CAPÍTULO 36

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Ela não tinha sequer se espantado em me ver, parecia saber exatamente quem eu era. Aquilo estava muito estranho. Eu comecei a fazer tantas perguntas na minha cabeça, tentando achar uma lógica para sermos tão parecidas. Não éramos idênticas, mas tínhamos traços muito semelhantes.

-Oi, boa noite. -Um homem alto de cabelos grisalhos, que estava o tempo todo ao lado dela me cumprimentou, tomando toda a minha atenção. -Seria muito incômodo se pudéssemos entrar? Aqui fora está muito frio. -Ele disse, esfregando uma mão na outra.

-Oh, sim. -Sam disse atrás de mim. Eu tinha esquecido que ele estava ali. -Entre, por favor! -Sam abriu mais a porta e me pegou pelo braço para dar espaço para o casal entrar.

Eu e aquela senhora, cuja fisionomia era tão familiar, continuamos nos olhando, ela sentindo-se cada mais segura e eu cada vez mais assustada.

-Cait... -Sam sussurrou próximo ao meu ouvido logo depois de fechar a porta, provavelmente querendo saber se eu estava bem.

-É assim que chamam você? -Os olhos dela estavam brilhando. Balancei a cabeça em concordância, eu não conseguia dizer nada. -Podemos conversar em algum lugar? -Ela passou os olhos em volta da casa, como se estivesse pisando naquele lugar pela primeira vez.

-Sim. -Sam respondeu. -A senhora quer conversar com a Cait? -Ele perguntou, em dúvida. Acho que o Sam não tinha se dado conta do quanto aquela mulher era parecida comigo. Ou ele tinha se dado conta e estava fazendo parecer tudo o mais normal possível.

-Com ela, com o pai... Seu pai está? -O sorriso dela era tão cativante que eu estava começando a me sentir à vontade.

-Perdoem termos aparecido tão de repente. -O homem tocou brevemente no ombro dela. -Eu e minha esposa não pretendíamos atrapalhar o Natal de vocês, mas é realmente importante para a Melissa e para mim que possamos conversar com o seu pai e com você em um lugar tranquilo. -Ele explicou.

Eu olhei para o Sam em busca de ajuda, eu estava lenta e perdida. A Melissa tinha me deixado completamente sem reação.

-Bom, ele está logo aqui... Nós podemos chamá-lo. -Sam apontou para o corredor que nos levaria a sala de estar. -Querem aguardar aqui?

-Vamos todos até lá. -Melissa respondeu com firmeza.

Eu e Sam fomos à frente enquanto o casal estava andando de mãos dadas atrás de nós. Eu queria poder falar com o Sam o quanto era esquisito o aparecimento daquela mulher e a semelhança que tinha comigo, mas eu não tive tempo para tal, porque em segundos estávamos os quatro encontrando toda a família na sala de estar.

Eu sabia que quando as pessoas olhassem para a Melissa iam perceber os meus traços nela. O que eu não sabia era que o susto do meu pai e da minha mãe tinha sido pelo motivo errado.

-Como ousa aparecer aqui? -A voz do meu pai saiu grave e firme. Ele levantou do sofá e foi em direção a Melissa, mas ainda mantendo uma certa distância entre eles.

Melissa se manteve neutra e não respondeu. Vi seus olhos se dirigirem a minha mãe e a minha avó, que estavam completamente espantadas.

-Quem lhe deu permissão para vir até aqui? -Meu pai perguntou, dando mais um passo para a frente.

A mulher deu um passo para trás e o seu esposo se pôs em sua frente.

-Calma, Brian. -Tia Lisa se aproximou para impedi-lo de cometer qualquer ato errôneo.

-Podemos conversar em meu escritório? -Sem saber o que fazer, meu pai perguntou, relutante. Os seus olhos estavam enfurecidos, ele parecia estar com muito ódio daquela mulher. -Sem escândalos, Melissa, por favor. -Sua voz, antes exaltada, mudou para calma.

Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora