Maria EduardaAssustada
Fechei a porta no momento que escutei a porta do lado abrir. Ufa!
Olhei no olho mágico e ele estava parado na porta dele, saiu no hall e ficou olhando a minha. Depois bateu a campainha.
Esperou.
Ficou olhando. Colocou a mão tampando a boca e o nariz. Eu já tinha reparado, era uma característica dele fazer este gesto. Parecia pensar melhor naquela posição.Ele desistiu e entrou no seu apartamento. Eu me afastei da porta com cuidado para não fazer barulho.
Entrei no meu quarto e fui tomar banho. Deitei em seguida e dormi.Pela manhã, acordei e fiquei pensando o que faria no dia, pois agora precisava acrescentar uma coreografia na minha lista.
Primeiramente, estudei a matéria do dia anterior. Em seguida, sentei no chão da sala, fiz uns alongamentos pensando como montar uma coreografia que envolvesse balé e patins num palco pequeno.Entrei na internet e assisti vários vídeos, mas todos eles eram em espaço maiores. Eu teria que improvisar.
E a roupa? O que poderia usar? Na casa dos meus pais eu tinha para escolher, mas aqui, nada! Passei uma mensagem para mamãe e pedi para mandar pelo correio. Ficaria mais em conta que comprar uma aqui na cidade, além de me dar trabalho de procurar.
Deitei ao chão e comecei a criar uma coreografia. Teria que pensar em uma música. Assim fiquei na parte da manhã e rendeu muito pouco.
Precisava mudar o foco.
Fui fazer um bolo de cenoura. E enquanto ele assava, preparei meu almoço e depois fiz a cobertura. Coloquei bastante cobertura de chocolate. Com àqueles dias para chegar, eu necessitava de doce, chocolate de preferência.
🦷
Fui para faculdade e as aulas demoraram a passar. Eu queria contar para a Sabrina o que acontecera comigo e o Bem no dia anterior. E ela pelo jeito já sabia de alguma coisa, pois mais cedo me passou uma mensagem. "Tenho novidades".
No intervalo fomos à cantina e fui contando a ela e a Joy o que aconteceu. Elas me recriminaram dizendo que sou muito desconfiada e o que ele não falou nada demais.
Pior para mim, porque já pensava a mesma coisa, apenas não queria admitir. Achei que talvez tivesse exagerado só um pouquinho, mas escutar delas me abriu os olhos.Então a Bri contou a conversa que ela escutou do Filé com o Bem e como terminou o papo. Fiquei arrasada.
O que fazer para consertar aquilo? Procurei por ele no intervalo e não o vi. A Bri passou uma mensagem ao Filé e ele respondeu que o Bem não queria falar com ele. Estava muito bravo, mas que até a última aula conversaria com ele.
No final da tarde, fui junto com a Bri ao encontro com o "seu" Filé. Ele contou que o Bem foi embora e não quis conversar. Praticamente saiu com o carro com ele falando.
— Nunca ficou tão puto comigo assim, e olha que já tivemos vários arranca rabo.
Depois de escutar aquilo, acabei me sentindo ainda pior. Despedi deles e fui para casa. Cheguei, desci até a garagem. Procurei pelo carro dele, não estava lá, então subi para o apartamento.
Ao chegar à cozinha servi um pedaço generoso de bolo e um copo de suco.
Tive uma ideia!
Peguei um pote e coloquei um pedaço de bolo e escrevi um bilhete. Coloquei dentro de uma caixa e deixei no seu tapete.
Tentei estudar, mas minha cabeça estava a mil. "Onde ele tinha ido?"
Aposto que foi afogar as mágoas nos braços de outra. Só podia. Ai dele se aparecesse aqui com alguma gata para miar! Eu juro que esqueceria essa história em definitivo. Caso contrário, estava até disposta a mostrar a ele quem eu era: a sua vizinha.
Sei que ele a princípio iria ficar puto comigo, mas nada que não pudesse ser explicado.
A hora passava e nada!
Então escutei barulho e corri para o ver achar a caixa.
Ele estava acompanhado mesmo!
Ai que raiva!
Não consegui ver a cara da "Fulana".
Pronto acabou.
Sentei no chão encostada a porta e chorei. Pela primeira vez na vida chorei por um homem e não pretendia deixar isso acontecer de novo.
Precisava ter certeza do que acontecia do outro lado. Se for para sofrer, precisava ir até o fim e escutar tudo. Ter a certeza da decisão a ser tomada. Claro que ele não gostava de mim o suficiente para ter uma recaída no primeiro conflito.
Silêncio no quarto. Ele devia estar na sala ainda. Iria dar uma na lá primeiro. Cachorro, safado e sem vergonha. Que ódio!!
Passou um tempo e eu sem lugar no apartamento. Ai que raiva!
Devia ter colocado laxante naquele bolo. Imaginei-o depois de transar comer do bolo que fiz com aquela vadia!
Ódio me descrevia naquele momento.Escutei um barulho de coisas se quebrar no vizinho. Pronto!
A baixaria devia estar muito boa.Pensei nos dois a caminho do quarto, se atracando, esbarrando em tudo e deixando cair coisas.
Mais barulho e algumas palavras sendo faladas altas. Fui para o quarto, abaixava o som. Mais barulho!
Santo Deus o que acontecia? Peguei o interfone para chamar o porteiro. Parei!
Parou!
E se fosse "um pega" dele? Eu ia ficar de cara no chão. Afinal, esse povo tem cada brincadeiras...Escutei mais barulho e logo em seguida a porta sendo aberta e batida com força. Não pensei duas vezes, abri a porta e dei de cara com a fulana.
— O que está acontecendo? — perguntei assustada.
— Nada de mais, minha querida. Este garoto que não sabe o que quer e acha que vai me fazer de boba.
— Está tudo bem com ele? O que você fez? — perguntei, mas não saí da minha porta. Afinal, a louca era ela.
— Se considerar o pau dele não subiu for é estar bem, ele não está.
— O quê? — Ela apertou de novo o elevador que teimava em não subir.
— Ele está com dor de cotovelo e amarelou. É isso, entendeu? A franguinha dele o esnoba e eu que pago! Comigo não! — O elevador chegou. Ela entrou, mas antes falou: — Só faltou dizer, isso nunca me aconteceu, me poupe!
— Oi? Você pensou na possibilidade que foi sua cara feia que tirou o tesão dele? — falei e fechei a porta. Eu hein?!
Liguei na portaria.
— Oi, ligue rápido na casa do Rafael, antes desta mulher sair e veja se está tudo bem com ele, rápido depois eu explico.
Andei pela sala tentando processar o que tinha acabado de ouvir. Será que ele tudo bem? Encontrava-me aflita. Será melhor eu ir lá?, Perguntei-me.
O interfone tocou.
— Oi, está tudo bem sim. Foi uma briga com uma amiga. Sabe né? Esses garotos...
— Tudo bem então, eu fiquei preocupada. Obrigada.
— Fez muito bem, a mulher passou aqui com cara de quem fez coisa errada.
Desliguei. Sentei no sofá e agora conseguia pensar. Ele não conseguiu dar uma? Era isso a raiva dela.
Será que foi por minha causa?
Que mulher doida! Ela quebrou coisas na casa dele por isto.
Comecei a dar risada. O "super Bem" negou fogo!
Ponto para mim!!— Maria Eduarda de Mello Luz, você está brincando com fogo!
Pensei: "e se eu colocar um filminho para ele escutar... Será que rola?"
Caminhei para meu quarto ainda rindo. Aquela noite não tinha sido de tudo perdida.
Deitei na minha cama e peguei meu Notebook.
🦷🦷🦷
O que será que essa garota vai fazer?
Você tem idéia?
Eu conto!
Mas não hoje...Beijos
Lena Rossi
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Do outro Lado (Repostando) Duas Vezes Por Semana. ♡Completo na Amazon♡
Romance*Do outro lado* Rafael um estudante do terceiro ano de odontologia. Morava sozinho perto da faculdade, em um prédio de pequenos apartamentos, próprios para estudantes. Leva a vida muito numa boa, curti as festas e muitas garotas. Nunca namorou por...