CAPÍTULO 16

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A cidade de Nova York era bastante movimentada, com costumes e um estilo de vida diferentes de Holtsville. Ninguém se importava com seu modo de viver, cada um tinha liberdade de ser ou fazer o que bem entendesse. Eu não tive dificuldade em me adaptar, era como se eu sempre tivesse pertencido ao ritmo acelerado e agitado da cidade que nunca dorme. Essa nova etapa da minha vida estava sendo melhor do que eu imaginava. Estava me fazendo superbem. Nisso o Sam tinha razão.

Durante esses três meses, eu não tinha pisado meus pés em Holtsville. Eu sempre dava uma desculpa de que estava estudando e de que a minha rotina era muito corrida. Não era uma mentira, mas não era o principal motivo. A Universidade estava sugando toda a minha energia com a quantidade de livros e textos que eu tinha para ler. Nada comparado ao colegial. Eu precisava me preparar sempre com antecedência para todas as aulas já que o método de ensino era dinâmico e exigia a participação dos alunos. Eu tentava manter o assunto em dia, mas acabava vacilando em uma matéria ou outra.

Logo quando cheguei lá, demorei para fazer amizade. Eu passava meu tempo livre estudando na biblioteca e não me esforçava para conhecer ninguém. Contudo, isso não durou muito. Em duas semanas já conversava com boa parte dos colegas da sala, mas só tinha aproximação com quatro deles. Eu os tinha conhecido na festa de Boas Vindas aos calouros, que acontecia sempre no primeiro final de semana de aula. Estávamos todos cursando Ciência Jurídica e pegando todas as matérias iniciais.

Patty era a mais engraçada, estava sempre de bom humor e vivia sorrindo. Já a Jenny era o oposto da Patty: muito tímida e introvertida. Tom era o mais nerd de todos e vivia ajudando todo mundo com resumos das matérias. Já o Fred era um bom amigo, sempre muito atencioso com todos. Todavia, ele exagerava nos carinhos comigo e continuamente me chamava para um encontro. Eu evitava sair sozinha com ele porque, até então, eu não estava interessada.

Fora do ambiente da Universidade, eu tinha a Kathy e o Luke. Dividir o apartamento com eles tinha sido uma ótima ideia. Eu nunca cheguei a ficar nos dormitórios como havia programado, Kathy não queria me deixar sozinha em um lugar desconhecido e disse que seria bom que eu morasse com eles. O apartamento tinha um quarto sobrando, eu não precisaria dividi-lo com ela. Isso ajudava a manter a privacidade de cada um e a boa convivência na casa.

Ao contrário de mim, desde o início Kathy e Luke gostavam de sair, e todo final de semana estavam em uma festa. Eu nunca me senti à vontade em ambientes onde tudo rolava abertamente. Eles estavam acostumados, já eu me sentia deslocada. Entretanto, no período em que eu comecei a surtar por conta dos estudos, Kathy conseguiu me convencer. E naquele primeiro dia de tantos outros que viriam, eu coloquei a melhor roupa e me joguei ao que eu chamaria de liberdade excitante.

Era muito diferente você ir a uma festinha da cidade pequena na casa do seu amigo de escola e ir em uma boate com muitas luzes e som super alto. Em uma boate tudo era mais intenso. Ninguém ia lá para ficar apenas uma hora e beber somente um drink. Eu nunca tive a intenção de beber para passar mal. Normalmente, eu evitava misturar os tipos de bebida, mas houve uma vez que, inevitavelmente, eu perdi o controle e passei dos limites. Fiquei péssima e passei dois dias sofrendo as consequências do álcool. Nesse dia, Kathy tinha ido embora da festa mais cedo e eu tinha decidido ficar. Eu não lembrava como tinha chegado em casa e acordei no dia seguinte no meu quarto, vestida com roupas limpas e "sã e salva". Depois, Luke me contou que tinha sido ele quem me tinha me levado para casa, me ajudado com banho e me levado para a cama. Isso me deixou envergonhada, Luke não tinha obrigação para comigo e eu não gostei de saber que ele tinha me visto nua. A única pessoa que havia feito isso por mim tinha sido o Sam. Agora o Luke. Depois desse dia eu prometi a mim mesma que nunca, nunca mais voltaria para casa sozinha com ele.

Eu conversava com o Luke, tínhamos uma boa convivência, mas eu nunca gostei do modo como ele tratava o Sam. Sem contar quando ele quis disputar minha atenção, como se eu fosse um troféu. Eu não era nenhum prêmio e não havia necessidade de ninguém brigar por mim. Porque entre ele e o Sam, sempre escolheria o Sam.

Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora