*Do outro lado*
Rafael um estudante do terceiro ano de odontologia. Morava sozinho perto da faculdade, em um prédio de pequenos apartamentos, próprios para estudantes.
Leva a vida muito numa boa, curti as festas e muitas garotas. Nunca namorou por...
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Maria Eduarda
Encontro
Acordei cedo e fui à padaria. Estava com vontade de comer pão de queijo ou pão fresco. Quando voltei nunca imaginava encontrar meu vizinho no chão do hall de entrada do meu apartamento. Ele amarrava o tênis.
Pronto! Acabou o mistério, pensei.
Então eu disse:
— Bom dia.
Ele nem fez questão de levantar a cabeça para olhar ao responder:
— Bom dia!
Abri minha porta e mergulhei para dentro como um peixe que pulou fora do aquário e pula de volta. Encostei-me à porta com o coração a boca. Olhei no olho mágico. E lá estava ele transtornado. Parecia irado.
Por quê?
Ele não quis me olhar e agora estava bravo? Arrependeu será? Ou passei da conta e ele estava com ódio de mim? Talvez, mas porque não tirava os olhos da minha porta. Parecia que ele olhava direto para mim. Como se ele soubesse que eu estava ali e o olhava. Virei de costa na porta e perdi o contato visual com ele.
Aquilo mexeu comigo mais do que eu queria.
Até que escutei o elevador chegar de novo. Ele ficou na dúvida, mas entrou.
Eu não sabia o que fazer, minha vontade era ir atrás dele, mas me faltou coragem.
Agora tomar meu café da manhã ficou intragável. Tudo por causa de um encontro. Ou melhor, um não encontro. Bem agora já era.
Depois de muito pensar, resolvi tomar meu café e ir correr. Ele teria ido correr?, perguntei-me. Não, melhor eu ir de patins. Nossa, como estava indecisa.
Troquei de roupa e fui patinar. Cabelos presos em dois rabos de cavalo bem atrás. Óculos de sol e boné. Coloquei calça legging com uma saia "tampa bunda" e uma camiseta. Se fosse para ter o encontro seria. Hora de deixar ao caso, ou destino. Passei na portaria com os patins pendurado no ombro e escutei o porteiro dizer a outra pessoa:
— Esses jovens têm cada coisa, como conseguem equilibrar nestas coisas? Deve ser difícil.
Cheguei à pista da faculdade e sentei para colocar os patins. Olhei por toda pista e não o localizei. Comecei a patinar. Fiz a primeira volta e não o vi. Ele devia ter ido a outro lugar. Então relaxei e curti meu prazeroso exercício.
Após ter dado várias voltas eu o vi correndo em minha direção, ele vinha da faculdade e estava bem suado. Não iria me matar para passar por ele outra vez, igual fiz da outra vez. Por isso, nos cruzamos e ficamos nos olhando. Ele me encarou e eu retribuí o olhar de volta. Mais nada!
Sua cara era de espanto ao me ver, não entendi bem, mas não passou disto.
Acho que seu interesse em mim foi embora junto com a safada que dormiu com ele. Dormiu nada! Quero dizer.
Menos mal, assim eu sossego e trato jeito de focar no meu objetivo. Estudar!
Saí da pista e ainda dei uma olhada em sua direção mais uma vez. Ele continuava correndo, mais devagar, mas correndo. Contornei a saída e sentei para tirar meus patins. Dei uma última olhada em direção ao portão de entrada. E lá estava ele. Procurava por alguém. Eu esperava que fosse eu. Colocou a mão na cabeça e socou o ar.
Meu peito fez um sorriso bobo e eu melhorei meu astral. Nem tudo estava perdido.
Esse cara realmente é um safado. Ele não é indiferente a mim. Mas agora ele precisa saber que sou sua vizinha. E tem que ser hoje. Mas não agora. Fui embora feliz de novo.
Os estudos? Sim, mas hoje é sábado.
Almocei e dei uma limpeza na casa. Acabei de fazer meus relatórios e estudei as matérias que foram dadas na sexta. Mas vira e mexe o meu vizinho vinha na minha cabeça. Eu a balançava para espantar e me concentrar de novo. No entanto, teve uma hora que não deu mais. Ele era muito presente na minha mente.
Meu celular vibrou. Era Sabrina.
Ela: Quer tomar um sorvete?
Eu: Onde?
Ela: Estamos perto da sua casa. 'Skina gelada'. Sabe onde?
Eu: Sei. Aceito. 15 minutos?
Ela: Fechô! Até mais.
Troquei de roupa. Coloquei uma saia e camiseta. Não estava a fim de produção. Sai no hall, fiquei com vontade de olhar na porta dele. Mas eu pensava: E se ele estivesse no olho mágico igual a mim? Melhor não arriscar!
