CAPÍTULO 33

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Já havia escurecido quando voltei para casa, o que dificultou minha visão naquela floresta sombria. Não queria que ninguém da família me visse naquele estado e, por isso, caminhei rapidamente para o meu quarto. Após trancar a porta, eu me joguei de costas na cama, e as lágrimas, continuamente, voltaram a cair. Não mais pelo abuso que havia sofrido do meu antigo chefe, mas por não conseguir lidar com a reação do Sam, diante do que havia lhe contado.

Eu só queria que ele entendesse o quanto foi difícil ter que contar algo, o qual eu ainda estava superando. Entrar em detalhes sobre aquilo não ia me ajudar, pelo contrário, lembrar me deixava pior.

Enquanto eu ainda estava deitada naquela cama macia e espaçosa, a minha mente estava revivendo todo o diálogo que eu tinha tido com o Sam agora pouco. Eu não queria que ele se culpasse. Não haviam culpados. Eu nunca ia culpar o Sam por algo que ele sequer teve alguma relação. Claro que a culpa não foi dele! Mas o Sam se sente tão responsável por mim, que se eu cair do cavalo, é capaz dele dizer que só aconteceu porque ele não arrumou a cela direito. Mas as coisas que me acontecem não é culpa do Sam, e talvez eu precisasse deixar isso claro para ele.

Eu suspirava pesadamente, o meu rosto estava molhado em lágrimas. Eu estava tão cansada de mim, tão cansada das minhas atitudes. Eu tinha que parar de fugir e aprender a encarar as situações, porque isso me faz parecer uma pessoa tão insegura. Eu tinha prometido a mim mesma que ia aprender a tratar os assuntos de forma aberta com o Sam, que ia sempre manter o diálogo com ele. A questão é que nem sempre eu estava pronta para as reações do Sam.

Por mais que ele estivesse com boas intenções, naquele momento, diante de suas indagações, eu não me senti bem, eu me senti pressionada e totalmente desconfortável. Mesmo o Sam me pedindo perdão, eu não consegui ficar lá. Algo dentro de mim doía tanto, que eu só queria desaparecer.

Eu estava ficando com dor de cabeça de tanto de chorar. Minhas têmporas doíam e latejavam. Eu estava com fome, mas não queria descer. Enxuguei o meu rosto do dorso da mão e me e peguei o meu celular com o objetivo de ligar para o Sam. No entanto, acabei encontrando uma mensagem estranha da Patty.

"Por que você não veio?"

Não tinha entendido muito bem o que ela estava querendo dizer com aquela pergunta. Estava digitando para ela quando recebi outra mensagem.

"O Sam saiu agora pouco daqui."

Eu não tinha ideia do que a Patty estava falando.

"Explique-se. Onde você está?"

Em questão de segundos, ela enviou uma resposta.

"Na praça. Mas o Sam nem ficou muito tempo. Eu perguntei de você e ele desconversou, disse que você estava cansada. Deveria ter vindo, Cait."

Ao invés de responder para ela, eu enviei uma mensagem para o Sam.

"Sam, desculpa pelo modo que saí... você ainda está chateado?"

Eu fiquei aguardando pela resposta dele, mas Sam não me respondeu. Então, quando eu decidi ligar, captei o som de três batidas fortes vindo da janela do meu quarto. Toc! Toc! Toc! O barulho agonizante do vento me fez pensar que talvez eu estivesse ouvindo coisas. Mas novamente, o som de três batidas fortes vindo da janela me chamou atenção. Levantei-me depressa da cama e fui até ela. Abri as cortinas com as duas mãos, lançando cada uma para um lado, e me deparei com o Sam agarrado à borda da janela, seus pés fixos nas telhas de concreto. Eu entrei em desespero ao vê-lo pendurado sem o mínimo de segurança, pegando todo aquele frio.

Eu destravei o trinco e puxei com pressa a janela para cima. Assim que o Sam entrou no quarto eu a fechei, arrastando a cortina de volta para o lugar. Agora, de frente para ele e observando-o melhor, pude ver os flocos de neve por toda sua roupa e cabelo. O seu olhar estava concentrado no meu, implorando-me para que não o mandasse embora. Eu não tinha a intenção de expulsá-lo. Primeiro, eu já me sentia melhor e não havia motivos para querer que ele fosse embora. Segundo, eu não o colocaria de volta naquele frio sabendo que ele poderia pegar um resfriado ou até mesmo se gripar.

Eu Faria Qualquer Coisa Por Você (SC AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora