez eu tivesse um pouco de sossego e a companhia de Violet. Mas eu não queria ter que explicar nada para a Mel, ela me encheria de perguntas. Até recebi algumas mensagens dela querendo saber como eu estava, ela estava tão desconfiada que parecia que sabia de alguma coisa. Mas eu acabei sendo um pouco fria nas respostas, mesmo me esforçando para agir normalmente.

Ouvi o meu celular tocar pela terceira vez seguida, em cima do braço do sofá. Olhei rapidamente para o visor e constatei que era a Patty, provavelmente preocupada se eu já tinha almoçado. Eu ignorei. Não queria falar com ninguém. Melissa e a Clara eram as únicas pessoas que eu ainda mantinha contato por mensagens. Eu acabei me desvinculado das redes sociais, não estava me fazendo bem olhar o perfil do Sam no Instagram, só para obter alguma notícia dele. Eu estava ficando paranoica.

Ele tinha passado a semana em Nova York, a Clara me ligou confirmando isso. Ela até tentou amenizar a situação dele, mas eu estava muito magoada e no meu limite. Eu pensei em ir lá, mesmo que ele gritasse para o prédio inteiro que ele não queria me ver, mas eu não tive forças suficientes para encará-lo. A forma como ele havia me tratado estava pesando e eu comecei a sentir raiva dele. Sam tinha me esnobado. Ele simplesmente fingiu que eu não existia. Não me atendeu, nem sequer respondeu para dizer algo como "conversamos depois". Ele achava que eu era o que? Descartável? Sem sentimentos? Como ele estava conseguindo ficar todo esse tempo sem falar comigo? Ou o "Eu te amo" dele era da boca para fora? Se antes eu queria fazer de tudo para que ele ficasse bem comigo, naquele momento, enquanto eu assistia "Como perder um homem em 10 dias" pela quinta vez, eu não queria vê-lo nunca mais. E se ele me procurasse, eu ia ter tanta coisa para dizer para o Heughan que eu tinha era pena dele, isso sim!

Alguém bateu à porta logo depois que o filme terminou. Eu não estava esperando por ninguém, e se fosse a Kathy ou Patty, ambas tinham a chave. Para minha grande surpresa, uma mulher de cabelos curtos e escuros, olhos azuis e fisionomia semelhante a minha estava com um sorriso no rosto e de braços abertos para me abraçar.

-Mel? -Sorri, surpresa ao vê-la parada na minha porta com uma mala pequena de carrinho, ao seu lado.

Depois que nos acomodamos no sofá, ela me olhou fixamente nos olhos com mais atenção. E mesmo eu forçando um sorriso e tentando mantê-lo no rosto, Melissa notou que algo não estava certo. Ela era psicóloga e se apegava aos detalhes, minuciosamente.

-Por que não está comendo direito? -Ela estava sentada de lado no sofá, as pernas cruzadas, seu corpo inclinado em minha direção. -E por que esse rosto inchado? Você andou chorando?