CAPÍTULO 30

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Acordei com o despertador do celular me avisando que eram seis da manhã. Era o horário que eu normalmente estava acordando durante essa última semana e, infelizmente, eu tinha esquecido de tirá-lo. E, mesmo acordando de mau humor, tinha tido uma boa noite de sono e estava totalmente descansada, por incrível que pareça. E também não estava mais abalada com o ocorrido de ontem, apesar de não querer pisar mais meus pés no Edifício Palace Shows.

Tinha transformado todo o choro e decepção do dia anterior em decisão. A primeira coisa que eu fiz, após tomar o meu banho quente e relaxante, foi pegar o notebook, entrar no meu e-mail e escrever uma carta de demissão para o meu chefe. Não precisava entrar em detalhes porque não tinha nenhuma intenção de me expor. E eu sabia que o senhor Stuart negaria, assim como fez diante da Yolanda. Fiquei me perguntando o que poderia ter acontecido se a Yolanda não tivesse aparecido no estacionamento. Eu teria forças suficientes para tirá-lo de cima de mim e evitar que ele fosse adiante? Eu acho que não. Ele era muito mais forte que eu e suas mãos eram pesadas. O máximo que eu poderia ter feito era gritar. Mas, ainda assim, imagino que ele tentaria calar a minha boca e isso facilitaria qualquer ato seu.

Eu só tinha a agradecer a Yolanda, mesmo não gostando dela e sabendo de suas intenções em me afastar do Sam. Ela poderia simplesmente ter me deixado pegar um táxi, não era problema dela a forma que eu voltaria para casa. Eu não sabia o que pensar da Yolanda. A única coisa que eu sabia era que eu não queria nenhum tipo de aproximação com ela.

FLASHBACK ON

Durante o percurso até a minha casa, Yolanda cumpriu com sua palavra e realmente fingiu que eu não estava ao seu lado. Eu, da mesma forma, me mantive calada, tentando não pensar sobre o que tinha acontecido. Foi o toque do meu celular que fez com que o silêncio fosse quebrado.

Quando olhei a tela do meu telefone minhas mãos tremeram. O nome do Sam estampando e uma foto de fundo do seu rosto fizeram com que o meu coração disparasse. Ainda segurando o aparelho, eu fiquei em dúvida quanto ao que fazer.

-É o Sam? -A voz da Yolanda me tirou do transe e eu tentei disfarçar o nervosismo. Com a respiração acelerada, eu deslizei o botão vermelho ignorando a chamada.

-Sim. Era ele. -Disse, sem tentar parecer grossa.

-Por que não atendeu? -Perguntou, me dando um de seus melhores sorrisos.

-Ele pode esperar. -Lá estava ele ligando de novo. Mas desta vez, eu apenas coloquei no silencioso e deixei que fosse parar na caixa postal.

-Vocês realmente estão juntos? -Eu senti que a voz dela mudou e havia uma pontinha de ciúmes naquela tonalidade.

-Você quer mesmo saber sobre isso? Ou está tentando ser gentil? -Sorri, fraco. Eu estava agradecendo mentalmente por estarmos perto da minha rua. Mais um quarteirão e eu poderia encerrar aquele assunto.

-Esqueça, Cait... -Eu vi que ela comprimiu os olhos e depois forçou um sorriso.

-Sim, nós estamos namorando. - Não havia motivos para esconder.

-Espero que dê certo... -Ela disse, sem demonstrar se aquilo a afetava ou não, enquanto estacionava o carro em frente ao prédio onde eu morava.

-Obrigada. Sam é um homem que qualquer mulher quer namorar, não é? -Os olhos dela fixaram-se nos meus. -Mas ele não é do tipo que se deixa manipular. Deve ser por isso que o Sam não tinha namorado sério com ninguém até hoje. -Ela arqueou uma sobrancelha, como se não tivesse gostado do que ouviu. Eu desatei o cinto, abri a porta do carro e dei uma última olhada para ela antes de descer. -Obrigada por ter me livrado do Stuart, e obrigada por ter me trazido em casa. Boa noite. -Saí do carro sem esperar por sua resposta.

Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora