Capítulo 9

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Agora, os três ocupavam a mesa da sala de jantar.

Cassie estaria comendo em um silêncio quase confortável, se não fosse pelos olhares de esgueira que Adelina ainda lhe lançava. Assim que chegaram, Adrien fez questão de explicar o mal entendido, porém isso apenas aguçou ainda mais sua curiosidade.

-Então... – Cassie foi a primeira a quebrar o silêncio. – Vai precisar sair de novo, Adrien?

Esforçou-se para soar o mais casual possível, mas Adrien não respondeu de imediato. Permaneceu em silêncio e Cassie já estava arrependida de ter aberto a boca para trazer o assunto à tona novamente.

-Sim. – Disse simplesmente, sem erguer os olhos do prato.

-Achei que a apresentação de ontem seria sua última. – Adelina comentou.

-Er... Era, mas... – Hesitou. – Acabei terminando a apresentação mais cedo do que deveria e preferi recompensar o público de ontem.

-Quer dizer que ainda posso ir hoje? – Cassie perguntou.

No mesmo instante, Adrien engasgou com o cordeiro e Adelina arregalou os olhos para ela. Cassie assistia, abismada, enquanto ele tinha uma crise de tosse e tratava de tomar um longo gole de água que quase secou o copo.

-E-Eu estava brincando! – Inventou a mentira às pressas. – Jamais faria algo para lhe atrapalhar, sério!

-Não... – Pigarreou alto para limpar a garganta antes de prosseguir. – A decisão é sua já que você também precisou pagar para entrar, é um direito seu.

Cassie franziu o cenho diante sua resposta. Isso não se tratava de uma questão de justiça, era a sensação de que ela estaria invadindo o território de Adrien e poderia fazê-lo se sentir desconfortável de novo. Antes de qualquer coisa, ela não queria ser um empecilho para Adrien enquanto tentava fazer o trabalho dele.

-Espera-! Você viu a apresentação de ontem? – Adelina interveio antes que Cassie pudesse dar vazão aos seus próprios pensamentos. Cassie assentiu e olhos de Adelina pareceram brilhar. – Jura?! Por favor, me diga que ele usou o corset dourado e não a monstruosidade verde que ele tinha em mente...

-Hã?! – Adrien a encarou como se fosse louca. – Perdão, mas a monstruosidade verde que você fala me custou dois mil euros e é uma peça exclusiva!

-Não interessa, é horrível e você sabe disso. – Ela bufou e espetou as batatas cozidas com o garfo sem a menor cerimônia. – As peças da sua mãe são mil vezes melhores e tenho certeza que algumas delas você ainda nem usou.

Adrien estava prestes a retrucar para defender seu precioso vestido, mas Cassie interrompeu.

-Do que estão falando? – Perguntou. – Sua mãe comprava suas roupas ou algo assim?

-Não mesmo! – Adelina gargalhou. – Até parece que Madame Gouthier deixaria o próprio filho vestir algo que ela não houvesse feito.

Aquele nome era familiar e Cassie lutava para buscá-lo na mente, porém mal lembrava ao certo de onde teria ouvido sobre.

-Ei. Gouthier também é seu nome de drag, não é? – Perguntou e Adrien assentiu em silêncio. – Essa mulher é sua inspiração?

-Mais que isso... – Murmurou baixo e com os olhos grudados no prato. – Ela era minha mãe. Nicolette Gouthier.

Foi quando finalmente lembrou-se da conversa que teve com Claudie na fila da boate.

-A estilista famosa? – Mal conseguia reprimir o espanto em sua voz.

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