Je T'aime

Capítulo 5

O despertador não havia sido programado, mas às sete da manhã Cassie já estava acordada.

Tentou voltar a dormir, mas apenas para passar meia hora se revirando nos lençóis já que era incapaz de abandonar a mania de acordar cedo. Aparentemente, seu corpo não compreendia a definição de "férias". Para piorar, só conseguia iniciar os dias com uma xícara de café quente, mas a única coisa que sabia era a cozinha localizada no andar de baixo e não confiava o bastante em sua memória para se aventurar sozinha naquela mansão. Tentou até mesmo ligar para Tess, porém foram três tentativas e ninguém atendeu.

Finalmente ergueu-se e foi até a janela do quarto, por onde a luz da manhã adentrava para iluminar o cômodo e observou a vista composta pelos prédios de pedra e as árvores abaixo cujas folhas balançam com a brisa fresca do dia.

Abriu o notebook para verificar se havia algo no e-mail e nada. No entanto, a sensação constante de ter algo urgente a ser feito ainda lhe acompanhava mesmo que não conseguisse lembrar o quê. Talvez fosse apenas o hábito de estar atolada em prazos e afazeres que não lhe deixava aproveitar um único instante de paz. Cassie grunhiu e esfregou as têmporas, sentindo a ociosidade lhe consumir com cada segundo passado. Por isso decidiu deixar o quarto para tentar encontrar a cozinha por si mesma e ver se havia algo para comer. Seus pés descalços traçavam o assoalho de mármore do corredor enquanto tentava lembrar para que direção ficava o elevador. Virou à direita no fim do corredor, torcendo para estar certa e avistou as portas de metal ao longe. Comemorou internamente e acelerou o passo, entretanto, houve um trecho da casa que chamou sua atenção. Não notara no dia anterior, mas havia outro caminho à sua direita e este chamava atenção.

Cassie foi atraída para o que parecia o espaço mais refinado da casa inteira, onde o piso era de mármore negro. Logo a sua frente, havia um par de portas duplas em tom pastel e ornamentadas no melhor estilo rococó. Cassie aproximou-se e um arrepio percorreu seu corpo ao sentir a frieza naquela área. Ao lado oposto tinha mais um par de portas, idênticas às que ela se encontrava de frente. Até mesmo a maçaneta dourada parecia ter sido tirada de um filme de época. Se apenas aquele trecho da casa era arquitetado daquela forma, então deveria possuir algo importante. Curiosa, Cassie girou as maçanetas e teve um breve vislumbre do feixe de luz que escapou pela fresta aberta.

Mas foi máximo que conseguiu ver antes de ser bruscamente arrancada do lugar.

Cassie rodopiou até parar de frente ao rosto enfurecido de Adrien. Demorou um tempo para compreender o que aconteceu, mas tudo o que havia era olhar incisivo e afiado que lhe era dirigido. Os lábios dele estavam cerrados em uma fina linha e o cenho tensionado formava rugas em sua testa. Parecia ameaçador e a única coisa que a mantinha consciente de sua situação era a pontada disparando em seu pulso e no braço, causada pelo quão forte ele a prendia.

-O que pensa que está fazendo? – Murmurou cada palavra por entre os dentes cerrados, a voz rouca indicava que havia acabado de acordar.

Parte de Cassie estava atordoada com aquela reação. Adrien era um babaca? Não restavam dúvidas, ela já havia notado isso, mas nunca imaginou que ele poderia ser do tipo agressivo. Mesma ainda assim, trincou os dentes forçou o queixo para cima, aproximando seus rostos até que pudesse ver o tom claro que entremeava suas íris azuladas.

-Tire a mão de mim. – Devolveu-lhe no mesmo tom perigosamente baixo. – Agora.

Adrien rapidamente a largou, como se apenas agora houvesse dado conta do que fazia. Cassie massageou o pulso e esperou ao menos um pedido de desculpas. Porém, Adrien apenas passou direto por si para bater as portas com força.

-Qual é o seu problema?! – Ergueu uma das sobrancelhas, incrédula com aquela atitude.

-Desculpe por isso. – Murmurou secamente, ainda de costas para ela. – Mas você não tem o direito de invadir um lugar que não é seu.