Caitriona Balfe, sem saber, estava interrompendo as minhas noites de sono. Ela aparecia em meus sonhos, meiga, pura e inocente. Sua pele branca como o marfim; seus olhos em um azul profundo; e seus lábios atraentes, em um tom rosado, convidando-me para beijá-la. Seu cabelo castanho balançava em sintonia com a direção do vento. Ela dançava como um anjo, como se estivesse se preparando para voar. Seus braços, abertos, se movimentavam lentamente, e suas mãos se fechavam, como se ela estivesse levando algo entre os dedos. O vestido branco que moldava a sua cintura era solto nas coxas, um pouco acima do joelho, permitindo que suas pernas saltassem na ponta dos pés. Ela flutuava, tão leve como uma pena.
Quando seus olhos encontraram os meus, ela simplesmente sorriu. Um sorriso encantador. A felicidade estampada em seu semblante. Tão doce e tão linda. Ela correu imediatamente para os meus braços e se entregou de corpo e alma para mim. E de repente estávamos deitados na grama debaixo das palmeiras, o vento tocando nossa pele, o cheiro de morango presente em seus cabelos, provocando em mim um desejo imensurável.
Sua mão tocou levemente o meu rosto. Ela se inclinou, seu cotovelo apoiado na grama, seu joelho avançando entre minhas pernas. Ela fechou os olhos e aproximou os lábios nos meus. Sua boca se abrindo e pressionando forte contra a minha. Seu beijo era quente, persistente e confiante. Trazendo-a para mais perto, minhas mãos firmes em sua cintura, suas pernas deslizaram entre as minhas e a sensação do seu corpo contra o meu foi como um estímulo para o que estava prestes a acontecer.
As imagens do seu corpo contra o meu, o suor de nossas peles enroscando uma na outra, o som que saia de sua boca e suas mãos em torno do meu quadril eram tão reais que eu podia sentir o cheiro agradável do seu cabelo, o mover frenético do seu corpo abaixo de mim. Quando eu abri os meus olhos, pingando de suor sobre os lençóis, Cait não estava lá, apenas o fim de uma excitação revelando-se em minha própria mão. Era quase de madrugada quando esses sonhos penetravam o meu sono. Eu levantava para tomar um banho e depois disso, não conseguia mais voltar a dormir.
A saudade não era apenas carnal. É claro que a presença dela em si estava me fazendo falta. Eu amava ouvir sua voz toda noite, contava os minutos para poder telefonar, saber como tinha sido o seu dia, saber se realmente estava bem. Durante essa última semana, sua voz oscilou muito. Na sexta-feira, quando ela chorou no telefone, eu senti que algo não estava bem. Cait costumava murmurar que era difícil esconder de mim quando ela estava mal. Eu percebia com muita facilidade a mudança na sua voz, a forma dela se expressar, os seus gestos inseguros. Por telefone não era diferente. Eu demorei para entender seus motivos em não me contar de imediato sobre o assédio daquele mal caráter, que usou de sua autoridade para se aproveitar dela. Quando ela me contou, eu queria pegá-la no colo e abraçá-la bem apertado. Mas eu estava com tanta raiva, tão aborrecido por ela ter guardado aquilo para si, ter me distanciado de poder ajudá-la no momento em que tudo aconteceu, que eu agi feito um idiota e egoísta.
Eu me preocupava com a Cait. Eu queria que ela compartilhasse comigo seus problemas, suas dificuldades, não por curiosidade, mas queria ser o amigo a qual ela poderia contar. Queria ser seu grande apoio, seu ouvinte, sem julgá-la ou aborrecê-la. Talvez eu precisasse aprender a me expressar melhor com ela, demonstrar mais o quanto eu a amava, e o quanto a queria mais do que qualquer outra mulher que me relacionei um dia.
Assim que atravessei a porta principal, eu soltei o ar, aliviado. Sorri, me sentindo um adolescente que havia acabado de cometer um ato ilícito. Enquanto caminhava em direção a entrada da cozinha, eu parei para olhar para o céu. Ele estava esbranquiçado com pigmentos acinzentados, sem nenhum indício de nuvens, sol ou chuva. A única coisa magnífica de se ver naquele momento eram os flocos de neve cobrindo o telhado do celeiro, desmanchando-se sobre as árvores. Cruzei os braços e rolei os dedos sobre eles na tentativa de aquecer-me do frio. Entrei pela porta da cozinha e esperei apenas alguns segundos para me juntar a família Balfe.
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Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)
Hayran KurguCaitríona cresceu ouvindo sobre como deveria se comportar, sobre as roupas que deveria vestir, sobre a forma como deveria comer... Conviver com sua família estava cada vez mais difícil, principalmente com sua mãe e suas irmãs. Os insultos que ela r...