Capítulo 21.C

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Preparativos


Na manhã seguinte fui para a faculdade, mas antes deixei o cartão no vaso.

Na hora do almoço, sozinho na mesa, a Bri veio conversar comigo.

— Oi, posso sentar um pouco aqui com você?

— Claro! Vai almoçar?

— Não! Almocei com a Du, na casa dela — disse essas palavras com uma intenção diferente. Olhei para ela fixamente e perguntei:

— E?

— O que você quer com ela, Bem?

— Eu a quero, só isso. Por que é tão difícil dela acreditar?

— O que você acha? Sua fama é de um lindo moço que não vale nada. Um lobo mau, aproveitador das mocinhas. E ela não quer isso para vida dela, ser mais uma na sua looonga lista.

— O que ela quer? Já disse que aceito tentar ser um namorado. Mas não sei como seria isso. Nunca namorei! — Parei. — Ela te pediu para falar comigo?

— Nossa! Nem pense nisto! Sério, ela não pode nem imaginar que estou falando essas coisas com você. Eu quero ajudar. Sei que ela gosta de você, mas tem medo. Você "parece" gostar dela também... e tem medo. Então fica essa briga sem sentido. — Parou de falar por um segundo. Completou após meio minuto: — Se você quiser, posso te ajudar e ajudá-la. Mas com uma condição!

Olhei para cara dela e tentei pensar o que podia ser. Não adivinhe, achei melhor perguntar:

— Qual?

— Você tem que ser honesto comigo na pergunta que vou te fazer.

Nesta hora afastei o prato, sabia que não conseguiria mais comer.

— Então pergunte. Se eu puder responder...

Ela ficou me olhando e analisando por um tempo, depois sem rodeio falou:

— Tudo que você quer com a Du é sexo?

— Ela pensa isso? — foi minha resposta de primeira, pergunta na verdade.

— Você não me respondeu. E sem essa de resposta nada feito.

— Eu quero sexo sim! Por que não? E o que tem de mal nisto?

— Mas eu estou perguntando se é somente isso?

— Não! Acho que não! Não sei! Por que isso?

— Então pense! Depois quando você tiver essa resposta e quiser minha ajuda pode me procurar. — Levantou e foi saindo.

— Ei, Sabrina! Espera! — Ela voltou e ficou a minha frente, só me olhando — Relacionamento nenhum têm garantias. E mais, preciso descobrir se posso ser uma pessoa que se amarra se tiver a chance de tentar.

— O que você quer dizer com isso?

— Que eu não sei se sei namorar... essas coisas. Mas, ela deve saber... já namorou. E nós podemos tentar.

— Pense na pergunta que te fiz e na resposta. Essa não é a resposta da minha pergunta. Tchau, estou ficando atrasada.

Saiu e me deixou ali sem saber mais o que pensar. Que mulheres complicadas. O que tem de mais querer sexo. Ela pelo jeito gostava também. Porque, o que eu escutei não era de ninguém tímida, era até bem soltinha.

Levantei e fui escovar os dentes para ir para aula. Falava sozinho, resmungava para meus botões, cordão na verdade.

— Ah... essa agora!

Final da tarde quando cheguei ao hall do meu apartamento, olhei para a o vaso de flor e havia um pequeno cartão. Estava escrito: Rafael.

Entrei sorrindo para aquele envelope amarelo.

Abri:

"O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. E tudo o que eu amo é arriscado." CL

Maria Eduarda

Eu li umas dez vezes. Olhei minhas anotações e percebi que era uma resposta ao meu cartão.

Acho que estou chegando perto daquele coração de pedra. Vou escrever outro cartão. Quem sabe essa besteira de frase me faz chegar devagar perto dela de novo?

Vou de novo as minhas anotações da dona Clarice. Olhei, li, pensei e não achei nada apropriado. Liguei o notebook e fui procurar mais algumas. Acho que pensar não era meu forte. As outras frases eu não pensei muito.

Então com essa decisão fui tomar banho, comer e depois estudar um pouco. Precisava fazer um relatório de um artigo sobre: "prótese odontológica parcial removível". No final do meu relatório estava com sono e cansado. Escovei meus dentes e fui dormir.

Na manhã seguinte, ao sair, olhei o vaso e lembrei-me do cartão. Voltei e procurei no meu celular – vai essa mesmo - peguei um papel e escrevi.

Fui embora, pois era dia de atendimento.

Saindo da garagem com o carro, a Duda chegava com os patins no ombro e a Bri junto, também com patins. Elas me olharam e fizeram sinal de cabeça me cumprimentando. Eu mandei um beijinho, ela riu e balançou a cabeça.

Melhorei — pensei — devo ter ganhado um ponto.

Trabalhei a manhã toda concentrado, assim que folgava um pouco, eu pensava na Duda.

Com isso a manhã e a tarde voou. Eu estava ansioso para chegar em casa e esperava ter outro bilhete.

Ela não me decepcionou, lá estava, mais um cartão, na cor laranja agora.

"É estranho sentir saudade de algo o qual mal vivi ou evitava viver." CL

Maria Eduarda

O que ela quis dizer com isso? Estou sentindo que tomei o meu! Eu escrevi que tinha saudades e ela respondeu que não tenho motivos para isso.

Será que foi isso?

Esse joguinho estava ficando estranho.

Vou colocar mais um. Dependendo da resposta, será o último.

Vamos ver...

Deixei mais um bilhete pronto para o dia seguinte.

Tomei um vitaminado e fui correr, precisava exercitar. Queimar calorias e se pudesse testosterona também. Minha libido aflorava. Um toque ou até uma olhada mais detalhada eu já gozava.

Correndo, pensava nos bilhetes, meus e nos delas. Eu sou mesmo relaxado para essas coisas. Os meus, eram em papel dobrado e recortado com uma régua ou na dobra mesmo. Os dela, todos arrumadinhos, bem cortado provavelmente com tesoura e em um envelope cada dia de uma cor.

Vou mostrar o que não sou?
Um fresco que cuida de todos os detalhes? Não! Tem que ser transparente.

E sobre a pergunta da Sabrina? O que eu poderia responder de diferente?

"Eu quero sexo, carinho e atenção."
Tudo!
Agora eu acho que o que ela quer saber é se depois do sexo eu vou pular fora. Ah se o sexo for bom, vou querer sempre mais, por que não?

🦷

Na nossa noite de "homens", chegamos com os nossos controles em mãos e o cheiro da moqueca invadia toda a casa.

O pior de tudo é olhar aquelas caras de satisfeitos deles.

Eu? Estava a fim de matar e não morrer. Seria uma noite memorável. SQN

🦷🦷🦷

Esse Rafael... está ficando cada dia mais carente e isto pode o levar a fazer besteira e depois se arrebender. 

Qual será a fantasia que ele irá usar?

Será que apenas eu acho que ele pensa só "naquilo"?

O que você acha dele?
Lindo, eu sei...
Conte para mim.

Lena Rossi

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