Capítulo 2.B

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Maria Eduarda

Festa do lado lá

Passar o primeiro final de semana sozinha na minha casa foi uma sensação indescritível. Eu criava minha própria rotina. Neste primeiro período teria aulas somente à tarde. Com as manhãs livres aproveitaria para fazer as atividades de que gostava: andar de patins, correr e dançar.

Matriculei-me numa academia de balé. Fiz balé desde os três anos de idade, mas nunca quis levar para uma carreira profissional. Quando essa oportunidade surgiu, decidi que não era o que queria como profissão. Meu pai suspirou aliviado e minha mãe fez drama e chorou durante uma semana inteira. Ao perceber que suas lágrimas não me fariam mudar de opinião, ela resolveu não mais gastá-las. Passou o sonho dela, por que era mais dela do que meu, para minha irmã Carol. Com isso eu pude dedicar a fazer outras coisas que também gostava muito, como patinar.

Ganhei vários concursos de patinação na minha cidade com 14, 15 e 16 anos, depois disto não treinei mais, pois precisava me dedicar os estudos para prestar o vestibular. Os treinos com a patinação consumiam muitas horas do meu dia. Então passei a ter os patins como forma de relaxar, igual correr e dançar.

Agora eu poderia fazer tudo que mais gostava, era a dona da minha vida. Sei que não era bem assim, mas pensar já me deixava muito contente.

Meus planos eram:

1. Acordar cedo, poderia escolher entre correr ou patinar.

2. Nos dias, terça e quinta, faria aula de balé.

3. O tempo livre da manhã estudaria e a noite também.

4. Faria comida em casa.

A princípio, decidi que iria nos horários da aula para faculdade. Porém, com a chegada do meu vizinho a minha rotina começou a ser afetada.

Ao chegar à noite ficava impossível de dormir. Ele levava a namorada, pelo menos no início, imaginei que fosse. Então começava a orgia: suspiros, barulhos e gritinhos. Eu do lado de cá imaginava a cena que acontecia do lado de lá.

O que tornava um pouco difícil a imaginação era não ter visto a fuça dele ainda. Mas o cara devia ser bonito, por que as gatinhas que miavam o chamavam de lindo, gostoso e outras palavras que não vou nem mencionar. Apesar de que, na hora do creu não dar nem para levar em conta, dizem que chamam até o cara mais feio de "meu lindo", o mais gordo de "meu fofo" e o mais chato de "meu amor". Tenho certeza que na hora do sexo as pessoas ficavam: mentirosas, bobas e cegas.

Como eu ia dizendo, a rotina do vizinho era todo dia "lepo-lepo" e aquilo já me cansava. Era a terceira noite que passava para sala, pois no quarto não tinha condições de permanecer. Veja que desaforo, eu ter que deixar minha linda cama de casal com colchão de molas ensacadas e espuma pillow top para dormir na sala no sofá! Era mesmo um ato de sacrilégio. E isto eu ia cobrar com juros e correção monetária ao meu vizinho. Afinal, eu tinha duas opções: a primeira era entrar na deles e brincar sozinha. A segunda, reclamar com o porteiro e a terceira me mudar para sala.

Diante das alternativas, achei melhor ir para sala. O pior, era me concentrar para dormir de novo depois de escutar os acontecimentos do lado de lá. Imaginação é foda, te leva onde você quer e também não quer.

Eu precisava conhecer esse cara, pelo menos se fosse um bicho grilo iguais uns que via circular na faculdade, eu parava de pensar e não teria tesão nenhum com a baixaria das noites.

Teve um dia que acordei e havia mais vozes do que o normal. Não é que o safado estava com duas garotas? E elas deviam estar dando um trato legal nele, pois o danado uivava igual um lobo para lua. E pelo jeito elas não deram trégua e a noite foi longa.

Do outro Lado (Repostando) Duas Vezes Por Semana. ♡Completo na Amazon♡Onde histórias criam vida. Descubra agora