Após três semanas desempregada Cassie pensava se fizera a coisa certa.
Era final de tarde em uma quarta-feira e Cassie chorava assistindo um filme no sofá de seu apartamento. Nada muito diferente do que andara fazendo nos últimos dias. Ao menos tinha com o que se ocupar durante a manhã, graças às corridas e ao yoga. Também podia passar algumas horas de eu dia trabalhando em casos particulares que conseguira após sua demissão. Mas nenhum deles lhe trazia a satisfação que sentia ao lidar com os desafios da agência.
Como se não bastasse isso, parecia que todos ao seu redor tinham coisas mais importantes para fazer. Exceto por ela.
Havia perdido as contas de quantas vezes Tess lhe disse que estava ocupada demais para vê-la. E até mesmo Violet estava indisponível já que sua neta viera para passar uns dias com a avó. A única que havia sobrado era Talía, mas sequer poderia considerá-la uma opção. Ainda estava determinada em seu objetivo que conseguir um emprego e Cassie não se atreveria a interrompê-la por isso. No entanto, havia cogitado se oferecer para cuidar de Beca e Daniel por alguns dias. Mas as crianças já frequentavam o Centro Comunitário e só em pensar ter suas paredes rabiscadas de giz de cera já lhe fazia rejeitar a ideia.
Sendo assim, apenas tratou de fazer pipoca de microondas e jogou-se no sofá de pijama e tudo, pronta para mais uma maratona de filmes. Já começava a escurecer do lado de fora e ela tinha os olhos fitos na televisão enquanto fungava, ainda mastigando a pipoca já fria em meio às lágrimas. Estava quase terminando de assistir Querido John, mas já se arrependia amargamente de escolher isso ao invés da comédia que pretendia.
-Ridículo... Isso é ridículo... – Ela fungava consigo mesma, enquanto assistia as coisas ficarem cada vez piores no filme. – Mas que merda de romance é esse? Cadê o final feliz?!
Foi quando batidas soaram na porta e ela quase se engasgou com um milho de pipoca.
Ainda em meio a uma crise de tosse, pausou o filme e ergueu-se do sofá. Tratou de afastar algumas lágrimas às pressas enquanto corria para atender a porta.
Provavelmente seria Violet lhe trazendo um pouco de jantar. Precisava admitir que sempre lhe passava pela cabeça recusar e parar de se aproveitar da boa vontade alheia. Mas sempre desistia da ideia ao sentir o cheiro de comida caseira e bem temperada.
No entanto, assim que Cassie abre a porta, Violet não está.
Ao invés, um trio de olhares alarmados lhe encarava dos pés a cabeça. Enquanto isso, Cassie sequer é capaz de reagir diante dos rostos familiares e sua única vontade é de bater com a porta na cara deles e correr para dentro de casa.
-Hã... Novak...? – Eleanor foi a primeira a se manifestar em uma voz contida. – Está tudo bem...?
Isso apenas serviu para lhe deixar mais consciente de seu estado.
Ainda usava os mesmos pijamas de bolinha ao acordar de manhã e, como se não bastasse, ainda tinha o rosto vermelho e inchado de choro. Enquanto isso, o olhar alarmado de Sarah não lhe deixou um instante sequer. Nem mesmo ao acotovelar Ethan para sussurrar algo em seu ouvido.
Dizer que sua aparência não era das melhores seria um elogio... Só o que ela queria era mandar aquele pessoal embora e fingir que nada havia acontecido.
-Sim, sim... Estou sim. – Disse ao passar as mãos pelo rosto e pelos cabelos de forma bem menos discreta do que gostaria. – O-O que vocês estão fazendo aqui?
-Viemos trazer o restante que sobrou das suas coisas... – Ethan respondeu timidamente, segurando uma caixa com seus pertences em mãos. – A senhora não voltou, então achamos que seria melhor assim.
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Je T'aime
RomanceCassie trabalha em uma agência de advocacia, onde possui o emprego dos seus sonhos. Tudo em sua vida estava na mais perfeita ordem até surgir o filho mimado do seu chefe com uma proposta de viagem à Paris por duas semanas. Incapaz de recusar, a adv...