Capítulo 22.A

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Rafael

Recomeço

Após divertir bastante na casa dos amigos na quinta, eu encontrei outro cartão.

Puta merda, ela é foda mesmo. Não tem pena de mim. Conseguiu acabar com minha felicidade do fim de noite com poucas palavras. Eu já estava para mandar ela e essa dona Clarice à merda. Elas conseguiam ter respostas para tudo. Ôh saco!

Agora me conta o que ela queria me dizer? Quer mais o quê?
Não atende minhas ligações, não vem falar comigo, não me dá nenhuma oportunidade.

Agora essa!

Eu não quero deixá-la ir... Ela que não quer voltar. Vem com essa: "Não me deixe ir." Olhei a hora.

Minha vontade era bater na sua porta até que abrisse para falar na minha cara. Eu ne encontrava puto da vida!

Pensei melhor e fiquei quieto. Melhor dormir, neste clima, se conseguisse é claro.

Na manhã seguinte deixei mais uma frase.

"Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo." CL

Rafael

Depois de colocar o bilhete no vaso, eu jurei a mim que seria a última vez.

Que se danasse!

Se ela viesse com outra de encontro me matando, jurei que seria o fim!

Eu iria para a festa, iria catar qualquer uma para esfregar na cara dela.

Ah ia...

O quê? Vou mesmo!

Meu anjo ria de mim sentado no meu ombro direito. Ele achava que eu não teria coragem para fazer isso.

— Você vai ver! — falei.

Do outro lado, o outro vermelhinho me cochichava tudo que eu poderia fazer na festa longe dela.

Minha fantasia já ajudaria na missão.

Aqueles filhos da puta não me contaram o que vestiriam, então também não contei.

Essa galera levava a sério fazer segredo das fantasias.

Antes de ir para o atendimento, passei na loja, peguei a minha fantasia e coloquei no porta mala do carro. Já que era para ser no sigilo, vamos fazer tudo direitinho.

🦷

Sexta a noite a galera combinou de encontrar no barzinho do "Pimenta", logo depois na aula.
Concentração para a noite. Meu coração acelerou ao ver Duda chegar com um rapaz, ele com a mão no seu ombro.

Puts!

Fiquei igual cão de guarda, no alerta. Não reconheci seu acompanhante. Eles deram uma volta, pareciam procurar alguém ou uma mesa, talvez não ficasse porque estava lotado. Levantei e fui atrás deles.
Filé e a Bri chegaram em seguida e foram ao encontro deles.

Parei. Observei. Fiquei numa distância razoável com ódio nos olhos.

Aquele filha da puta do Filé se soubesse de algo e me escondeu, na certeza, estaria ferrado. Pensei já com raiva dele.

Eles conversavam como velhos amigos e eu de longe não aguentei. Aproximei, principalmente ao ver a total intimidade do cara com a Duda. Eu queria vê-la olhar para mim e se fazer de santa agora.

— Oi — Cheguei perto deles. Quase caí de costas ao perceber que o sujeito em questão era o amigo gay dela.

Ele parecia outra pessoa. O seu visual, tanto o cabelo como as roupas.
O que acontecia ali?
E cadê o outro? Seu par constante?

— Fala aí Bem!! — Filé bateu na minha mão. — Chegou faz tempo?

— Não muito — respondi olhando a Duda. Ela com seu jeitinho tímido, sorriu para mim me levando a esquecer todas as minhas promessas e juramentos.

Pronto, eu já derreti por inteiro. Ela tinha uma bolsa atravessada no peito e uns cadernos nas mãos. A coisa mais linda do mundo.
Uma colegial.
Nossa viajei! Imagina essa menina assim na festa? Com uma saia curta, xadrez e blusa branca amarradinha com a barriga de fora. Santo Deus!!

— Bem? Ô acorda! — falou Filé rindo.

Realmente, viajei literalmente e todos me olhavam.

— O que vocês estão pensando para hoje? – Tentei tirar o foco de mim.

— Vamos arrumar um lugar para sentar, se aqui não tiver vamos para outro. Temos um papo sério aqui a tratar — falou Bri.

— Nossa! O que pode ser tão sério assim, para ser discutido numa sexta à noite? — perguntei, apesar de achar que eles estavam de zoeira.

— Nosso amigo aqui precisa de ajuda — Filé falou e mostrou o rapaz. — Quer vir junto?

— Claro! Olhei para Duda — Agora o rapaz já não a abraçava. Pelo menos ele teve respeito. Um ponto para ele.

— Vejam está liberando uma mesa ali! — exclamou a Bri — Vamos logo.

Caminhamos para a mesa. O garçom em seguida veio limpar para nós e precisamos pegar mais umas cadeiras que eu coloquei perto da Duda e sentei bem próximo. Ela continuava com os cadernos nas mãos.

— Quer que eu coloque no meu carro suas coisas? — perguntei.

— Não precisa... — ela começou a falar e foi interrompida pela Bri.

— Eu quero! Vamos deixar ele guardar Du, estou cansada de segurar essas coisas — pronunciou a amiga e já transferiu o seu material para o colo da amiga.

— Mas... Éh... Tudo bem — ela murmurou rendida e foi minha deixa para fazer o convite e ficar um pouco a sós com ela.

— Vamos comigo? — convidei.

Ela olhou para a Bri, certamente brava com a amiga em fazê-la sair comigo. Aproximei do seu ouvido e falei.

— Eu não mordo —Ela sorriu e levantou com o material nas mãos. —, só se você pedir.

— Não vai ser o caso. — Peguei uns cadernos de sua mão, aproveitei para tocar em seu braço.

— Você quem sabe! Eu mordo, sopro, e beijo depois — falei sorrindo, olhando de lado para ela.

No trajeto para meu celular vibrou no meu bolso. Abri a porta do carro e coloquei no banco de trás o material e ela fez o mesmo. Tirei meu celular e olhei a mensagem.

"Vai devagar se quiser conquistá-la. Nada de ir com muita vontade. Sexo? Nem pensar! Aviso de amiga."
Era a Sabrina.

Mais essa! – pensei – Mas ela deve saber o que fala.

— Tudo bem? – ela perguntou com o olhar no celular que eu olhava ainda.

— Tudo! – O guardei de volta no bolso.

— Vai à festa amanhã? – ela me perguntou.

— Vamos juntos? — rebati.

— Hum... – Olhou-me. — Como sabe que vou?

— Quem não iria? Aquilo vai bombar! É muito divertido.

Fechei o carro.

Minha vontade de puxá-la para meus braços era absurda. E tinha a impressão que ela esperava por isso. Mas me contive, porque pensei na mensagem. Começamos  a andar de volta.

... 

Vontade.
Coragem.
Medo.
Tudo misturado no mesmo homem.

Até mais...

Lena.

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